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OS CONTOS DE FADA, O QUE ESTÁ POR DETRÁS DE CADA HISTÓRIA?

OS CONTOS DE FADA, O QUE ESTÁ POR DETRÁS DE CADA HISTÓRIA?
Alzenir Maria Severino Barbosa
mar. 8 - 6 min de leitura
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Neste 6º Módulo foi dada a sugestão para escrevermos sobre o nosso conto de fada preferido, ou um filme.

Demorei a escrever porque precisei, voltar no tempo e identificar os que mais gostava.

Ao fazer esse caminho, fui percebendo que na minha infância não tive contato com esse contos de fadas, mas com causos ou histórias de fundo moral.

Na adolescência quando tive contato com os contos de fadas me identifiquei muito com os contos em que as crianças perdiam o pai: gata borralheira ou cinderela por ela não ter o pai e ficar nas mãos de outras pessoas que a exploravam.

Ela também não tinha mãe, mas para mim ficou gravado a falta do pai, pois era o que eu também não tinha.

Não ter o pai era, ao mesmo tempo, ser super protegido pelos adultos na mesma proporção que não me sentia segura.

E a gata borralheira recebia ajuda dos animais para superar sua dor, encontrar um caminho para superar as dificuldades.

Assim fui crescendo me identificando com pessoas que não dão o braço a torcer para as dificuldades.

Minha mãe é, e sempre será meu grande exemplo de mulher que nunca se deixou abater, e nem precisou depender de um homem para salvá-la.

Porque nos contos as mulheres são sempre frágeis, indefesas e sempre à espera de alguém para protegê-las.

E minha mãe nos ensinou a ser fortes, destemidas e a lutar pelos direitos dos mais frágeis.

Por isso, sempre gostei dos contos, histórias ou filmes em que a menina, a jovem, ou a mulher lutava e vencia.

Para fazer essa atividade assisti o último filme da branca de neve.

 A branca de neve e o caçador,  com o objetivo de analisar e ver o que identificava comigo e o que mudou na percepção da sociedade em relação às mulheres.

Esse realmente é do jeito que gosto.

Ela é corajosa, destemida e lutará para reconquistar seu lugar de direito, assim como as mulheres atuais.

Ao refazer esse módulo, assistir novamente as aulas, fui constelando em cada movimento e entendendo meu jeito de enfrentar a vida que era imposta às mulheres de meu sistema.

Elas eram obrigadas a casar com quem os pais e tios queriam.

Meu bisavô já pensava diferente: ele percebeu que a mamãe não estava feliz, ela só tinha 14 anos e o noivo era o dobro de sua idade, ele falou para meu avô que não podia fazer isso com uma criança.

Minha bisavó ficou muito zangada e queria que dessem uma surra na mamãe, mas meus avós acolheram os conselhos do biso.

A partir da mamãe, as minhas tias foram tendo escolhas: não eram obrigadas a casar, mas suas primas não tiveram a mesma escolha.

Cresci escutando esses assuntos e isso me deixava completamente indignada e de uma certa forma, até rebelde.

Não aceitava a ideia de que a mulher nasceu para casar.

Em meu sistema a mulher era preparada para casar desde pequena.

Elas precisavam aprender a bordar, costurar, fiar o algodão, tecer o algodão, lavar, passar, arrumar a casa, ser religiosa, saber cozinhar para casar.

E toda vez que uma das primas ou minhas irmãs mais velhas cozinhavam, alguém dizia: essa moça já pode casar.

E isso me incomodava muito.

Como a mamãe ficou viúva muito cedo, ela não deixou que meus irmãos seguissem a vida só fazendo coisas de homens.

Eles aprenderam a cuidar da casa, das roupas.

Ela nos criou para sermos independentes.

Eu aprendi tudo como mandava a tradição. Mas aquela história que me incomodava: pronta pra casar,  me fez não gostar de cozinhar e nem querer aprender a cozinhar.

E isso ficou tão forte que nunca fui chegada numa cozinha.

Ficou gravado em meu inconsciente que se tudo fosse perfeito, eu teria que casar como todas as mulheres.

Eu queria ser rebelde e fui rebelde.

Somente aos 49 anos a ficha caiu: não preciso mais correr da cozinha, ninguém mais vai me obrigar a fazer o que não nasci para ser.

A experiência está sendo muito linda e libertadora: estou indo para cozinha e fazendo pratos deliciosos e saudáveis com alegria.

Muitas coisas estão por detrás de cada história de um conto de fadas.

Mas em todos eles tem, muito forte, uma moral que quer impor sobre o outro uma postura, que antes desse módulo eu nunca tinha percebido.

E isso ficando muitas vezes de forma velada, fazendo a gente a se conformar com certas situações erradas, sem coragem para gritar e dar um basta.

Não precisamos concordar com tudo, precisamos aprender a pensar e a fazer as coisas acontecerem por nós mesmas.

Meu sistema se identifica muito com o filme Robin Hood.

Somos uma família que traz no sangue o desejo de lutar pelos menos favorecidos.

E só agora sei que todos nós queremos fazer justiça pelos nossos antepassados que sofreram por ter que deixar a pátria para trás e também pela ancestral indígena que foi tirada de seu povo.

Saber o motivo pelo qual se luta e quer continuar lutando, agora tem outra dimensão.

É libertador poder olhar para a história e dizer: eu luto em reconhecimento pelo legado que vocês deixaram.

Hoje somos fortes porque vocês nos ensinaram.

A foto acima é de meu bisavô e avô que foram os pioneiros em deixar que as mulheres pudessem casar quando e com quem queriam.

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