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OS CONTOS DE FADAS DA VIDA REAL

OS CONTOS DE FADAS DA VIDA REAL
Nathalia Charlois
jun. 1 - 5 min de leitura
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Durante as aulas do módulo seis da Formação Real, por diversos momentos fichas caíram, em relação aos sintomas familiares que perduram há algumas gerações, como alcoolismo, outras questões como doenças crônicas, que diversos familiares, em diversas gerações carregam ou carregaram, doenças como ansiedade, enfim, diversos temas que me tocaram, gerando questionamentos e alguns insights acerca do meu sistema familiar, além de pensar em vários temas a serem colocados em constelação.

 

No início de maio de 2021, estive na cidade de Curitiba, onde fui passear pelo Bosque Alemão. Enquanto caminhávamos pelos caminhos do lugar, meu companheiro me informou que tinha ali no meio daquelas árvores, contada a história de João e Maria, tinha até a casinha da bruxa, cravada no centro do parque.

 

Naquele instante, contei a ele que “João e Maria” era uma das minhas histórias favoritas da infância e no momento que ele mencionou sobre ela, senti uma lembrança nostálgica do tempo da infância, onde por diversas vezes escutei e li a história daquele livro que minha mãe comprara para mim e meu irmão.

 

Ao chegar ao final do módulo, onde foi abordado pela professora Olinda os contos de fadas e histórias infantis, imediatamente a historia de “João e Maria” retornou a minha lembrança, juntamente com a sensação que senti no parque, dias antes. Tenho a convicção que nada acontece por acaso em nossas vidas e pensando sistemicamente, tudo tem um porque, uma ligação, tudo é “constelável”, ainda mais quando estamos ligados e imersos a estes temas.

Lembrando-se da história, logo me veio a questão do abandono do pai e da madrasta àquelas crianças, que ficaram sozinhas a sorte na floresta. Pensei que essa questão pudesse ter me conectado, já que meu pai esteve bastante ausente de minha infância e adolescência por conta de seu trabalho. Porém, outras questões me chamaram a atenção, como a recorrência da questão da alimentação.

 

Lembrei-me de um livro onde faziam análises à luz da psicanálise aos contos de fadas e recorri a leitura dele, neste conto específico.

 

O livro chama-se: “Fadas no Divã: psicanálise nas histórias infantis” de Diana Lichtenstein Corso e Mário Corso. Curioso o fato do sobrenome da autora ser de descendência alemã, igual ao bosque que visitei e também de descendência de minha trisavó materna, a qual meu avô me dizia que eu era muito parecida fisicamente.

Durante a leitura da parte destinada a análise da história de João e Maria, outras fichas caíram, pois sim, a história se trata do abandono paterno, pois não tinham condições de alimentá-los. Seriam os irmãos deixados na floresta à própria sorte e provavelmente serviriam de alimentos a possíveis animais famintos que ali estivessem, já que eram crianças pequenas.

Encontraram então uma casa, feita de doces, do qual se fartaram de tanto comer, até serem enganados pela bruxa, onde serviriam eles de alimento para ela.  Na trilha, deixaram também como guia, farelos de pão que serviram de alimento aos pássaros.

Esta recorrência em torno da alimentação me fez pensar em meus descendentes que vieram de outros países em uma época difícil na Europa, onde muitos estavam passando necessidades financeiras e que, por conseguinte falta de alimento. Encararam uma viagem atravessando um oceano, em busca de melhor qualidade de vida em um novo mundo, onde também enfrentaram possíveis dificuldades até se estabelecerem no novo país.

 

O conto de João e Maria se passa na Europa, onde vivia em guerras, crise econômica, instabilidades financeiras e por conta desses fatores, a fome era um fator. Meus antepassados são Europeus, de diversos países, França, Itália, Alemanha e Portugal, acredito que por conta disso me tocou de maneira tão profunda associando esta história à minha própria história familiar.

 

Minha mãe passou necessidade também quando criança, após a separação de seus pais. Antigamente o que era fartura, foi drasticamente afetado. Minha avó recebeu doações e ganhou duas panelas, para que pudesse também vender comida aos outros. Minha mãe até hoje gosta de ver todos bem alimentados, é daquelas que fica oferecendo comida a todo tempo, meu irmão chegou a ser obeso na infância e ela não se dava conta. Eu sempre tive oscilações de peso, porque me sinto “obrigada” a me alimentar quando ela oferece, e ao perceber toda essa dinâmica do conto de fadas, fichas caíram de onde provém toda essa questão com alimentos e o “medo de morrer de fome” que é o que sugere a história.

 

E assim como na história, as crianças ao se livrarem da bruxa, eu me livro desses emaranhados que me prendem a essa teia dos antepassados e compreendo que não preciso de aliemntos em excesso para me nutrir. Estou em paz com meus antepassados e atravesso o rio, assim como o casal de irmãos fizeram e assim como meus antepassados atravessaram o oceano, para uma nova forma de vínculo familiar, mais saudável e livre da miséria e do mal. “Do outro lado do rio já não há fome, tampouco bruxas devoradoras”

 

(Diana Lichtenstein Corso e Mário Corso).

 

 

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