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OS MONSTROS QUE AGORA EU CUIDO

OS MONSTROS QUE AGORA EU CUIDO
Cintia Cristina Silva Rossi
jul. 22 - 43 min de leitura
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Meus pais têm uma relação com pouca afinidade e pouco afeto. Percebo uma decepção e um controle mútuos, uma ausência de limites sutis. Percebo que eles não são fiéis com a essência deles, que ambos carregam em segredo, dores grandes, que não puderam ser expressadas e assim se machucam um ao outro, com diversas exigências e críticas.

Apesar de tudo, eles construíram algo forte, existe muita cumplicidade e respeito, e a aliança que carregam é real e profunda.

A infância do meu pai foi uma verdadeira aventura! Seu avô tinha uma padaria, a única da cidade, era um trabalho muito pesado e toda a família tinha que ajudar, inclusive seus pais. Cresceu debaixo das prateleiras dos pães, aprendeu a engatinhar, a andar e a falar na padaria. Provavelmente a primeira palavra que aprendeu a falar foi “pão”.

Ele não dava trabalho algum, era um doce de menino, vivia escondido e com medo das broncas: “Não mexe aí!”.

Às vezes achava que morava numa gaiola, não lhe faltava o pão e o leite de todo o santo dia e o local era um pouco apertado, pois tinha muita gente. Às vezes ficava olhando a rua, as pessoas que ali na frente passavam, e desde cedo pensava que queria ser como um pássaro livre e poder voar e se aventurar por aí.

Seu avô ficou muito cansado do trabalho e resolveu vender a padaria. Comprou um sítio e deu uma parte para os filhos se arriscarem em um novo negócio: a lavoura!

Era algo promissor e de extrema necessidade para todos da cidade. Seu pai e seus tios logo prepararam tudo e fizeram a magia acontecer: pimentões e tomates começaram a encher caixas e mais caixas, e o negócio expandia-se dia-a-dia.

Descobriram um fermento melhor do que imaginavam!

Meu pai se sentia feliz, saiu da gaiola e podia correr à céu aberto, olhando para a imensidão do céu e se iluminando com o brilho do sol. Teve os melhores momentos da sua vida, apesar do pai ser bastante rigoroso e exigir que tudo funcionasse da melhor forma, ele se sentia muito amado pelo pai, que o carregava no colo enquanto dirigia as novas máquinas que adquiriam.

Sua mãe achava que ele era uma criança triste. Ficava preocupada, pois ele sempre tinha dores de garganta e de ouvido, e vermes. Ela estava sempre ocupada com as tarefas da casa, com o preparo da comida, com o cuidado de seus irmãos mais novos, que nasciam a cada dois anos, e com as festas e compromissos da igreja.

Apesar de tocar a vitrola quase todos os dias naquela casa, pois a música era o que alegrava a alma de sua mãe, as notas não ressoavam no coração do meu pai, pois ele se sentia muito solitário e triste, sem entender a razão.

Chegou a pensar que a mãe não o amava mais, pois desde que seu irmão chegou ao mundo, a mãe só tinha olhos e sorrisos para o bebê. Ele não sabia o que tinha feito de errado e se esforçava muito para fazer tudo os que os pais pediam. Mesmo assim, sempre levava umas chineladas do pai. Gostava muito de ir com o pai na roça, se sentia feliz e importante ao lado dele, pois ele o ensinava a fazer muitas coisas interessantes: germinar sementes, preparar o viveiro, plantar as mudas, fazer as caixas com as ferramentas, pilotar os burros que puxavam o arado. Era um verdadeiro parque de diversões!

Assim que começou a ter “força nos pés”, com oito ou nove anos, aprendeu a pilotar máquinas agrícolas, como trator e arado, e sentia-se muito poderoso fazendo isso. Estava guiando a própria vida, desde muito cedo. Tudo caminhava bem e Deus os abençoava. Trabalhou duro para ajudar o pai na lavoura da família, e essa parceria o fortalecia e o deixava entusiasmado, pois percebia que o pai estava muito feliz e a família se tornava a cada dia mais próspera.

Para comemorar a fartura, seu pai o levava para pescar aos fins-de-semana, atividade que mais gostava. Eram peixes e mais peixes, uma verdadeira abundância! Em alguns fins-de-semana, gostava de nadar no tanque próximo à sua casa ou jogar bola com seu irmão e amigos da rua. O tempo foi passando e a cada dia o seu pai o delegava mais responsabilidades, pois em determinadas ocasiões o pai precisava se ausentar, começou a se tornar um homem importante na cidade, chamando a atenção das autoridades e figuras influentes, que o chamavam para viagens de pescaria e reuniões políticas.

Seus pais foram adquirindo um grande gosto por festas e tudo era motivo para comemorações, ora pelos lucros na colheita, pelo novo cargo na política ou dia de santo. Chopp, peixes e bolo não lhes faltavam mais! As festas acabavam tarde, mas no outro dia, assim que o galo cantasse, já tinham que acordar para ir trabalhar. Com 12 anos, quando os seus pés alcançaram o acelerador, meu pai já pilotava caminhões carregados de mercadorias da roça pela cidade, e com 16 anos já fazia viagens de Elias Fausto para o CEASA de São Paulo, onde vendiam os produtos da roça.

Seu sonho era ser piloto de avião! Adorava máquinas e se sentia muito bem no controle de tudo. Além disso, era o piloto de veículos mais disputado da cidade, sendo convidado para dirigir para amigos da família em viagens de negócios e passeios para vários lugares. Começou a ter uma paixão por viajar e as aventuras começavam a ficar mais interessantes, mas não podia se ausentar por muito tempo, pois o trabalho o chamava!

Certo dia, recebeu uma proposta de um amigo da família, comandante do exército, para ir estudar na aeronáutica. Foi um dia de muita euforia, mas também de grande decepção.

Seu pai não permitiu, pois tinha que trabalhar e ajudar a família na roça. Sentiu uma injustiça muito grande, pois era merecedor desta oportunidade, mas, mesmo assim, honrou seu pai e guardou o seu sonho no bolso, acreditando que em breve ia conquistar o seu dinheiro e a sua autonomia, e então poderia realizá-lo.

Por este e outros motivos, a sua adolescência foi um tanto conflitante.

O pai continuava a lhe delegar tarefas, era um homem com um coração muito grande e queria ajudar a todos da cidade, e os filhos pareciam mais seus servos do que filhos.

Com tanto trabalho, mal tinha tempo de comer direito, imagina namorar?

Apesar de parecer ter um futuro garantido na roça, de fazer tudo o que o pai lhe pedia e ser muito bom em tudo o que fazia, filho dedicado, trabalhador, honesto, fiel à família, além de um verdadeiro guerreiro, aventureiro e desbravador, seu pai, um certo dia, teve uma conversa séria:

“Meu filho, você precisa amadurecer, quero que você seja independente e conquiste as suas coisas, aqui na roça somos em muitos sócios e você precisa ter algo só seu. Quero lhe ajudar com isso.

Conversei com alguns amigos e você começará a trabalhar em um escritório de contabilidade agrícola!”. Neste momento, a imagem do volante se dissolveu em sua mente. Se sentiu completamente confuso e desorientado no tempo e no espaço e iniciou um processo de dissociação.

Viu tudo aquilo que achava que era até agora sendo dissolvido, as bases de sua identidade e, pelo imenso amor e respeito que tinha pelo pai, aceitou a proposta e fez tudo o que ele tinha decidido para a sua vida, afinal, um pai sempre sabe o que é melhor para o seu filho.

As imagens mais belas que tinha, quando dirigia tratores e caminhões ainda no colo do seu pai, os sorrisos, a colheita abundante, as notas de dinheiro no bolso, as festas, as aventuras na pilotagem e o sonho de ser piloto de avião foram guardadas em algum lugar muito distante, trancadas num cofre, dentro de si mesmo, pois não pode expressar essa dor, sempre ouvia que homem não podia chorar, nem reclamar. Tinha chegado a hora de ser homem, segundo o que esperava o seu pai, um homem com roupas elegantes, sério e de respeito. O que ele não sabia, era o golpe que o destino planejava para o seu pai e para a sua família, pouco tempo depois...

Foi então que seu pai retornou de uma viagem de pescaria no Mato Grosso com os amigos severamente doente, e os peixes já não tinham mais sabor. Ele tinha contraído uma doença nova, que ainda estavam pesquisando, a malária. Meu pai tinha 18 anos, ficou desesperado, era o filho mais velho e não sabia o que fazer. Sua mãe foi conversar com o padre e com alguns amigos da família, que conseguiram um hospital em Campinas para que ele fosse internado e meu pai ficou o tempo todo com ele, ajudando no que era necessário enquanto a sua mãe cuidava das crianças e da casa.

O tratamento não estava dando certo e conseguiram transferi-lo para outro hospital na mesma cidade, onde estavam testando novos medicamentos para o tratamento da malária. Tarde demais, todo o organismo de seu pai já havia sido tomado pela doença, já se passavam meses e não tinha mais o que fazer e então ele fez a sua passagem. Foi uma tragédia para a família e para a cidade, perderam um homem bom, que ajudava a todos, não conseguiram entender esse golpe do destino. Deixou cinco filhos e a sua dedicada esposa.

Meu pai não teve tempo de chorar, tinha que trabalhar ainda mais! Tinha acabado de passar no concurso da Caixa Econômica Estadual para trabalhar como bancário e precisou também tomar conta da parte que a família tinha na roça. Por um certo tempo, assumiu o lugar do pai e foi o provedor da família. Era difícil conciliar o trabalho no banco e na roça, então decidiu focar no que era mais estável, o banco. O seu irmão, dois anos mais novo, assumiu os negócios da roça, porém com pouco êxito. Meu pai foi estudar Administração de Empresas para poder entender mais dos negócios no banco e ser promovido. Pouco tempo depois, conheceu minha mãe.   

Minha mãe teve uma infância delicada. Nasceu e cresceu na cidade grande, limitada pelos muros da casa. A família do seu pai tinha um sítio, que plantavam alimentos para o próprio consumo. Minha mãe gostava muito de ir ao sítio, pois sentia que respirava um ar diferente, tinha algo mágico naquele lugar que ela ainda não sabia. Todos se empenhavam na colheita e voltavam com as cestas cheias de alimentos para a casa. Não gostava muito de voltar para a casa, tinha algo naquele lugar que fazia as cores parecerem acinzentadas e o ar parecer difícil de respirar.

Quando ela nasceu, sua terceira irmã, apesar de ser um ano mais velha, tinha acabado de renascer, pois até então, se encontrava nos braços da morte. Sua mãe se sentia muito cansada, pois tinha sido um ano bem difícil, apesar da manifestação do milagre da morte se render à vida e liberar a sua filha. Da pouca energia e força que restava, doou para as filhas o que podia. Eram muitas tarefas na casa e no cuidado com as filhas.

Seu pai era graniteiro, trabalhava duro para prover a família. Era um homem muito sério, não gostava de ser contrariado e era muito ciumento. Apesar de nunca ter apanhado do pai, minha mãe tinha muito medo dele e fazia tudo o que ele pedia. Sentia um alívio quando ele estava trabalhando, pois podia brincar com as irmãs, que eram suas melhores amigas.

Ele não permitia que as filhas brincassem na rua, nem frequentassem a casa de amigas.

Desde cedo, minha mãe sentia medo de sonhar. Seus sonhos eram perturbadores, ouvia vozes de mulheres que queriam falar com ela. Contou para as suas irmãs e para a sua mãe, e elas lhe falaram que eram pessoas más, conhecidas como bruxas.

Começou a sentir pavor dessas mulheres e conversou com Deus que ela não queria mais sonhar. Sua mãe queria muito trabalhar, já tinha tido mais uma filha, a família aumentava e o dinheiro continuava pouco. Foi quando decidiu que iria trabalhar escondida do marido, fazendo faxina em casas de família, a única atividade que sabia fazer, pois as filhas já podiam se virar sozinhas e cuidar uma da outra em sua ausência.

Tinham sido educadas para realizarem todas as tarefas do lar, incluindo cozinhar, faxinar, organizar tudo no devido lugar e ajudarem as mais novas. Também sabiam ir e voltar da escola sozinhas, com o ônibus que passava perto da casa. Eram cúmplices da mãe nesse segredo, assim ela podia comprar alguns materiais de escola para as filhas, roupas, um iogurte ou uma bolacha.

Tinham medo do pai descobrir e faziam tudo conforme planejado!

Davam conta de todo o serviço e vigiavam quando o pai estava chegando.

Minha mãe não entendia o motivo que a mãe dela chegava descontente e aborrecida do trabalho, mesmo todas fazendo tudo o que precisava ser feito, nos mínimos detalhes.

Apesar de ser uma fábrica de chocolates, parecia que lá não tinha nada de mágico ou encantado.

Minha mãe e suas irmãs apanhavam quase todos os dias da mãe, que implicava com qualquer palavra ou com mínimos detalhes que achava mal feito, ou quando as irmãs brigavam, e também apanhavam mesmo sem motivo. Era uma gritaria às vezes, as filhas mais velhas apanhavam mais. Era cinta, chinelo, vara de marmelo, puxão de orelha... aí, chega!

Dói só de imaginar!

O seu pai tinha “problema com bebida”. No começo minha mãe não entendia muito bem esse problema, mas o tempo foi passando e as coisas piorando, parecia até uma doença grave! Chegou a se sentir culpada pela situação. Ela não podia falar nada, tinha muito medo de provocar uma briga entre os pais e piorar a situação deles, pois já brigavam bastante.

O melhor era ficar quieta e fazer tudo bem feito!

Quando minha mãe chegava na escola, ela se sentia uma criança normal, apesar da timidez. Podia brincar, conversar com as outras crianças e até respirar um pouco! Era muito ativa na escola, brincava de amarelinha, cobra-cega, esconde-esconde, pega-pega e gostava muito das aulas de educação física, pois amava uma bola, principalmente quando era a bola de vôlei. Bater a bola com força lhe dava um imenso prazer, mas ela ainda não entendia o motivo.

Sempre pedia a bola para os professores e começou a sorrir quando realizavam o seu desejo.

Foi se destacando no time da escola e, com tanta dedicação dela e das colegas da classe, conseguiram ser campeãs e foram convidadas para um campeonato fora da escola.

Isso parecia muito interessante, a professora instruiu que precisavam fazer o RG para se inscreverem na competição e minha mãe foi muito alegre e empolgada comunicar a seu pai o pedido da professora. Foi uma grande decepção.

Seu pai não deu a mínima, pois achou tudo isso uma bobagem! Como ela não queria contrariá-lo, engoliu seco o seu desejo e fingiu que estava tudo bem.

Era melhor que não desejasse nada e apenas obedecesse.

A vida dos pais já era dura demais e ela não queria ser mais uma decepção para eles. Sempre que seus olhos brilhavam para alguma coisa, ela lembrava da promessa que tinha feito para si mesma e dissolvia todas as suas vontades até que seus desejos se dissiparam e o vento levou.

Certo dia, tiveram uma triste notícia, o sítio da família do seu pai precisava ser vendido. Logo encontraram um comprador e dividiram o dinheiro entre todos os irmãos do pai, que eram muitos e não sobrou quase nada. Precisavam pensar bem o que iriam fazer, o trabalho e o vício do pai estavam a cada dia mais complicados. Sua segunda irmã começou a adoecer severamente e a tensão era grande, precisavam fazer algo, o destino estava os castigando.

Foi então que resolveram se mudar para uma cidade muito pequena no interior, Elias Fausto. Assim, poderiam comprar uma casa e recomeçar a vida!

Mudança preparada, tudo pronto, conseguiram até uma carona de um homem muito bom da nova cidade que tinha um caminhão e gostava de ajudar as pessoas. Parecia que o destino começara a sorrir para esta família. Tudo era muito promissor nessa nova cidade e as filhas até emprego conseguiram, além da autorização do pai para trabalharem.

Minha mãe começou a estudar à noite para poder trabalhar durante o dia. Tinha 14 anos quando teve seu primeiro emprego, na casa de uma família. Com 16 anos, começou a trabalhar em uma fábrica de cadeiras.

Sua rotina era limitada ao trabalho e à casa. Ela gostava de ficar no seu quarto, era um bom esconderijo. As irmãs sempre a atormentavam para que saísse um pouco. Um dia resolveu sair com elas e com suas amigas da escola, foram para o salão de bailes da cidade.

Estava tudo tão estranho naquele lugar, as pessoas bebiam e dançavam, e ela se sentia confusa e enrijecida. Foi quando olhou para todo o cenário novamente e percebeu que um moço muito sorridente olhava para ela, o tempo todo. Ele era um pouco esquisito, era alto e magro, usava óculos muito grande e roupas descoladas.

Ela tentava se esconder, mas ele sempre a encontrava. Se sentiu congelada e trêmula quando percebeu que ele se aproximava e pensou em fugir, mas o moço, com todo o carinho, lhe disse: “Oi, eu sou o Edson. Qual é o seu nome?”. Ela tentou falar, mas a boca não abria. Então puxou o ar bem forte e falou: “Dóris”. E sentiu uma brisa leve passando em sua frente.

Foi assim que ela encontrou o homem com quem iria se casar três anos depois.

Quando conheceu meu pai, minha mãe começou a pensar muito sobre o futuro, mas não lembrava para onde tinham ido os seus antigos desejos. Pensou em ser dentista, pois ouvia as pessoas falarem que era uma profissão que dava muito dinheiro, mas logo desistiu, pois era muito caro esse estudo.

Pouco tempo depois teve um “flash”, lembrou de como se sentia feliz e empoderada jogando vôlei, conseguiu se imaginar no futuro jogando ou ensinando as pessoas a jogarem, até sentiu um ar diferente, mas logo caiu a ficha, veio uma lembrança dura do pai falando que isso era bobagem, sentiu muito medo de decepcioná-lo outra vez e achou melhor acordar desse sonho e respirar o ar estreito que costumava respirar.

Então ficou sabendo que estavam precisando de professores de matemática na escola e pensou que esta era uma ótima oportunidade para ela, pois o emprego já estava garantido, a faculdade era próxima à cidade e a mensalidade cabia no seu bolso.

Seu namorado a apoiava.

Lembrava também que a mãe sempre quis que as filhas estudassem e que fossem alguém na vida, sorte que ela não tivera, assim se sentia profundamente abençoada em poder dar essa alegria para a mãe dela. Começou a fazer a faculdade, a liberdade a encontrava todos os dias nos corredores, mas ela não queria fazer essa amizade, pois logo lembrava do pai, de tudo o que a família já tinha passado, e corria para casa, para se esconder no seu quarto.

Quando meus pais se conheceram, eles não sabiam muito bem quem eles eram, estavam acostumados a permitirem serem guiados por outras pessoas, que consideravam importantes. Decidiram se casar, ter uma família e uma vida boa.

Tinham algo em comum, a vontade de ganhar dinheiro e ter uma vida melhor, no sentido material.

Focaram todas as suas forças nesse propósito e trabalharam duro e exaustivamente. Meu pai, um típico aventureiro, mas que tinha se afogado internamente em lágrimas não choradas pela morte do pai, começou a pisar novamente em terra firme e a desbravar novos horizontes, agora com sua companheira.

Gostavam muito de ir à praia e se encantavam pela natureza, mas não podiam ir muito longe, pois corriam o risco de se perderem e se atrasarem para o retorno ao labor.   

Eu cheguei pouco tempo depois que se casaram. Minha mãe era muito jovem e ficou com muito medo da gravidez, pois não sabia muito bem o que estava acontecendo e nem o que a esperava. Comecei a estudar cedo, no ventre da minha mãe e agora entendo porque eu gosto tanto de Ciências.

Nasci de cesariana, pois minha mãe não estava tendo dilatações e sua placenta já tinha estourado. Até hoje não me acostumei com a ideia de um homem que não era muito íntimo da minha família ter feito um corte na minha mãe e me arrancado pelos pés. Mas eu precisava chegar neste mundo, então eu aceitei e dei o meu primeiro berro, avisando a todos que eu estava ali. Eu tinha muito cabelo, ainda bem que pelo menos isso, não é?

Precisava mostrar de alguma forma a minha força.

Meu pai estava muito feliz, tinha dado tudo certo, eu e minha mãe estávamos bem. Tive uma relação difícil com os seios da minha mãe, no fundo ela não queria me dar, pois sentia um desconforto muito grande, uma vergonha, mas fazia o que todos falavam, então ela tentou exaustivamente me dar o peito, mas não por muito tempo, pois logo conheci a chupeta e me apaixonei por ela.

Eu chorava muito, tinham vários monstros enormes no meu ouvido, mas ninguém entendia o que eu falava, confesso que até pouco tempo atrás ainda era assim e continua sendo um pouco até hoje.

Me senti abandonada, talvez pela primeira vez.

Eu escutava as profundezas do meu ser, as raízes da minha vida, que vinham das minhas entranhas e era muito difícil ouvir tudo aquilo sozinha, eu sentia muito medo, pedia para os meus pais ficarem comigo, precisava de apoio, pois eu não conseguia integrar o que eu escutava dentro de mim com o que via no mundo de fora.

Percebia os meus pais exaustos e preocupados, eles não sabiam o que fazer para eu parar de chorar, tentaram de tudo, pediatras, medicações, benzedeiras, chás, padre, água benta... nossa, que sufoco!

Foi então que conheceram o homem mais abençoado daquela época, um médico apaixonado pela medicina, ele tinha um verdadeiro amor pelas pessoas e seus estudos era bem profundos.

Quando chegamos no consultório, mal dava para vê-lo atrás de seus livros, de tantos que eram. Ele encontrou o problema, tinha algo nos meus ouvidos, e logo instruiu meus pais do que fazer para me ajudar. Pediu que meus pais tivessem paciência, o tratamento ia ser longo, mas eu ia me curar.

Ele só esqueceu o principal, falar para os meus pais sobre os monstros que estavam no meu ouvido.

Me senti desanimada, mas, uma palavra que ele falou me chamou muita atenção e me deu certa esperança: paciência. Eu não desistia de falar com os meus pais sobre o meu problema, continuei chorando, mas não insistia tanto. Eu amava muito os meus pais, era algo inexplicável e tive muita paciência.

O problema foi melhorando com o tempo, os monstros pararam de me incomodar um pouco e não gritavam tanto.

Fui me acostumando com a situação e comecei a pensar que talvez a vida fosse assim mesmo. Às vezes me indagava, o que meus pais fizeram com os monstros dentro do ouvido deles? Como se livraram? Será que eles mataram os monstros ou conseguiram adestrá-los?

Mais um motivo para eu admirá-los e querer ser como eles!

Quando eu tinha um ano e meio, meu irmão chegou ao mundo. Ele era bem diferente de mim e eu o amava tanto! Minha mãe passava muito tempo com ele, ela não podia desgrudar dele um minuto que ele abria a boca a chorar. Será que ele tinha monstros dentro do ouvido também?

Tentei falar para os meus pais sobre eles, para poderem ajudar o meu irmão, eu já conseguia falar algumas palavras, mas eles continuavam sem entender. Cheguei a pensar: “Será que eles nunca vão entender o que eu falo? Será que eles não gostam ou não podem falar sobre esse assunto?”.

Me sentia abatida e desamparada. Mas quando olhava aqueles olhinhos brilhantes do meu irmão, me sentia tão feliz!

Meus pais começaram a delegar responsabilidades para eu ajudar nos cuidados do meu irmão, assim como os pais deles também fizeram, e ficavam muito contentes quando eu fazia o que eles pediam. Como eu queria ver os meus pais sempre felizes, comecei a cuidar de tudo e de todos muito bem. Eu era uma criança obediente e zelosa.

Logo que meu irmão cresceu um pouquinho, meus pais decidiram abrir uma loja e vendiam de tudo: roupas, calçados, brinquedos, papelaria e variedades.

Como se não bastasse o trabalho exaustivo que o meu pai tinha no banco, resolveu arrumar outro trabalho, agora aos finais-de-semana, ir até o Paraguai comprar as mercadorias para a loja da minha mãe. Parecia que ele gostava mais de trabalhar do que ficar comigo.

O que será que eu tinha feito de errado para ele agir assim? Me sentia triste e abandonada.

Minha mãe estava tomando muito gosto pelo trabalho e me levava junto na loja, cresci embaixo e atrás das prateleiras. Mal tinha tempo de me segurar no colo. Às vezes outras pessoas me carregavam, mas não era a mesma coisa.

Minha infância estava sendo muito parecida com a do meu pai, mas quem estava sempre ao meu lado era a minha mãe. Apesar de estar ao lado, ela parecia distante. Tinha uma praça perto da loja, eu gostava muito de ir até lá para brincar no parquinho, correr e subir em árvores.

O que eu mais gostava era subir nas árvores de jasmim, o cheiro e as cores das flores eram marcantes. Eu gostava muito de aventuras e de liberdade.

Essa parte da minha história é muito parecida com a do meu pai.

Quando entrei na escolinha, eu já sabia ler e escrever, pois tinha frequentado a faculdade antes. Adorava ler tudo o que eu via, placas da cidade, caixas dos brinquedos, cartões. Gostava muito de desenhar e sempre desenhava o mesmo desenho, uma montanha bem grande, um rio, um sol nascendo ou se pondo entre as montanhas, alguns pássaros e uma casa.

Que lugar era esse?

Eu gostava muito de ir para a escola e era uma aluna dedicada e obediente. Também gostava muito de brincar na rua da minha casa e na casa das minhas amigas, coisa que minha mãe não podia fazer quando era criança. Eu tinha muitas amigas e brincávamos de casinha, comidinha, esconde-esconde, amarelinha, pular corda, patins, bicicleta e muitas outras brincadeiras.

Me sentia abençoada por ter essa liberdade!

Passava um bom tempo com minhas avós, minha avó materna ajudava a minha mãe com a comida na nossa casa e também cuidava de mim e do meu irmão. Minha avó paterna morava na mesma rua e eu gostava muito de ir na casa dela. Também passava um tempo com meu avô e com minha avó maternos na casa deles, que era tipo um sítio, pois meu avô tinha vacas, bezerros, touro, porcos, galinhas, cachorros, uma horta e muitas árvores.

Eu gostava de ficar perto dos animais, apesar de serem grandes eu não tinha medo, e chegava perto para fazer um carinho neles. Eu gostava muito de ir lá, pois era uma grande aventura! Sentia uma conexão muito forte com tudo aquilo.

O tempo foi passando e meus pais foram trabalhando, a cada dia mais e mais. Minha mãe também tinha outros trabalhos, uma confecção de roupas e ainda dava aula na escola. Ela começou a ficar um pouco nervosa, falava alto e parecia descontente, apesar de estarem realizando tudo conforme o planejado. Às vezes ela brigava com o meu pai, eu não entendia o motivo, afinal, ele fazia tudo como ela queria.

Estavam ganhando dinheiro, mas parecia que isso não era suficiente.

Eu tinha algumas responsabilidades, mas também podia brincar e estudar, coisas que eu amava fazer! Essa fase foi bem diferente da vida que eles tiveram, pois eu me sentia livre para fazer o que eu sentia vontade.

Até nas aulas de catecismo da igreja eu ia, minha avó era amiga do padre e fazia questão de me levar naquele lugar.

Eu achava tudo muito bonito, mas às vezes eu pensava que as crianças não eram muito bem-vindas, pois era tudo muito sério e não podia fazer o que a gente queria, as crianças tinham que ficar bem quietas, pois eram os adultos que falavam.

Meus pais, quando não estavam trabalhando no domingo, iam à missa. Era algo esquisito, falavam coisas que eu não entendia, às vezes tinha que levantar, outras tinha que sentar e uma hora tinha que ajoelhar. Confesso que eu achava tudo muito estranho, mas fazia tudo o que meus pais pediam e não via a hora de ir embora.

Certo dia eu levei um grande susto e quase tive um ataque de pânico: os monstros que moravam no meu ouvido apareceram na porta do meu quarto! Meu Deus, como isso foi possível? Dei um baita grito e pedi para dormir no quarto dos meus pais. Aliás, eu já não gostava muito de dormir sozinha, pois quando ficava tudo quieto e escuro, os monstros do meu ouvido começavam a falar.

Eu gostava mesmo era de dormir no colchão ao lado da cama dos meus pais, com a mão dada com minha mãe, assim eu me sentia protegida, caso eles aparecessem.

Tentei explicar para os meus pais de várias formas, eu já sabia falar, mas eles falavam que era bobagem, que aquilo não existia. Eles não acreditavam em mim, que tristeza! Lembrava da palavra paciência que o médico tinha falado e isso era o meu consolo. O fato é que eu estava com muito medo de dormir sozinha no meu quarto, pois eu não entendia como aquela magia acontecia, dos monstros aparecerem na minha porta!

O que eles queriam comigo? O que eu podia fazer? Me sentia completamente perdida.

Meus pais brigaram muito comigo por causa disso, queriam que eu dormisse no meu quarto. Colocaram até umas estrelas no teto para ficar mais claro e me deram uma TV. Mesmo assim, quando eles apareciam, eu ficava desesperada. Um dia meus pais não abriram a porta do quarto quando eles apareceram, eu chorava muito e pedia para eles abrirem.

Acabei dormindo no chão, encostada na porta, na verdade eu acho que eu desmaiei de medo e acabei ficando ali mesmo.

Essa situação parecia não ter fim e certo dia ouvi minha mãe pensando alto: “Será que minha filha escuta as mesmas vozes das bruxas que eu ouvia quando era criança?”. Então ela tomou uma decisão, me levou numa benzedeira que era famosa por curar isso.

Chegando lá, a mulher conseguiu conversar com os monstros, foi bem tranquilo, ela deu água para eles beberem e pediu que eles me deixassem em paz, pois eu estava sofrendo muito.

E eles obedeceram. Daquele dia em diante, eu nunca mais ouvi nem vi mais eles. Para onde será que eles foram?

Meus pais não gostavam de falar sobre esse assunto. Eu me sentia aliviada. Comecei a dormir no meu quarto, com a TV ligada, pois eu ainda tinha medo que eles aparecessem de surpresa. Essa coisa de não entenderem muito bem o universo da criança e não terem o direto de se expressar foi bem parecida com a infância dos meus pais.

Só que com uma diferença, quando eu não aguentava mais, eu me expressava e até berrava. Eu queria entender as coisas.

Pouco tempo depois, chegou o meu outro irmão, era a coisinha mais lindinha que eu já tinha visto e fiquei completamente apaixonada por ele! Eu queria ser a mãe também, queria trocar a fralda, dar banho, dar mamadeira e meus pais foram me ensinando tudo. Eu tinha nove anos e já me sentia pronta para ser mãe!

Falei para Deus que eu queria ter muitos filhos!

O meu irmão era tão bonzinho, ele sempre ria para mim! Deus logo ouviu os meus pedidos e me mandou vários primos, que também eram tipo irmãos, pois a minha tia tinha escolhido viver uma vida diferente da nossa e abandonou os filhos, que moravam na minha avó, mas viviam na minha casa.

Eu ajudava a cuidar de todos eles e comecei a entender como era uma tarefa desafiadora ser mãe. Era o meu irmão caçula e mais três primos, com diferença de idade de apenas um ano. Eu já não tinha mais tanto tempo para brincar, pois, agora mais do que nunca, eu tinha que ajudar a cuidar deles. E fiz isso com muita dedicação e amor. O tempo foi passando, fui estudar em colégio particular em outra cidade e sempre ouvia os meus pais dizerem que queriam o melhor para gente.

Eu gostava de estudar e ia bem em todas as matérias, mas não era CDF, pois eu gostava muito de conversar com as minhas amigas e fazer coisas novas.

Eu tinha pena da minha mãe, porque o meu irmão que ia para a escola comigo, não gostava de estudar. Era uma briga em casa para que ele estudasse. Ele também não queria ir para a escola, a gente não entendia o que estava acontecendo, nem os médicos. Agora sei que ele sofria bullying. Foi uma fase muito difícil. Para me distrair um pouco, eu fui jogar futsal nas aulas de esporte da escola, estava honrando os meus pais, sem saber.

Também fui fazer teatro, diferente dos meus pais, eu queria me expressar melhor.

Eu também queria ser importante para eles, então me arriscava em tudo. Também fiz jazz dance por muitos anos, mas tinha uma certa dificuldade com o meu corpo, talvez os monstros estavam congelados dentro de mim e eu não queria nem pensar nisso. Um dia minha professora de dança me falou: “Cintia, falta tesão!”. Senti vergonha quando ela disse aquilo e essa frase até hoje martela na minha cabeça.

Eu tinha toda a técnica, mas faltava algo dentro de mim que me fizesse brilhar. Continuei dançando, mesmo assim, pois eu era muito dedicada, mas sabia que não seria uma bailarina.

Fui fazer academia, minha tia dava aula de ginástica e eu gostava muito das aulas dela e comecei a me interessar pelos aparelhos de musculação que ela trazia, uma novidade na minha cidade. Eu já era uma adolescente, tinha certa liberdade e precisava trabalhar na loja da minha mãe para ela deixar eu fazer as coisas que eu queria ou ter alguma coisa da loja.

Dinheiro era uma coisa complicada na minha família.

Apesar do caixa da loja sempre ter bastantes notas, eu não ganhava mesada, nem salário, pois dinheiro era algo para ser investido no próprio trabalho ou em algo para o futuro, mas nunca para a minha diversão.

Minha mãe me ensinou a me depilar e a me maquiar. Apesar de ter roupas, maquiagem, sapatos, sem pelos no corpo, eu não me sentia muito bonita, tinha uma baixa autoestima. Inventei até de desfilar como modelo, minha mãe me ajudou nisso, mas eu não levava jeito para essa profissão, me sentia muito dura e precisava me soltar mais.

Eu tentava me descobrir de várias formas, tive vários estilos, mas não me encontrava em nenhuma peça de roupa. Até hippie eu quis ser, eu arriscava tudo para saber a minha verdadeira identidade.

Comecei a namorar um menino, era um verdadeiro príncipe encantado, só que a história não foi tão encantada assim. Minha melhor amiga também gostava dele e acabamos brigando por esse motivo. Sinto tanta saudade dela, nos distanciamos totalmente por causa disso.

E o namoro não durou tanto.

Para piorar a situação, ele começou a namorar com ela depois que terminou comigo. Me senti desolada. Para preencher o vazio, comecei a namorar outro menino, mas sem sorte outra vez. Alguns meses depois ele apareceu e terminou comigo, sem nenhum motivo.

Comecei a sair com minhas amigas, ir em festas e às vezes até em baladas. Dei um tempo de namorar e só fiquei curtindo. Minha mãe inventou outro trabalho, organizadora de eventos, até que esse trabalho era legal, ela fazia as melhores festas da cidade, eu podia ir com minhas amigas e beber de graça, é claro, escondido dos meus pais!

Comecei a me achar importante, todos na cidade me conheciam só que, o pior de tudo isso, era que eu mesma não me conhecia, estava a cada dia mais amiga do meu ego e mais distante de minha essência.

Que situação!

O que me preenchia um pouco, de verdade, era ir para a escola. Eu queria ser alguém importante, talvez uma médica, pois as pessoas achavam que os médicos eram pessoas importantes.

Por eu gostar de ciências e biologia, e também gostar de cuidar, sempre me diziam que eu daria uma excelente médica! Isso me fez acreditar, por ora, que elas tinham razão. Comecei a estudar muito, como não bastasse fazer medicina, eu queria passar em uma universidade pública, pois minha mãe achava isso importante e queria ser reconhecida pelos meus pais.

Tinha feito tantas coisas na vida e eles nunca me falaram que eu era boa no que fazia. Essa crise de identidade que eu tive foi muito parecida com a dos meus pais. Ambos não sabiam quem eles eram e se permitiram serem guiados por outras pessoas, que consideravam importantes.

Só que o destino estava sorrindo para mim e pedindo que eu confiasse nele. Eu estava perdendo a paciência de tentar passar em medicina em uma universidade pública, já estava fazendo cursinho há três anos, e comecei a cansar dessa rotina.

Confesso que tinha várias válvulas de escape para todo aquele estresse dos estudos repetitivos, pois eu não me privava de me divertir com meus amigos e fazer o que eu queria. Foi quando decidi lançar a minha sorte para o destino e confiar de verdade. Decidi que naquele ano eu iria arriscar em vários cursos diferentes que talvez eu me identificasse, não apenas medicina, então escolhi um curso para cada universidade.

E deu certo!

Passei em psicologia na Universidade Federal de São Paulo e não via a hora de me mudar para Santos, conseguia sentir a brisa do mar entrando por minhas narinas. Morar naquele lugar fazia o meu coração vibrar, estava sendo uma aventura e tanto, e pude sentir o gosto da liberdade!

Até hoje agradeço ao Universo por ter me presenteado com essa maravilhosa oportunidade.

Essa parte da minha história foi bem diferente da história dos meus pais, pois eles foram direcionados por outras pessoas ou por uma oportunidade externa, baseados em ganhar dinheiro, enquanto eu lancei e confiei minha sorte ao destino e permiti que ele me guiasse.

Sobre aventuras, acredito que segui os desejos mais profundos do meu pai, pois me tornei uma aventureira de carteirinha! Eu amo viajar e já me aventurei por vários cantos do mundo. Também moro em um lugar que é uma aventura e tanto, me sinto até em uma terra encantada, podendo sentir o ar puro da natureza que meus pais já tinham experimentado.

Relacionamentos para mim nunca foram prioridade, outra grande diferença na história dos meus pais. Eu busquei ter alguém comigo, me apaixonei algumas vezes e talvez amei.

Assim como acontece com os meus pais, faltava a conexão, inclusive comigo mesma, talvez por isso nenhum relacionamento que eu tive tenha sido tão duradouro. Mas eu quero resolver isso, quero estar com alguém que eu me conecte com profundidade para que eu possa ser eu mesma e assim consiga resolver as questões da minha alma.

Percebo que eu estou no caminho de me encontrar, de me conhecer de verdade e de cuidar daqueles monstros que eu tinha desde que bebê, que na verdade, hoje eu descobri que são as minhas sombras.

Só assim poderei ter um relacionamento verdadeiro, de alma, profundo e sincero.

Passei os últimos quatro anos em um relacionamento com uma pessoa, sinto que temos uma ligação muito forte, porém eram muitas brigas e eu escolhi respeitar a minha alma e a alma dela, e me distanciar. Vamos ver, em breve, o que os destino nos reserva.

Por enquanto, sigo cuidando de mim e dos meus monstros, com muito amor.    

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