Lendo o livro “Tudo que eu devia saber aprendi no jardim-de- Infância” de Robert Fulghum um trecho me chamou atenção, onde o autor diz:
“É assim que os pequenos milagres acontecem, com gente como a gente, numa hora qualquer de vidas como as nossas. Quando não apenas uma tragédia não acontece, como também acontece uma coisa boa, quando uma coisa que com toda a certeza jamais encaixará, entra doce e suavemente nos eixos."
Fiquei a lembrar de pequenos milagres que aconteceram em minha vida e contribuíram em seguida para a normalidade da minha vida cotidiana.
Vou contar dois milagres que ficaram marcados em minha mente, a qual nunca esquecerei em minha vida. À noite, pensei no dia em que chegaria pela manhã, no qual teria que pegar o ônibus para ir para o trabalho. Tinha um pequeno problema eu não tinha o dinheiro para pagar a passagem no dia seguinte. Então pensei: Vou emprestar do vizinho e depois devolvo, só que não. A coragem me abandonou nessa hora. Resolvi adiar para o dia seguinte, pois meu vizinho também acordava cedo.
Pela manhã, me aprontei e me dirigi para casa do vizinho pois meus planos eram emprestar os dez reais e depois seguir para o ponto de ônibus. Naquele dia a casa do vizinho estava sem a luz, isso indicava que estavam ainda dormindo. Eu não podia ser mal educada e acordá-los. Triste e sem ideias, mesmo assim, sem dinheiro na mão segui para o ponto de ônibus. Parei e uau! O milagre aconteceu, vocês não vão acreditar no que se seguiu: Olhei para o chão e lá estavam dez reais, exatamente o que eu precisava para seguir para o trabalho.
O outro milagre ocorreu quando eu ainda estava cursando minha faculdade. Eu trabalhava de dia e estudava à noite. Para voltar da faculdade para casa tinha que pegar quatro ônibus seguidos para chegar em casa, caso contrário teria que ir a pé, andar quatro quilômetros, ato arriscado para uma mulher sozinha, devido á altas horas e altas taxas de criminalidade. Continuando nossa história estava no segundo ônibus, tudo estava correndo bem, eu estava rezando e pedindo a Deus que desse tempo de pegar o terceiro e depois ultimo que me deixaria em casa. Só que ainda dentro do segundo, vi o terceiro indo e sem mim. Então lembro que fiquei indignada, comecei no meu interior dizendo meu pai eu pedi tanto e o que aconteceu vi o ônibus que deveria pegar indo embora. Como chegarei em casa meu pai? Fui nesse diálogo interno até chegar na cidade onde pegaria o último ônibus. Cheguei não tinha mais ônibus, fiquei em estado de choque, sem ônibus, sem táxi, só haviam três pessoas: Eu, uma senhora que fechava sua banquinha e uma outra moça um pouco mais distante, que parecia esperar alguém. Cheguei para me lamentar para senhora da banquinha e disse aonde morava e que infelizmente não sabia o que fazer.
Nisso ela disse: Aquela moça mora perto de onde você mora, está esperando o pai. Meio deslocada e sem jeito me apresentei, contei que perdi meu ônibus e pedi carona, num sorriso a moça disse prontamente, claro, meu pai está chegando moramos próximos ao seu bairro e daremos carona a você, meu coração se acalmou, fiquei alegre e agradecida a Deus.
Há história não acaba ai, o pai chegou, numa Kombi, fazia entrega de pães. E lá fomos nós, eles na frente e eu atrás dividindo o espaço com os pães de forma. Resolveram seguir em frente à sua casa e deixar-me na minha. Até ai tudo bem, mas o que aconteceu em seguida, fez meu queixo cair. Quando desci ganhei um pão e no pacote tinha escrito um versículo bíblico que falava do Senhor, então entendi e pedi perdão ao pai pela minha falta de fé, porque ele nunca nos desampara.
Estou contando essas histórias de forma nostálgica, porque são acontecimentos que marcaram profundamente minha vida e hoje posso contar os pequenos milagres, que fizeram aumentar minha fé e dizer que não estamos sozinhos no mundo e que não acontece nada por acaso, tudo tem uma razão de ser.