Acredito que ontem pela manhã, até que enfim, consegui elaborar e concluir um movimento bem importante em minha vida. Um grande passo de desapego e crescimento.
Há tempo que eu sei, racionalmente, que ninguém consegue salvar ninguém. E principalmente, além de isso ser uma arrogância, é uma violação à ordem. É também uma violação à dignidade do outro.
Mas os movimentos de cura acontecem do coração para a cabeça e não no sentido contrário. O máximo que a cabeça faz é dar acesso ao conhecimento necessário à libertação.
Sou Zootecnista, ou seja, uma consultora em produção de animais que nos servem como alimento ou trabalho. Quando lia "Constelações Organizacionais" deparei-me com a frase:
- "Consultores são salvadores por natureza". Que pepino!
Eu já havia entendido o quanto essa minha postura tinha influenciado negativamente minha atuação profissional, mas aquela frase foi um chamado à parar e olhar para isso e voltar, definitivamente, para o meu lugar.
Desde minha leitura desse livro, várias coisas aconteceram para que fosse possível eu conseguir voltar para o meu lugar e ontem a imagem que me faltava, enfim, chegou e agora posso parar de tentar salvar todo mundo.
Percebi o quanto de energia eu sempre tive que dispensar a cada movimento de tentar salvar alguém. E realmente, é uma energia perdida porque enquanto uma pessoa não estiver pronta para tomar uma ajuda, ela fica resistindo.
O ajudar não desgasta, porque este movimento parte do pedido de quem precisa de ajuda. Mas o salvar é uma total desordem e desrespeito e desgasta muito.
Hipócrates já dizia: “Antes de curar alguém, pergunta-lhe se está disposto a desistir das coisas que o fizeram adoecer”.
Por isso o primeiro movimento deve ser o de pedir, o de se colocar disponível a receber, a tomar a ajuda.
Como sou uma pessoa visual, a minha imagem de "libertação" é a de duas pessoas que estão se afogando. A primeira delas estende a mão e, por estar disposta a sair da água, é possível e leve ajuda-la. Já a segunda pessoa não quer ou não tem autorização para sair e, quando se tenta puxá-la para fora, ela resiste e isso, além de ser desgastante para quem tenta salvá-la, ainda o coloca em em risco de morte.
Pensei bem... Por mais que alguém consiga arrastar uma pessoa para fora da água, se é lá que ela quer estar, é para lá que voltará o quanto antes.
Como bem diz o mestre Hellinger, as vítimas não precisam de ajuda, precisam de aliados, e perpetradores. E há quem não ocupe posições de vítima, mas também precisam estar preparados para tomar a ajuda que chega, assim como fiz, só depois de sofrer muito.
O mais provável, para não dizer certamente, é que uma vítima arraste um "salvador" para a posição de perpetrador.
Liberta-se desse movimento de "salvador" é realizar uma grande parte do caminho desapego. É realmente uma grande conquista, mas que demanda vigília constante.
Podemos sim ajudar de forma segura e respeitosa "jogando uma boia". Podemos enviar o link de um artigo ou de uma aula sistêmica, emprestar ou sugerir um livro, convidar para participar de uma constelação, ouvir passivamente um desabafo, indicar um bom psicoterapeuta sistêmico, fazer um chá, presentear com uma massagem.
Até mesmo Deus, para atender a um pedido, mandou uma canoa, depois um barco e por fim mandou um helicóptero para salvar um homem de uma enchente, mas ele escolheu se afogar à estender a mão e tomar a ajuda que havia pedido em oração. Cada um tem seu momento.
Devemos nos ater ao possível e seguro para todos. Que já está pronto consegue pedir e tomar a ajuda, sem riscos para ninguém.
#Conclusão #mod8