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PAI, MÃE EU VEJO VOCÊS

PAI, MÃE EU VEJO VOCÊS
Selma Melo
ago. 11 - 6 min de leitura
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Meus pais tinham um relacionamento conturbado, meu pai foi alcoólatra, e minha mãe, com certeza, sofreu muito. Era professora, tinha um salário minguado, mesmo assim, na maioria do tempo, coube a ela o sustento da família.

Além disso, foi um relacionamento que já começou errado porque foi casamento forçado pelos meus avós maternos.  Situações adversas em que minha mãe não tinha nada a ver,  levaram a essa atitude dos meus avós, para “proteger o nome da minha mãe, das artes” mas, na verdade, era a irmã dela quem fazia as artes.

Meu pai era peão de fazendas, meu avô era administrador de uma.

No calor de algumas situações vergonhosas para a época, chegou na fazenda que meu avô administrava, um “peãozinho” à procura de trabalho, e meu avô gostou dele. Daí, em 6 meses ele se casava com a filha do administrador, sendo que ela tinha apenas 16 anos e o peão, meu pai, tinha 24 anos.

Sei que logo após o casamento foram morar em um sítio afastado da fazenda, história que sei muito por alto.

Esse casamento, para minha mãe, foi muito triste, pois ela estava apaixonada por outro rapaz, não sei se chegou a namorar esse moço ou foi um amor platônico, mas creio que ele também gostava dela, pois essa situação ficou muito clara numa constelação que fiz há uns dois anos.

Então, começaram  a vir os filhos e a situação sempre difícil.  Quando eles já tinham 3 filhos, mudaram-se de Primeiro de Maio, norte do Paraná, para Bragantina aqui no Oeste do Paraná, sempre à procura de melhor condição de vida, e naquela época aqui era terra promissora onde a produção de hortelã estava em alta.

Meu pai foi trabalhar na roça, e minha mãe que tinha a quarta série e exame de admissão conseguiu entrar para o magistério, começou a dar aulas e estudar a distância. Morávamos em Bragantina, ela estudava em casa e ia fazer as provas em Assis Chateaubriand, a 20Km de distância.

Quilômetros eram poucos mas a dificuldade para chegar lá era grande. 

A “produção” de filhos continuou e as dificuldades só aumentavam, pois a exploração da mão de obra barata sempre foi um problema no nosso país, então muitas vezes mal tínhamos o que comer  - arroz, carne... isso não existia na nossa casa - e não me perguntem por que  meus pais não criavam animais, pois não sei responder.

Só me lembro da minha mãe reclamando da falta de tudo, e me lembro também que ela chegou a ficar 10 meses sem pagamento, sendo que muitas vezes dependíamos daquele dinheiro para sobreviver.  Bem, somos em 8 irmãos dos quais sou a mais velha, as duas últimas são gêmeas, enfim na minha casa não havia paz e nem alegria, era um ambiente triste. 

Meu pai era uma pessoa de sorriso fácil, era muito amoroso, mas bebia e aí minha mãe, com tanto sofrimento, começava a brigar, ela se tornou uma pessoa triste, amarga, sempre reclamando.

Hoje entendo sua dor, mas para nós, como filhos, ficava difícil carregar o peso. 

Meu irmão logo depois de mim, saiu de casa, na verdade fugiu de casa,  então a coisa ficou ainda mais difícil porque daí sim que minha mãe ficou mais triste e angustiada, pois ficamos mais de ano sem saber o paradeiro dele, e não sei como ele foi parar em São Paulo na casa de umas pessoas que conhecíamos lá de Bragantina. 

Minha irmã, a terceira na ordem decrescente, também fugiu de casa aos 14 anos, e com um homem casado, e depois se desencaminhou por um bom tempo, mas graças a Deus conheceu uma pessoa que a trouxe de volta para uma vida mais coerente vamos dizer assim. 

Enfim, tudo isso traduzia em sofrimento e mais desordem na família. Consequentemente, a relação dos meus pais era cada vez mais difícil. 

Meu quarto irmão foi quem, junto comigo, lutou e ajudou a melhorar um pouco as condições de sobrevivência na minha casa. Às vezes, eu tinha vontade me casar para sair de casa, às vezes eu tinha vontade de sumir daquele ambiente, mas na minha concepção eu precisava ficar para ajudar minha mãe. 

Foi uma longa jornada, e eu me casei aos 25 anos. Apesar de toda dificuldade, sempre me dei melhor com meu pai do que com minha mãe, ele era mais amoroso, ao passo que minha mãe era mais triste e fria comigo. Em 1990, casei-me no mês de março. Meu pai faleceu em um acidente em outubro do mesmo ano.

A infância da minha mãe, foi sofrida para conseguir estudar, e o pouco que estudou foi com muito sacrifício, andando 8km a pé para ir e 8km para voltar, ou morando nas casas de outras famílias, o que não era fácil, porém, pelo que ela me dizia, apesar do meu avô também beber muito, ele cresceu num ambiente farto de alimentos.

Meu avô também era mais amoroso que minha avó, segundo ele. Eu pouco os conheci. A adolescência dele foi cuidando dos sobrinhos. Dizia ter pulado essa etapa da vida, em que eu fui leal a ele, pois passei minha infância e adolescência cuidando dos meu irmãos. E também fui leal à mãe  casando com alcóolatra, porém me separei aos 8 anos de casada.

Quanto à infância do meu pai, sei muito pouco, apenas que foi uma vida extremamente sofrida. Minha avó paterna teve 18 filhos, dos quais apenas 9 sobreviveram. Soube que ela abandonou meu avô e foi morar com outra pessoa, pai de três, irmão do meu pai. 

Segundo meu pai, com apenas 10 anos de idade, foi posto para fora de casa, e começou a trabalhar nas fazendas vizinhas em troca de alimentos, e assim foi a vida dele. Nunca nos falou de sua adolescência ou de algum relacionamento, só sei que ele era apaixonado por minha mãe, do jeito dele, mas me lembro de manifestações de carinho dele para com ela. 

Em contrapartida, lembro das preocupações dela para com ele, sobre ficar bêbado numa sarjeta e não ter quem cuidasse dele se ela se separasse, coisas desse gênero.

Se for detalhar, dá um bom livro mas, por hoje, vou deixar aqui um resumo.

GRATIDÃO A DEUS, AO UNIVERSO QUE ME CONDUZIU, DE ALGUMA FORMA, ATÉ O CONHECIMENTO DAS CONSTELAÇÕES FAMILIARES E SISTÊMICAS, ISSO ME TRAZ PAZ.

GRATIDÃO, BERT HELLINGER; GRATIDÃO, OLINDA, E TODOS QUE PROPICIAM MELHORAR MEU CONHECIMENTO.

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