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PAPAI, MAMÃE EU E ALGO MAIS...

PAPAI, MAMÃE EU E ALGO MAIS...
Ana Paula Guimarães Corrêa Luquette
mai. 18 - 6 min de leitura
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Meu pai e minha mãe se conheceram em uma viagem de formatura do ensino médio, naquela época chamado colégio normal.

Minha avó pagou a viagem para minha mãe, escondida do meu avô, pois ele jamais deixaria a filha viajar sozinha, com os colegas de escola para o Rio de Janeiro. Mas como vovó sabia que era o sonho de sua filha, conhecer o Cristo Redentor, pagou pela viagem, e quando o pai se deu conta, a filha  Rita já tinha partido.

Minha avó, claro, aguentou firme a braveza do meu avô, pois para realizar o sonho da filha, valia a pena! Rezava todos os dias para que minha  mãe voltasse sã e salva e principalmente feliz!

Logo na ida, mamãe avistou um moço sorridente, brincalhão, alegre e muito bonito ao seus olhos, porém nunca tinha o visto na escola. Papai também percebeu uma moça, quieta, muito bem vestida e com sorriso encantador. Conheceram-se, ambos se encontraram pela primeira vez nesta viagem, formandos que estudavam na mesma escola, ela de manhã e ele a noite.

Seguiram rumo ao Rio de Janeiro, juntos passearam, conheceram o Cristo Redentor e juntos voltaram para Itapetininga/SP. E  para surpresa de minha avó, mamãe voltou além de sã e salva, com o sonho realizado, um amor, pois voltaram namorando.

Edson foi muito bem recebido, acolhido pela família, não foi difícil, pois era um jovem alegre, de bem com a vida, mesmo com pouca idade, já trabalhava. Aliás, começou a trabalhar muito cedo, aos 14 anos, para ajudar os pais com as despesas domésticas. Era muito esforçado e nunca deixou de estudar para trabalhar, pelo contrário, através de seu trabalho, fez faculdade de Direito, passou em concursos públicos e financeiramente tornou-se bem sucedido.

 Sempre me contou que brincou muito em sua infância, andava sempre descalço, pisava em espinhos e cacos de vidro e o pé não machucava, pois era grosso de tanto subir e descer de árvores, seus pais tinham condições financeiras restritas, eram unidos e mudavam com frequência de cidade por conta do trabalho do meu avô. Papai era um moleque ativo, que adorava brincar, fazer travessuras e meu avô era um tanto bravo, e por isso, papai apanhava com frequência. Era ótimo aluno e seu sonho era ser cientista.

 Minha mãe, em sua infância, sempre muito caseira, minha avó não a deixava brincar na rua, era super protegida e a melhor aluna da classe, a menor nota que teve na vida foi 9,5 e ao final de cada ano era premiada pela escola pelo seu desempenho. Adorava estudar, na juventude, diferente de meu pai, não precisou trabalhar e assim foi até concluir a faculdade de Letras, tornando-se professora.

 Depois de um ano de namoro, Edson e Rita resolveram se casar. Meu pai se casou 5 dias depois de completar 21 anos, assim pode assinar, sendo responsável por seu casamento, já minha mãe precisou da autorização de seus pais, pois tinha 18 anos e a maioridade civil, naquela época era de 21 anos. Parece que tinham pressa para viver, não é?

Quanta felicidade nessa união, os dois se amavam, estavam alegres, radiantes, assim como todos os familiares. Lua de mel, rumo ao Rio de Janeiro, onde tudo começou. Eles se casaram no ano de 1972 e eu nasci em 1976, minha mãe sonhava em ter um casal de filhos e assim foi, meu irmão nasceu em 1973 e depois de três anos eu cheguei.

 Mamãe era muito amorosa, cuidadosa, responsável com a família e com seu casamento, amava muito o papai e era recíproco.

 Foram seis anos felizes, onde minha mãe continuou realizando seus sonhos, a partir daquela inesquecível viagem, Cristo Redentor, amor, casamento, profissão, filhos, mas infelizmente uma abrupta doença a acometeu, tirando sua vida rapidamente e aqui, ficamos nós, pai, avós, irmão e eu um bebê de 11 meses. Ela faleceu aos 24 anos, 18 dias antes de eu completar 1 ano, no mesmo mês de agosto.

 Quanto a mim, hoje com 44 anos, não tenho lembranças de minha mãe, mas sempre soube com riqueza de detalhes sobre ela, meus avós sempre a apresentavam com muito amor, dizendo como ela era, relatando fatos que preenchiam meu coração.

 Minha infância não foi fácil, infelizmente, meu pai já machucado pela vida, casou mais uma vez, este casamento disfuncional,  me trouxe muito sofrimento. Porém, em meio a tudo isso, em meio a muitas ocasiões, cresci vendo e sentindo o amor de meu pai pela minha mãe, através do brilho em seu olhar, cada vez que falava dela e saber daquele amor e carinho me afagava a alma, principalmente porque nasci deles, do amor dos dois.

 Sempre fui muito amada pelos meus avós, que me davam força para suportar, conviver durante minha infância e adolescência com alguém que não me fazia bem. E também não queria deixar meu pai. Não foi fácil, mas diante do que vivi, cresci sabendo o que eu NÃO queria para minha vida.

 Assim como minha mãe, estudei, me formei, trabalhei e principalmente casei com meu amor. Há 18 anos, tenho um marido lindo, que me ama e respeita muito e não mede esforços para me ver feliz e assim faço por ele também. Temos um casal de filhos  lindos, tão sonhados por mim e meu pai, em uma ocasião, me disse que meus filhos, seus netos, também são frutos daquele amor que começou lá atrás, na viagem para o Rio de Janeiro.

 Papai faleceu há um ano e meio, e hoje meu coração se enche de amor, gratidão e paz ao pensar que ele e minha mãe estão juntos, e eu, daqui, por eles, cada dia mais farei minha vida valer a pena, junto com meus filhos... Seus netos.

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