No meu lado familiar materno, muitas mulheres e homens apresentam problemas circulatório, de varizes, alguns homens morreram de trombose. Tanto meu avô no final da vida teve trombose e dois tios tiveram morte fatal devido a esse sintoma.
A dinâmica sistêmica da trombose está muito ligada a energia ameaçada, a necessidade de fazer novo acordo com a vida, de retomar o equilíbrio sistêmico do pertencimento, da compensação e da ordem. Os problemas circulatórios e vasculares também diz dessa vitalidade ameaçada e vai além mostrando memórias de escassez, fome e de ameaça à vida.
Vejo também como sintoma nessa família o aborto, minha própria avó materna me relatou ter provocado dois abortos durante a sua vida fértil. Depois teve outros casos de tia, da minha própria mãe e do meu irmão. Na minha vida pessoal ja tive dois abortos espontâneos, com isso percebo também um sintoma e um movimento repetitivo. Já fiz inclusive constelação para me liberar desse padrão e já incluí esses dois filhos não nascidos na minha história.
No meu lado familiar paterno, percebo uma dinâmica de sintomas relacionados a comer sem moderação, inclusive meu pai já fez cirurgia bariátrica. Sempre me lembro da casa da minha avó com muita fartura, muita comida, onde a gente podia se deliciar sem moderação e era incentivado. Por mais que não percebia uma casa sem afeto, acredito que possa ser alguma memória transgeracional dos meus bisavós ou triavós, pois a dinâmica sistêmica é: onde está o afeto? onde está o amor gratuito? quem não foi valorizado por ser quem era, independente de posição social e situação financeira? Por quem mais está se alimentando?
Outro sintoma característico em algumas pessoas dessa família são os problemas na lombar. Vejo esse sintoma no meu pai, na minha tia e inclusive em mim. E a dinâmica sistêmica diz de conflitos, proibições de ter prazer em viver. Não poder ter prazer, bem como a memória de permissão de alegria, de passar a vida adiante, de vida e de morte.
Vejo que alguns padrões de repetição nas mulheres do meu sistema, a minha trisavó, a minha bisavó, tia avó e tia que são mulheres e não tiveram filhos, ou seja, não passaram a vida adiante. Não foi o meu caso pois tenho um filho e dois não nascidos que meu ventre abrigou, mas vejo em mim uma dificuldade em ter prazer e estou na tentativa de ser mãe novamente.
Dentro da minha família de origem são cinco filhos: o mais velho um homem, a segunda uma mulher, o terceiro um aborto provocado, a quarta sou eu e o quinto é um menino que viveu seis meses e faleceu de uma cardiopatia em decorrência da síndrome de down. Esse sintoma da síndrome de down do meu irmão, apresenta a dinâmica sistêmica, segundo Olinda Guedes, que nesse momento com a vinda dele começa um novo ciclo em todo sistema familiar. Algo muito antigo, uma memória que precisava ser elaborada e agora vem a tona e cessa todo o sofrimento. Um dano causado, agora, por meio do amor incondicional, assim tornasse reparado, resolvido. Esse bebê mostrou pra família um grande completar dentro desse nosso sistema, é como se fosse um divisor de águas, antes e depois daquela criança. Todos viveram mais livres. Essa criança especial é um ser que carregou amor sagrado para cada um do sistema.
Ainda na minha família de origem percebo o sintoma de enxaqueca em minha mãe mas hoje bem mais controlado e na minha irmã a segunda filha que apresenta esse sintoma mais recorrente. A enxaqueca, sua dinâmica é a memória pessoal de trauma de nascimento ou memória transgeracional traumática de ameaça a vida, orfandade, abuso sexual.
Fazendo uma releitura das histórias contadas pela minha mãe, ela de fato teve uma grande dificuldade em conexão com a sua própria mãe, minha vó e em relação a essa minha irmã, engravidou dela com três meses de vida do primeiro filho e seu relato foi da dificuldade em ter um filho perto do outro o que de fato faz sentido com essa dificuldade ou trauma do nascimento.
Pra finalizar fecho com a música do Legião Urbana “Pais e Filhos”: "É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã…"