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CONSTELAÇÕES

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Elizabeth Manhães Ribeiro
ago. 19 - 5 min de leitura
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Processo Curativo de Orfandade

Ao perseverar no processo de curar orfandade transgeracional e pessoal, escolho recordar meu avô paterno, Amaro Ribeiro. Eu não conheço muito dele, mas, acredito, esse exercício me ajudará a dar lugar, no meu coração, aos homens do meu sistema familiar.

Querido avô Amaro, velho Inhozinho, eu lamento muito não ter olhado devidamente para o senhor, com sentimento de amor e gratidão. Infelizmente, no meu coração infantil, eu não quis saber do senhor, pois só o via como o pai de família, que abandonou seus filhos e esposa, desamparados, sem sustento, para ir embora com outra mulher.

E essa era a história contada, mas nunca elaborada com lucidez nas conversas da família, porque, acredito, ainda havia dor presente na vida desses filhos. Por isso, eu só “ouvia falar” que minha avó Luzia foi abandonada pelo marido e deixando para trás seus 9 filhos.

Mas, eu venho aprendendo a olhar histórias de famílias, similares a minha, com mais compreensão, buscando inserir a situação que se apresentava, nos contextos vividos pelas mesmas na ocasião.

Foi assim, observando o padrão de abandono, carência, escassez e doenças hereditárias, da família Manhães Ribeiro, a minha família de origem, que eu pude perceber, o quanto os homens foram negligenciados em suas necessidades de amor e acolhimento.

Lembro-me do meu pai contar que, quando criança, qualquer travessura era corrigida na base do “chicote” e, se outros filhos estivessem por perto, na ocasião do castigo, também apanhavam, para não rirem do irmão. E era essa a demonstração de amor e igualdade que as crianças reconheciam nos seus pais, que hoje sei, eram, sim, seus genitores.

Assim sendo, com essa formação arcaica e disfuncional, esses meninos, quando moços, casavam e, em um movimento contínuo, se tornavam chefes e mantenedores de suas famílias, mas não conheciam o amor paternal confiante, amoroso e incondicional, para cuidarem de seus filhos.

E assim, a formação das famílias era cheia de dificuldades, pois as mulheres casavam-se, ainda meninas, com homens-meninos, que também não souberam como preencher suas vidas, de seus filhos e filhas, com amor.

E essas mulheres, sem “voz” de comando para serem atendidas, também minguavam esse amor materno, do colo ou do aconchego, que as crianças não conheciam, fossem elas meninas ou meninos.

Assim, fomos todos contagiados por essa dor de abandono, pois somos uma família de pessoas carentes e vivendo vidas de escassez.

Agora eu sei!

Os homens achavam que amar era corrigir, batendo nos meninos para aprenderem, mas não viam suas “meninas”. E, como amar o que não se vê? Portanto, as meninas, moças, mulheres desta família sentiram-se, em todas as gerações, inseguras, invalidadas e em relacionamentos de codependência com homens, também inseguros e disfuncionais.

Então, hoje eu consigo perceber, que muitos segredos foram varridos para debaixo do tapete. E eles não se revelaram, pois, por fidelidade ao sistema familiar, as histórias de desamor foram reproduzidas, mas era doído falar sobre isso.

Mas, agora, querido avô Amaro, eu sei e eu vejo o senhor ... e sinto que o senhor vive em mim, pois nas minhas células há o seu DNA e do meus antepassados, bem como as marcas das histórias vividas por todos, mesmo que eu não saiba quais são.

Preciso ainda dizer que, mesmo ausente fisicamente, havia sua presença em nossas vidas, pois meu pai, João Ribeiro, seu filho, parecia com o senhor fisicamente. Ele era também um homem galanteador, falante e encantava as pessoas, com suas expressões filosóficas, imagino, assim como o senhor fazia.

E hoje, através desta carta, quero lhe agradecer por ter sido o marido da minha avó Luzia, pai do meu pai João e de todos os outros tios e tias, pois por suas escolhas, tudo se desenrolou, para hoje eu estar aqui, sendo filha, irmã, neta, prima e sobrinha, neste clã Manhães Ribeiro.

Eu honro você, avô “Inhozinho”, pois hoje, mesmo sem conhecer exatamente como foi a sua história, eu o acolho com respeito e aceitação no meu coração.

Contudo, querido vovô, peço permissão, para seguir com a minha vida, sendo próspera e bem-sucedida, em todos os meus relacionamentos e âmbitos da minha vida, pois essa será minha maneira de honrar tudo que os senhores viveram, para eu estar aqui hoje.

Gratidão ao senhor e aos meus avôs, avós, bisavôs, bisavós e todos os antepassados, dos quais não conheço a história.

Hoje tenho condição de reconhecer seus esforços e dificuldades, consagrando suas vidas e histórias, e acolhendo vocês no meu coração, com respeito, consideração e amor.

Tudo foi como tinha que ser e, hoje eu sei, todos deram o melhor que puderam. E assim é!

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