Comecei meu “curriculum” aos 12 anos. Sempre gostei de estudar, sempre fui dedicada e caprichosa na escola. Com 12 anos quis muito fazer um curso de computação, mas minha mãe não tinha condições de pagar. Meu tio, e padrinho, me presenteou com meu primeiro trabalho remunerado.
Meu salário não era pago em dinheiro, ele pagava meu curso de computação.
A exigência era que eu voltasse para casa para finalizar o almoço da família, pois meu avô nesta época enfrentava um câncer, e era necessário tirar boas notas na escola.
Eu tinha muito orgulho de mim. Eu trabalhava sempre até as 11:30hs e voltava para casa para ajudar no almoço, de tarde ia para escola e das 17:30hs às 18:00hs trabalhava para compensar a manhã, pois sempre saía mais cedo. À noite, eu tinha curso de computação das 20hs às 22hs. Eu me achava muito grande e importante.
Confesso que com 12 anos já era super madura.
Mudei de cidade para fazer o segundo grau. Meu sonho era estudar num colégio particular de irmãs, que minha mãe não podia pagar. Mas eu fui trabalhar para pagar meus estudos.
Dos 13 aos 14 anos, eu dava aula de informática, lembro que meus alunos eram todos mais velhos que eu.
Eu dava aula à noite e estudava de tarde. De manhã cuidava da casa. Ensinar pessoas era mágico e transformador.
Dos 14 aos 18 anos, eu trabalhei em corretora de Seguros. Consegui emprego em uma corretora na esquina da minha escola, comecei como secretária, em seguida passei para a parte de emissão, e dos 16 aos 18, eu era gerente administrativo.
Olhando para isso parece loucura pela pouca idade, mas eu era muito madura e adulta naquela época. Eu investia tudo que eu ganhava nos meus estudos. Fiz segundo grau em escola particular, que eu mesma paguei. Fiz faculdade também com o resultado do meu esforço.
Que bom que eu soube utilizar os frutos do meu trabalho no meu desenvolvimento.
Aos 18 anos realizei um sonho, comecei minha jornada no mundo financeiro e fui trabalhar em banco. Meu pai era bancário, e no pouco tempo que convivi com ele (até meus 6 anos), lembro do quanto eu tinha orgulho da profissão que ele tinha, e o quanto eu o admirava.
Minha carreira se desenrolou nesse mundo Racional do Universo Financeiro.
Foram 18 anos de carreira, curiosamente encerrados para cuidar do meu pai. Eu precisei pedir demissão para poder estar ao lado dele em sua partida para a eternidade.
É louco parar para olhar para esse Curriculum. Foram tantos aprendizados ao longo desse caminho. Convivi com todo tipo de pessoa, de situações financeiras variadas, uns com muito, outros com pouco.
Sempre fui destaque no meu ambiente de trabalho.
Sempre fui muito amada pelos clientes, mas também me sentia machucada, ferida. Me entristecia muito o ambiente competitivo, a forma com que muitos agiam para atingir êxito nas metas. Quando faltava humanidade eu ficava abatida.
Nem por isso deixei de ser o ser humano mais humano possível. Sempre preocupada com meus clientes, com meus colegas, com meus subordinados. Sempre tratando todos de igual para igual, desde a zeladora ao meu maior investidor. E para preencher esses vazios e crises existenciais eu sempre me preenchi com terapia, com cursos na área, com música, com arte.
No meu coração a vontade era de sair desse meio, mas, minha razão me mantinha ali, firme no propósito de dar uma vida melhor para os meus. Assim, fui realizando muitos sonhos.
O sonho da primeira moto, do primeiro carro. O sonho da primeira casa, das viagens. O sonho de concluir faculdades, cursos e dar uma escola maravilhosa para minha filha. O sonho de oferecer plano de saúde para minha mãe. Foram muitos sonhos realizados e muitas conquistas.
Em nenhum momento da minha vida lembro de ter esbanjado dinheiro com coisas que não fossem importantes. Eu trabalhava muito, mas eu investia todo meu esforço no que achava ser o melhor.
Quando meu pai descobriu o câncer, foi a primeira vez que me deram a oportunidade de conviver com ele depois dos 30 anos que vivemos afastados. Quando ele foi pela última vez para UTI, eu precisei fazer uma escolha, pedir demissão para estar ao lado dele ou permanecer no banco.
Confesso que foi a escolha mais fácil que fiz na vida. Eu tive total apoio dos meus superiores. Eu larguei tudo, uma carreira linda, para ir passar os dias que Deus permitisse ao lado do meu pai. O homem que tanto amei e não pude ter em presença física, mas que agora o destino me presenteava com sua companhia. Foram dias inesquecíveis. Foram poucos dias, mas foi o suficiente.
Quando falo que decisões definem destinos, vejo claramente que foi assim com o meu. Hoje, apesar de ainda trabalhar no meio financeiro, trabalho em um lugar mais sossegado, livre de disputas e metas. Um lugar onde consigo aproveitar o meu tempo para estudar, ler e me preparar para um futuro lindo que vejo chegar.
Sei que minha vida profissional estará completa quando eu puder estar ativamente ajudando pessoas. Nada no mundo me traz maior sensação de plenitude que isso. É para isso que estou me preparando dia após dia.
Meu pai partiu e sinto que do céu ele tem organizado tudo para mim. As escolhas que certamente eu teria medo de fazer, ele deu um jeitinho de fazer acontecer. As pessoas que eu precisava encontrar para me sentir feliz ele colocou no meu caminho.
Hoje, faço esse curso junto com o amor da minha vida, um homem que me completa e que me traz experiências de vida que jamais pensei vivenciar. Sinto que nossos mundos se cruzaram para nos completar. E saber que temos uma missão juntos, objetivos juntos, e muitos sonhos juntos, nos potencializa ao extremo.
Estamos vivendo esse universo das Constelações e nos preparando para juntos, e através do amor, levar muita cura para as pessoas. Vejo um futuro brilhante pela frente. Vejo o bem vencendo o mal. Vejo o amor vencendo a guerra.
A nossa estratégia é ser feliz e fazer os outros felizes.
Gratidão por isso!