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PRODUÇÃO TEXTUAL - RELAÇÕES CONJUGAIS E RELACIONAMENTO PAIS E FILHOS

PRODUÇÃO TEXTUAL - RELAÇÕES CONJUGAIS E RELACIONAMENTO PAIS E FILHOS
Patrícia Werner
jul. 16 - 7 min de leitura
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E quando a gente aprende que o que faz o amor dar certo é o sentimento de pertença, a gente muda o olhar sobre tudo.

Sentir-se amado, cuidado, zelado, sentir-se importante é uma experiência que todos deveríamos experienciar.

As pessoas estão tomadas por corpos de dor, necessitam reconciliar-se com a vida. Tomadas por suas dores são incapazes de se relacionar.

As parcerias funcionam se antes de tudo as pessoas estiverem plenas de si. Só poderão ser felizes com o outro se antes forem felizes consigo próprio. O que traz o sucesso na parceria é a cura do repertório de amor de cada um.

Se interesse em fazer o outro feliz, mas só permaneça em relacionamentos onde o outro também está interessado em te fazer feliz.

Alimente os pilares do relacionamento, tenha empatia, viva o amor do coração, o amor gratuito, se conecte com seu par sexualmente, tenha algo em comum para amar, um filho, uma missão.

Respeite os pais dos seus filhos. Seu filho é parte disso e a criança interior merece e precisa ser amada.

A solução para o sofrimento dos filhos está nos pais, portanto cuide de sua criança interior e cuide da criança interior de seu filho.

Todas as lições citadas acima são base para relacionamentos saudáveis.

Aprendendo isso começo a analisar com mais clareza o relacionamento dos meus pais.

Se conheceram jovens, na adolescência, viveram um amor bonito.

Meu pai sempre galã, muito cobiçado pelas mulheres. Caçula e único homem depois de três mulheres. Minha mãe sempre fazendo tudo por ele, sempre doce, prestativa, a filha mulher e a irmã mais velha.

Vejo que desde o início do relacionamento deles existia uma doação maior por parte dela e talvez uma imaturidade da parte dele.

Mesmo assim eles foram amadurecendo e criando uma relação de respeito e amor.

Nunca vi meus pais brigarem. Sempre os vi dividindo a mesa, fazendo esportes juntos, assistindo filmes, viajando. Sempre fui uma criança muito amada pelos dois.  

Minha mãe sempre dedicada a ele, renunciava a ela para manter a vida dele da melhor forma possível.

Percebo que faltou equilíbrio entre o dar e receber dos dois.

Quando ela passou a se doar de uma forma que ele não conseguiu retribuir ele encontrou em outra pessoa um lugar mais confortável para ficar.

Ele fraquejou quando não respeitou a mulher que tinha. Mas ele ainda não tinha consciência disso.

Meu pai é um homem bom. Tão bom que não conseguiu suportar o julgamento pelo erro cometido. Tão bom que se isolou de todos, inclusive de mim. Isso se tornou um corpo de dor muito grande para ele que por 30 anos viveu longe de mim sem saber como se expressar e sem permissão para se reaproximar.

Nesse período minha mãe viveu a dor de um amor interrompido. A solidão de quem ama um homem que já não a ama mais. A responsabilidade de criar uma filha sozinha e os medos e inseguranças que a acompanharam por toda vida.

Uma relação que começou parecendo um conto de fadas e se tornou um imenso corpo de dor.

Hoje vejo o quanto carreguei eles e as histórias deles em minha vida.

Se meu pai faltou a minha mãe, eu precisei ser a pessoa forte da casa. Eu fui buscar o sustento, eu dei o colo, a segurança, o amor, o carinho que ela precisava. Quando ela chorou eu consolei. Quando ela precisou eu ajudei.

Eu precisei me manter forte mesmo sem a presença do homem que eu tanto amava. E percebo como esse vazio foi sendo preenchido de diversas maneiras. Até eu perceber que o vazio dele só poderia ser preenchido com ele.

Foi engraçado analisar como na infância e juventude essa ausência não pesou tanto como na vida adulta.

Mas o amadurecimento, a vida e os acontecimentos, foram tornando cada vez mais necessário olhar para minha criança ferida.

Vejo que ordens não foram respeitadas. Eu deixei de ser filha para ser mãe. E fui sendo mãe de todos a minha volta. Vivenciei 30 anos de distanciamento dos meus pais, e é tão cruel saber que nossos pais não conseguem conviver, conversar e se respeitar. Dói tanto ver isso acontecer.

Ano passado, a vida me reaproximou do meu pai em função de uma doença cruel e que rapidamente evolui para óbito. E por mais que o local do nosso reencontro tenha sido um leito hospitalar, ter tido a oportunidade de viver nosso amor interrompido foi extraordinário. Ele guardou 30 anos de amor e me deu todo ele em 3 meses.

E eu tive a oportunidade de colocar meu pai em contato com minha mãe para que se perdoassem e dissessem o quanto se amavam.

Ainda irei escrever um livro chamado 30 anos em 3 meses, porque hoje entendo, aceito, e glorifico minhas experiencias. Fui tão fortalecida para as batalhas da vida e hoje me sinto capaz de ajudar o mundo inteiro mostrando o poder do amor.

Hoje, lá do céu, meu pai se conecta comigo 24horas por dia. E minha mãe finalmente encontrou a felicidade.

Encontro ele no meu porto seguro quando me sinto ansiosa ou com medo. Sempre me vejo em seu colo, num jardim amarelo, pequena, ganhando seus carinhos. Tenho ido tanto a esse porto seguro me preencher de amor e afagar minha criança interior.

Esse módulo certamente me trouxe mais certezas do que curas. As curas eu já havia conquistado. Hoje tenho a certeza do poder que meus aprendizados ao longo da vida me proporcionaram.

Hoje sei que devemos honrar pai e mãe, que devemos cuidar das crianças do nosso sistema. Hoje estou pronta para um relacionamento que honra o que precisa ser honrado, que respeita o que precisa ser respeitado, que acolhe o que precisa ser acolhido. Me sinto tão feliz por isso. E mais do que isso, hoje, encontrei o AMOR que me faz viver isso da melhor forma que poderia vivenciar, que entende, que aceita, que aprende, que luta todos os dias para o nosso amor dar certo.

Se ame antes de amar.

Sou grata por ter me tornado quem me tornei.

Sou grata por estar me tornando quem sempre desejei ser.

Sou grata por amar e ser tão amada.

 

Por: Patrícia Werner 16.07.2021

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