Nesse tempo de um ano em que resolvi me curar dos meus emaranhados e traumas, sofri bastante com minha procrastinação, sempre almejava ler livros, comprá-los, mas nunca realizava.
Já fui uma criança e adolescente muito estudiosa, que amava ir à biblioteca e locar vários livros todas as semanas. Como adulta me vi procrastinando e dando desculpas incabíveis, já que temos muitas coisas em PDF. Precisei de diversas terapias e meditações para sair desse círculo vicioso das desculpas. Hoje, posso me orgulhar de mim mesma, por que consegui vencer essa paralisação e estou com a leitura em dia, como a Olinda aconselha.
No segundo capítulo, onde a Olinda fala sobre lealdade sistêmica, quero escrever sobre a minha lealdade. Meus avós paternos se separaram e essas separações nos casamentos continuaram com meus pais e comigo.
Meu pai se separou três vezes até encontrar alguém com quem está até hoje.
Ele teve uma primeira noiva com quem rompeu porque estava com ela e a minha mãe ao mesmo tempo. Casaram por causa de uma gravidez não esperada, no caso, eu. E da mesma forma que ele se separou da noiva, se separou da minha mãe para casar com outra pessoa com quem ele tinha um relacionamento paralelo.
Mas, esse casamento também não deu certo, porque ao descobrir que essa sua esposa o traía, ele desfez o casamento. Então surgiu uma nova pessoa na vida dele, com quem ele vive até hoje.
Logo ao crescer, fui leal a todos da família. Casei grávida com o pai do meu filho, eu com 18 anos e ele com 23 anos. Ele me traiu da mesma forma que meu pai e casou com a amante, nesse caso me tornei uma repetição de minha mãe. Fiquei 7 anos solteira, apenas cuidando de meu filho. Mas aos 29 anos, me casei com meu segundo marido.
Novamente a história se repetiu.
Ele terminou comigo e casou com a amante. Mais uma vez representei minha mãe e a vítima. Dessa vez fiquei 5 anos solteira. Conheci uma nova pessoa e me enchi de esperança. Mas agora me vi como perpetradora, onde eu devolvi a traição. Representei meu pai. Terminamos e segui sozinha. Por isso compreendo exatamente o que a Olinda diz a respeito de lealdade aos pais.
Atualmente busco a cura de tudo que ficou para trás. Procuro a ordem que libera. Agradecer quem veio antes, honrar meus antepassados, tentar fazer um pouquinho diferente, mas como na história da Mariana, ainda não tive um final feliz para contar para vocês.
Estou no processo, curtindo a jornada, meditando, rezando, estudando, lendo.
Na aula quatro, Olinda cita a lealdade daqueles que não conseguem seguir algo até o fim. Me vejo muito assim. Ainda estou trabalhando nisso para que eu consiga prosperar. Não tenho o conhecimento de quais avós passaram pela escassez. Mas noto que é algo maior do que eu. Ainda estou no amor que adoece. O vínculo de amor interrompido foi com meu papai, já que viemos do Rio Grande do Sul para o Paraná e ele ficou lá. Fui vê-lo novamente 7 anos depois.
Na aula que fala do atuar em nível de espírito, vejo que nunca me defendi. Sempre abaixei a cabeça apenas. Nunca fui valente ou corajosa, agora com as terapias eu consigo ser um pouco melhor em me defender, mas sem ser reativa. Sobre a reatividade venho trabalhando nesse um ano.
Para finalizar esse texto sobre minha vida, vejo que o texto em si é uma constelação individual, onde estou no movimento de curar muitos emaranhados, muitas lealdades com meu sistema familiar e que nunca é tarde para iniciarmos essa busca. Me sinto privilegiada de estar nesse curso tendo a oportunidade de escrever sobre minha vida.