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QUANDO O CAOS CONVIDA...

QUANDO O CAOS CONVIDA...
Márcia Campos
ago. 31 - 5 min de leitura
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Mas tudo o que é exposto pela luz torna-se visível, pois a luz torna visíveis todas as coisas. (Efésios 5:1-13)

Ao longo do tempo os sofrimentos humanos foram objeto de extensa perquirição no campo do conhecimento. Filósofos, místicos, empíricos, cientistas, sociólogos, antropólogos, psiquiatras, psicoterapeutas e, tantos outros, falaram sobre a questão dos sofrimentos humanos, buscando esclarecer as possíveis causas razão de sua existência e as formas de se ficar livre deles.

Muitos dos sofrimentos experimentados pela humanidade, em geral são realmente evitáveis e, mesmo que causem grandes incômodos, os seus portadores 'bem' convivem com eles, até que cheguem a seus termos.

Outros sofrimentos há, porém, que se revelam o caos no ambiente em que se manifestam, tornando muito difícil a vida daqueles que lhes experimentam diretamente a ação dolorosa. São chamados de noites escuras da alma e impedem que aqueles que os experimentam desfrutem da alegria de viver.

Todo ser humano está sujeito a passar por essa difícil experiência que é  pessoal, intransferível ou que sequer pode ser evitada. Ela surge e faz, com quem esteja vivendo a sua noite escura, experimentar solidão, porquanto os que lhe cercam não compartilham do seu ambiente mais íntimo, qual seja a sua própria alma, embora possam sofrer indiretamente com isso. A história humana é repleta de exemplos nesse sentido.

A expressão noite escura da alma pode ser interpretada como um momento caótico que é experimentado pelo homem, o qual, contudo, serve a um propósito, conforme esclarece a filosofia sistêmica.

Exemplo de um momento caótico seria o colapso mental que os místicos cristãos do período medieval experimentavam antes de seu despertar espiritual. Seria, para eles, o preço que teriam que pagar para conseguir a sua ascese espiritual, como sugere o poema do frade carmelita São João da Cruz.  

Na abordagem sistêmica, a noite escura da alma do crente, o qual fará o salto evolutivo através do período caótico que experimentará, guarda similaridade com aqueles sofrimentos humanos considerados incompreensíveis, que igualmente revolucionam o meio onde se encontram.

No olhar sistêmico, o propósito por trás da sua existência é, mediante a medida coercitiva e drástica, que traz muito sofrimento, fazer com aquele sistema onde a noite escura se manifestou, olhe para o que exige ser visto e ter solução.

É medida natural e saneadora, a qual está a serviço de algo maior que, talvez, seja incompreensível quanto ao seu modo de agir, mas que revela, ao final, um propósito útil e bom.

Alguém já disse: Na noite escura da alma, não tendo como olhar para fora, somos levados a olhar para dentro. (Wilmar Leitte, www.pensador.com

Ou seja, o sistema familiar é compelido a olhar para o que ocorre dentro dele. Já não lhe é mais permitido ignorar o que ocorre e algum(ns)  do(s) seu(s) membro(s) assumirá(ão) a difícil tarefa de ser mensageiro(s) da(s) sua(s) necessidade(s).

A noite escura da alma pode se apresentar a alguém por meio da sua vida financeira, do seu corpo físico ou dos seus relacionamentos, sendo que os efeitos dela reverberam no entorno daquele que assumiu o papel de interprete do sistema. A sua característica marcante é que traduz um corpo de dor que não tolera mais não ser visto nem curado.

Eckhar Toller sugere que a noite escura da alma é a oportunidade na adversidade. Sendo a desordem - o outro nome da adversidade - existente no sistema familiar, o convite para focar no presente, seja ele qual for, pois a realidade, seja ela como for, é sempre superior a qualquer fantasia engendrada pelo ego. (www.eckhartolle.com)

Em O Poder da Cura, o mesmo autor revela que não se pode lutar contra esse sofrimento (a noite escura) porque tal proceder poderia gerar conflito interior e sofrimento adicional. Restando apenas a opção de aceitá-lo como parte do que existe nesse momento.

Paulo, de Tarso, o Apóstolo do Gentios, atesta que todos temos noites escuras. Lembrando que ele, antes de adotar o nome latino, fora o conceituado doutor do Sinédrio, de nome hebraico Saulo.

A injusta perseguição aos cristãos promovida por ele revela a prolongada noite escura da sua alma naquele momento. E, depois da sua conversão, face ao seu encontro com a Luz Divina na Terra, na estrada para Damasco, outras tantas noites escuras se apresentaram a ele, qual o caos a convidar-lhe para o seu salto evolutivo.

Foram muitas as noites escuras do meu ego e do meu grupo familiar, impondo-nos sofrimentos acerbos que ainda não conseguiram curar totalmente os corpos de dor que continuam atuantes, exigindo a nossa atenção.

Quantas noites escuras ainda estarão reservadas para a população da Terra, que insiste em excluir, rejeitar e não ver? Que mantém a desordem e que desrespeita a compensação, ofendendo a lei do amor?

Quando o caos convida... já não se pode dizer não.

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