Queridos antepassados,
Hoje estou aqui porque quero que saibam que eu sou muito grata por ter chegado até este momento porque cada um de vocês permitiu que assim fosse.
Sei que alguns de vocês vieram fugidos de guerra, da Alemanha, para o nosso Brasil. Outros vieram de Portugal, porém, não sei em que condições e, ainda, alguns de vocês estavam no Brasil, legitimamente brasileiros por serem indígenas.
Exatamente hoje estou fazendo quarenta anos, se fosse possível, gostaria de ter cada um de vocês perto de mim, para abraçá-los e dizer o quanto foram e são importantes para mim, e hoje sei que, epigeneticamente, eu os tenho em minhas células!
Na minha imagem interna eu vejo a nós todos juntos fazendo uma grande roda, com uma fogueira no centro e todos nós a conversar, ouvindo cada um, saber o que passaram, como foi chegar até o nosso país. Quem já estava aqui, como era este lugar? Quais situações marcaram? Como viviam? Como faziam para prover as necessidades? Qual foi a maior emoção que viveram?
Eu olharia nos seus olhos, queria sentir o cheiro de cada um, segurar suas mãos, sentir os seus corações pulsarem e agradeceria, e agradeço, daqui, do fundo da minha alma, por tudo o que foram, porque foi por causa de cada um que eu cheguei até aqui.
Fisicamente já não é possível, mas faço isso internamente, através de mim.
Porque cada momento que viveram, cada batalha enfrentada, cada um que precisou partir, cada enfrentamento, os amores, as dores, tudo isto tem o seu lugar, de alguma forma, dentro de mim.
Estou tão emocionada ao pensar em quem foi, quem é cada um que faz parte da minha árvore genealógica que mal consigo escrever, então, me despeço, deixando um beijo no coração de cada um que eu conheci e àqueles que eu também não conheci.
Gratidão!