Depois da Constelação, como percebo meus pais?
Bert Hellinger, um dos grandes nomes da constelação familiar observou que tanto o pai quanto a mãe trazem influências profundas para os filhos, além daquelas que são geradas na convivência em seu cotidiano.
Bert Hellinger, diz que os nossos relacionamentos com nossos pais refletem fortemente no movimento da nossa vida. A forma como nosso relacionamento com eles é desenvolvida, determina o modo com que nos colocamos no mundo.
O pai é aquele que junto com a mãe participa do momento do amor, e é desse amor que nascemos.
No estudo das Constelações, vemos que muitas de nossas angústias e medos decorrem da rejeição aos pais ou da dificuldade de relacionamento com eles.
Antes de começar o Curso de Constelação, eu tinha uma visão não muito positiva sobre meus pais. Eu considerava que o relacionamento com eles estava bom, mas, na verdade, hoje vejo os erros e omissões que tomei na forma de interpretá-los.
Meus pais tiveram uma infância difícil em cidade do interior de Pernambuco. Cresceram com dificuldades financeiras, pais (meus avôs) que traíram suas mães (minhas avós), tiveram pela necessidade de trabalhar muito cedo na roça para ajudar no sustento da família. Tiveram pouca escolaridade e uma educação rígida dos pais deles (meus avós).
Meu pai sempre foi muito duro, muito machista e até achegou a distratar minha mãe. Ele nunca teve uma boa relação com seus irmãos. Nunca tivemos um contato muito agradável com minha avó paterna.
Minha mãe sempre muito batalhadora. Sua família com muitos irmãos, sempre disse que seus pais eram muito carinhos e dedicados mesmo com os problemas que existia dentro de sua família. Minha mãe, sempre teve um bom relacionamento com seus irmãos, eles sempre foram muito unidos.
Só adulta minha mãe conseguiu se formar no ensino médio. Fez Supletivo na época com muito esforço. Já tinha seus três filhos e mesmo assim conseguiu concluir seus estudos. Seu sonho era ser professora. Mas, infelizmente não conseguiu.
Minha mãe é viva e meu pai já é falecido, eu sou muito grata por eles. Eles sempre me incentivaram à estudar. Sempre valorizaram muito o estudo, hoje sou professora e gestora escolar e eles têm um orgulho enorme, pelo fato de eu ter feito faculdade, pós-graduação e outros cursos, enfim sempre estou estudando.
Meu pai sempre foi um pai amoroso e dedicado para que nunca faltasse nada para nossa família, era alcoolista, mas sempre foi muito responsável em seus empregos e com a família.
É confortante para mim saber que sempre fizeram o melhor por mim e meus irmãos. Sei que o que fizeram foi o suficiente.
Através da Constelação sistêmica, tenho a oportunidade de olhar para a trajetória deles e os sentimentos que tenho são:
- Gratidão e Amor: se dedicaram para que eu e meus irmãos fôssemos as pessoas que somos hoje. Sei que fizeram de tudo para nos fazer felizes e realizados.
- Perdão e paz: hoje tomo meus pais, com os defeitos que tiveram e sei compreender o motivo de certas atitudes, pois não podemos oferecer aquilo que não temos.
Estudar e reconhecer as ordens do amor, me faz sentir muito bem em aceitá-los como são. Entender e compreender algumas atitudes e saber que o possível foi feito e que eles me deram a vida, assim eu os tomo e me comprometo em fazer desta vida a melhor que eu posso fazer para que assim eu possa honrá-los de forma digna e sensata.
Sempre ao me deitar eu digo para eles em pensamento, que eu os compreendo e os tomo, que os amo. Percebo que este exercício me despertou a necessidade de estar mais próxima deles e sempre dizendo que os amo. A reconciliação aconteceu e assim posso ver o quanto estou evoluindo na área pessoal, profissional e social.
“Sinta o que aconteceria na alma se você imaginasse crianças dizendo para seus pais: 'Aquilo que você me deu, primeiramente, não foi correto, e segundo, não foi suficiente. Vocês ainda me devem'.
O que estas crianças têm de seus pais quando sentem as coisas desta forma? Nada. E o que os pais tem de suas crianças? Também Nada.
Tais crianças não conseguem se separar de seus pais. Sua demanda e suas acusações os ligam de tal forma a seus pais que, apesar de estarem vinculados com seus pais, é como se não tivessem pais.
Elas se sentem vazias, carentes e fracas.
(...) que as crianças tomem de seus pais, aquilo que estes podem dar, da forma que vier”. Bert Hellinger