O relacionamento conjugal dos meus pais era relativamente tranquilo pelas lembranças que eu tenho. Não era comum ver meus pais brigando ou discutindo.
Minha mãe tinha o costume de quando alguma coisa a desagradava, ela se calava e ficava no canto dela sem muitas conversas. Meu pai, já tinha o hábito de falar e brigar quando estava contrariado com alguma coisa.
Meu pai bebia e isso deixava toda a família muito triste.
Quando chegava em casa bêbado, todos nós ficávamos quietos e desolados. Ele não costumava brigar e nem se tornava agressivo, chegava em casa, tomava banho e ia dormir. Por causa disso, perdíamos os momentos de convivência com todos juntos. O fato do meu pai beber também nos causava tensão, porque sabíamos que devido ao seu problema no coração a recomendação é que ele não bebesse mais.
Meus pais não possuíam o hábito de trocar carinhos ou gestos afetivos na frente dos filhos.
Hoje, eu enxergo que a relação deles tinha muito respeito, porém sem tanta afetividade, principalmente da minha mãe não tenho lembranças dela abraçar, pegar na mão, beijar ou qualquer outro gesto de carinho em relação ao meu pai. Meu pai já era mais carinhoso.
Minha mãe era a figura que comandava a casa com o consentimento do meu pai.
Lembro-me que em uma determinada época minha mãe quis voltar a estudar e depois trabalhar fora. Esse fato desagradou muito meu pai, embora ele não a impediu.
Quando minha mãe começou a trabalhar fora, ela se entregou ao trabalho e passava muito tempo se dedicando às suas coisas. Meu pai ia ficando cada vez mais insatisfeito. Ele se aposentou e depois de 1 ano, ele faleceu. Eu tinha 17 anos.
Após o falecimento do meu pai, minha mãe trabalhava mais e mais, só diminuiu o ritmo por causa da pandemia, aos 75 anos.
Tenho um carinho enorme pelo meu pai e sinto uma grande conexão com ele. Mas não sinto a mesma coisa pela minha mãe, embora tenha uma boa relação com ela, a vejo todos os dias e almoçamos juntas diariamente.
Lembrar do meu pai e olhar para seus antepassados, me aquece o coração.