O casamento de meus pais começou difícil; minha mãe foi rejeitada pela família de meu pai.
Ela era filha de bugre e meu pai era alemão.
O preconceito era forte pela colonização alemã.
Eles moravam na cidade de Pomerode onde tudo começou, e lá é nomeada a segunda Alemanha do Brasil.
Com o tempo meus pais tiveram minha irmã, onde já sentia o efeito dessas dores desse relacionamento.
Minha mãe já estava esgotada de tantas frustrações e olhares de rejeição.
Acabou passando essa energia em forma de rejeição pela própria filha: ela nasceu alemãzinha e os olhos se voltaram para essa criança e então minha mãe teve raiva da própria filha.
Depois de quatro anos eu nasci, onde vim com muito cabelo e mais morena. Então minha mãe me aceitou, pois eu era parecida com ela e não com a família alemã de meu pai.
E essa diferença entre mim e minha irmã era notória.
As brigas eram constantes entre as duas e meu pai sempre protegia minha irmã.
As brigas fizeram meus pais se separem quando eu tinha 15 anos.
Depois de três anos, meu pai faleceu de infarto fulminante.
E antes dele falecer eu tive uma conversa com ele sobre a vida .
Ele dizia que ainda amava a minha mãe.
Percebo como filha o preço que os dois pagaram pela dor do racismo e o poder que as fofocas tem em um relacionamento.
Eu sinto muito que não houve mais tempo da cura do amor de meus pais .
E eu sou grata por ter essa consciência de que os outros não têm mais o poder de influenciar a minha vida; pois aprendi com meus pais que isso pode destruir uma família .