Meu pai se casou com minha mãe com 22 anos de idade e minha mãe tinha 21. Casaram apaixonados um pelo outro. Logo no primeiro ano minha mãe engravidou de mim.
Depois que nasci, quando já tinha 7 anos, minha mãe ficou muito doente. Os médicos não encontravam diagnóstico para seus sintomas. Falaram que eram nervos. Meu pai e ela trabalhavam muito na lavoura para consegui o sustento e principalmente cuidar de minha mãe, que sempre ficava internada em hospitais.
O relacionamento dos dois foi de companheirismo, dedicação e amor.
Meu pai ficou órfão aos 11 anos de idade. Sua infância foi muito carente do material, mas também de carinho e cuidados.
Minha avó era parteira e ficava 5 dias longe do lar para cuidar das mulheres grávidas dos arredores. Era uma maneira dela sustentar a família, pois quando vinha para casa trazia dinheiro para sustentar seus filhos.
O relacionamento dos meus avôs maternos era conturbado.
Meu avô era alcoólatra e minha avó brigava muito com ele.
A infância de minha mãe foi de muito trabalho. Levantava às 4 da manhã para acender o fogão a lenha e fazer o café para ir com o irmão mais velho cuidar da lavoura de café.
Não faltou o material, mas faltou o amor de olhar o que faltava para as crianças.
Diz ela que tinha muito medo e era obrigada a andar no meio da mata muitas vezes sozinha para levar almoço para o irmão, mesmo não querendo.
Observo porquê também eu, aos 7 anos, comecei ter dores horríveis na barriga e chorava muito embaixo dos pés de café.
Eu queria também que alguém olhasse minha dor, meu medo e me tomasse no colo e falasse:
- Mamãe está aqui!
A orfandade é visível dentro do meu sistema! Agora sei.
Há uma profunda dor quando se fala de pai ou mãe.
Para mim agora que caiu a ficha que eu também estava vivendo uma orfandade, apesar de ter uma mãe maravilhosa e um pai também.
Sempre me senti menos amada que meus irmãos e me doía muito.
Hoje sinto o amor de meus pais por mim. Foi o maior presente que Jesus me deu! Descobrir esse amor para que minhas filhas também descubram o amor do pai delas por elas.
Já não é um olhar distante entre duas pessoas.
Tenho escolhas? Por pequenas que sejam, eu escolho o amor, o pertencimento a um relacionamento funcional na medida certa.
Gratidão!