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RELACIONAMENTOS CONJUGAIS NO MEU SISTEMA

RELACIONAMENTOS CONJUGAIS NO MEU SISTEMA
Adriana Cristina
ago. 19 - 11 min de leitura
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Que módulo lindo, estou apaixonada.

Sobre os relacionamentos conjugais do meu pai, João, pouco tenho conhecimento. Sei que antes da minha mãe, ele teve uma esposa de quem se separou anos depois. Pouco sei dessa relação. Tenho lembranças de quem é essa pessoa, mas não sei nada sobre o relacionamento deles.

Não tenho muitas histórias pra contar sobre meu pai. Não sei nada de sua adolescência e nada sobre sua infância. Sei que minha avó era difícil de lidar e que sofreu com meu avô, inclusive violência doméstica. Nunca soube de existir uma relação de afeto na família de meu pai, pelo menos pelo que presenciei enquanto criança, e depois. Não lembro de ter visto momentos de afeto e carinho entre meu pai e seus pais, meu avós. Não lembro ter visto um abraço ou uma palavra carinhosa. Conosco, meu avô era até carinhoso e minha mãe o tinha como um pai, mas minha avó era osso duro de roer, nunca tinha uma palavra bonita para dizer

Na família de meu pai cada um se virava como podia, alguns foram embora, uma tia teve filhos e deu para adoção, outra teve filho e deu para outra tia criar. Já ouvi dizer que algumas tias eram mulheres da vida, mas não sei se é verdadeiro. Só sei que pela vida familiar que tinham, todos tiveram muitas dificuldades de seguir na vida, inclusive meu pai.

Meu pai quando jovem, após separar-se foi para a Bahia, na cidade de Vitória da Conquista, onde tinha parentes. Minha mãe morava lá e os dois se conheceram. Na época, minha mãe era noiva de um homem gago, com quem não queria se casar. Então, sem saber precisar quanto tempo depois, minha mãe fugiu com o pai para a cidade onde moramos hoje.

Minha mãe, Vivi, perdeu sua mãe, minha avó, quando tinha 13 anos e então foi morar com sua bisavó. Sei que ajudou a criar os irmãos mais novos e que teve uma vida difícil.

Pelo que sei minha mãe teve uma boa infância, embora seu pai fosse rígido, ela fala da infância e adolescência com saudades. Ela conta que brincava com as primas e irmãos, que dançavam na rua, fala das festas de São João e das reuniões da vizinhança, sempre com muita música, dança e alegria. Sei que meu avô não permitia que ela freqüentasse bailes e nem saísse sozinha.

Sobre o relacionamento conjugal dos meus pais:

Após virem para União da Vitória, minha mãe logo engravidou de mim, e eu nasci quando ela tinha 22 anos. Sei que fomos para a Bahia bem poucas vezes, talvez 1 ou 2, no máximo. Não tenho lembrança alguma da família de minha mãe. Sei que nos conhecemos quando eu era muito pequena, mas nunca mais nos vimos. Hoje com acesso às redes sociais, sabemos uns do outros, temos contatos razos, mas só.

Meu pai bebia muito, trabalhava, mas gastava o pouco que ganhava em bebidas e jogos. Passamos muitas dificuldades inclusive para nos alimentar. Meu irmão Cristiano nasceu quando eu tinha 2 anos e 9 meses. Nunca soube se minha mãe sofreu violência doméstica nas gestações, e nem quando exatamente isso começou, mas tenho lembranças desde muito pequena das violências domésticas que ela sofria com meu pai. Lembro que eu e meu irmão gritávamos sem parar, até que alguém viesse para socorrê-la.

Com o tempo minha mãe arrumou trabalhos de diarista, para que pudéssemos pelo menos ter o que comer, já que muitas vezes dependíamos de vizinhos para nos alimentar. Minha mãe, baiana, de uma cultura totalmente diferente, comidas diferentes e muitas outras coisas, foi trabalhar em casas de família, e teve que aprender tudo para poder continuar trabalhando

Meu pai com o tempo, parou de trabalhar, pois viu que minha mãe dava conta das coisas. Morávamos mal e nos alimentávamos mal, muitas vezes com farinha e chá. Nunca passamos fome, mas minha mãe sim, pois dava sua parte da comida para nós.

Quando eu tinha 7 anos nasceu meu irmão mais novo, Juliano. E meu pai embora não trabalhasse, não cuidava do meu irmão. Então eu, uma criança de 7 anos, cuidada de um irmão de 4 anos e outro de apenas 40 dias, para que minha pudesse ir trabalhar.

E o relacionamento deles seguiu assim, por muitos anos. Violência doméstica frequente, bebidas e fiascos. Lembro que uma vez meu pai bateu na minha mãe porque ela não queria ter relação sexual. Como uma mulher poderia querer relação sexual, com um homem que só a maltratou desde sempre? Acho que eles nem souberam que eu sabia a razão, mas eu sabia.

Meu pai batia na minha mãe, colocava a gente pra fora de casa e a gente tinha que achar onde dormir. Às vezes num vizinho, numa tia, mas nunca na casa da minha avó. Minha avó nunca aceitou a gente, ela dizia que a culpa era da minha mãe. Não lembro de algum momento ela chamar atenção do meu pai, por causa disso. Já meu avô se posicionava a favor de minha mãe.

E nossa vida seguiu assim, por muitos anos, até que ficássemos adolescentes e pudéssemos defender minha mãe de algum jeito.

A relação conjugal dos meus pais era péssima, abusiva, de violência física e psicológica.

Minha mãe por sua vez, ficou nessa relação até a morte do meu pai, há quase 19 anos. Sozinha, numa cidade desconhecida, sem apoio e extremamente pobre. Ela não poderia voltar para sua cidade natal, junto de sua família, afinal, ela fugiu de lá e agora não iria voltar com filhos nos braços, e, também, nem dinheiro tinha para uma viagem.

E assim seguimos, naquele ritmo. Ela trabalhava e mantinha a casa, eu e meu irmão do meio, começamos trabalhar cedo também e ajudávamos nas despesas. Ela tinha 2 empregos e ainda lavava roupas e passava, pra fora. E além de tudo ainda tinha que comprar cachaça e fumo pro meu pai.

Lembro de uma vez que minha mãe acordou com meu pai bêbado colocando uma faca em seu pescoço, depois daquele dia, ela passou a dormir comigo. Teve uma vez também que ele bateu nela e quebrou sua costela.

Uma relação tão triste e abusiva e, mesmo assim, após uma ameaça de infarto, meu pai teve que parar de beber mas minha mãe fazia cerveja caseira pra ele. Depois de um tempo ele voltou a beber, porém só cerveja, e a gente tinha que comprar pra ele, pra poder ter paz em casa. Ainda assim, ele bebia e fazia fiascos e brigas, mas nunca mais bateu nela, porque nós não deixávamos.

Assim viveram juntos, até o ano de 2002 quando meu pai faleceu, vítima de um câncer. Durante a doença dele minha mãe o cuidou todo o tempo. Quando ele foi pra Curitiba fazer tratamento, ela e meu irmão foram com ele. Meu irmão logo voltou, e ela ficou lá todos os dias cuidando dele. Ficou em uma pousada, deixou trabalho e tudo aqui, e lá ficou com ele. Ela sempre fala que muitas vezes ele acariciava seu braço e olhava pra ela, com os olhos pedindo perdão.

E nos dias mais difíceis minha mãe estava lá, até que um dia teve que vir para nossa cidade resolver algumas coisas, que dependiam dela. Veio num dia para voltar no outro. Combinou com uma pessoa que estava lá cuidando de alguém, que desse uma olhada nele, e veio.

No dia seguinte, meu pai faleceu. Parece que não queria partir diante dela. Minha mãe ficou arrasada, sentindo como se tivesse abandonado meu pai, como se ele tivesse partido porque ela não estava lá. Até hoje, ela fala isso, às vezes.

Hoje me pergunto: a quem minha mãe estava sendo leal? Quem no seu sistema tinha que ter curado isso? Como minha mãe agüentou tudo isso?

Após a morte do meu pai, minha mãe nunca teve ninguém. Sempre fala contra o casamento, e eu entendo.

Após isso, eu olho pra mim e entendo muitas coisas. Quantas fichas caíram agora.

Com 15 anos, eu tive meu primeiro namorado. Uma relação que não tinha aprovação dos meus pais. Uma pessoa abusiva, agressiva, tóxica. Namoramos por alguns anos. Ele era uma pessoa extremamente ciumenta. Nunca me bateu assim, pra deixar marcas, mas sempre tinha empurrões e apertos.

Perdi a virgindade com esse namorado, mas não queria, foi sob pressão. E boba, nova, inocente até, cedi por medo de perder. Muita vezes tivemos relações em lugares nojentos, nos fundos da casa dele, no quarto sem porta. Era horrível, humilhante, mas eu não sabia porque continuava ali. Com 16 anos, engravidei desse namorado. Com 5 meses de gestação, tive que fazer uma cesárea de emergência, quase morri, perdi muito sangue. O bebê nasceu vivo, mas faleceu logo em seguida, nem cheguei a vê-lo. Era um menino.

Mantive esta relação por algum tempo ainda, mas comecei a me sentir infeliz. Tentei terminar muitas vezes, mas ele me perseguia, até que um dia consegui, e mesmo sendo perseguida, nunca mais cedi.

Após isso, tive poucos namorados e durante muito tempo, tentei esquecer essa história, por vergonha e medo que não me quisessem mais depois disso.

Sempre fui carente, me apaixonava sem nem conhecer a pessoa direito, idealizava e transformava aquela pessoa em príncipe encantado. Quão boba me sentia quando enxergava aquela pessoa como realmente era.

Eu era acostumada a aceitar tudo pra estar com alguém. Aceitava migalhas, traições. Sempre atraía pessoas que não queriam compromissos. Me envolvi com uma pessoa e depois soube que era casado, mas mesmo assim sofri pra sair dessa relação.

Quando tive outro namorado, era extremamente abusiva, controladora e ciumenta. Queria tudo do meu jeito e fazia grandes “fervos” quando não era como eu queria. Traí, menti e depois terminei. Mas fiquei presa nessa relação por algum tempo, por pena do outro.

Assistindo este módulo, percebi quão leal estava sendo ao meu sistema, e ainda estou em determinadas questões. Já fiz muita terapia e muita coisa já curei, mas me dei conta que ainda tenho muito a curar.

Hoje tenho uma relação feliz e saudável, mas muito da relação dos meus pais estão em mim, na minha criança interior. E pelo bem da minha relação vou fazer mais terapia, e curar. Vou cuidar, mimar e amar minha criança interior, para que as próximas gerações não tenham lealdade acima do amor e da felicidade.

Gratidão mestra Olinda por essas aulas maravilhosas, de tantos insights e conhecimento. Gratidão!

 

 

 

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