O que uma veterana de guerra pode escrever sobre relacionamentos? Veremos.
Não sei quantas surras compartilhei com minha mãe. Ela me conta que quase não nasci, devido à uma surra que a levou pro hospital. Sou uma sobrevivente desde ai.
Sou a do meio de três filhos. Meu irmão, primogênito, eu a do meio, e a minha irmã caçula. Sobrevivemos ao relacionamento dos meus pais. Quem deveria nos dar amor e proteção, nos ensinou sobre como ser forte o suficiente para encarar o dia seguinte como se nada tivesse acontecido.
Todo afeto que eu lembro entre os meus pais são poucos sorrisos compartilhados.
Minha mãe era muito carinhosa, alegre, companheira. Fazia de tudo para amenizar nosso sofrimento. Meu pai era alcoólatra e muito violento com ela. Era como se nós não existíssemos pra ele. Toda sua fúria ia direto para ela, e nós tentávamos fazer com que não se matassem.
Foi assim a vida inteira deles. Já faleceram. E as constelações me ajudaram a curar e sarar as feridas endurecidas pelo tempo. Deus na sua infinita bondade me fez terapeuta, me dando a oportunidade de olhar para tudo isso sem me culpar, afinal, nos deu um anjo da guarda, minha mãe, que zelou por nós e nos protegeu.
Meu pai repetiu a vida do seu pai, levando à frente tanta dor. Eu, com esse conhecimento divino, recebo a dor, acolho, perdoo e deixo com quem é de direito, sem levar adiante. Sei o quanto foi difícil, e sei também que todos querem amar, mesmo não conseguindo.
À minha mãe, minha ternura e gratidão! E ao meu pai, a solução que vem pelo perdão. Te amo pai, te amo meu avô, amo a todos que vieram antes, vocês pertencem.