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RELACIONAMENTOS, O AMOR NO MEU SISTEMA

RELACIONAMENTOS, O AMOR NO MEU SISTEMA
Ana Lúcia S. Rodrigues
mar. 9 - 6 min de leitura
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CONCLUSÃO MÓDULO III

Meus pais, relacionamento Meu pai e minha mãe casaram-se jovens ainda e logo no primeiro ano de casamento minha mãe teve sua primeira gravidez Foi um parto difícil e acabou com o bebê morrendo asfixiado pelo cordão umbilical. Tristeza e dor. Vi eles carregarem por muitos anos. Minha mãe ficou em coma por alguns dias, só sabendo o que havia ocorrido, dias depois quando recobrou a consciência.

Meu pai, apavorado, com apenas 18 anos já precisou cuidar do funeral de seu primeiro filho. Minha mãe ficou muito debilitada e demorou meses para se recuperar fisicamente.

Dois anos após, eu nasci e fui vista como a alegria da família. Depois tiveram mais 4 filhos e o penúltimo faleceu com 2 anos de idade. Creio que nunca superaram essa dor. Lembro de ver meus pais várias vezes brigando e após a morte do segundo filho, tudo piorou, a vida perdeu a cor. Éramos todos muito tristes.

Minha mãe chorava muito e vi meu pai alcoolizado algumas vezes, nesses dias ele também chorava. Ficaram agressivos com seus filhos. Passados uns dois anos, descobriu-se que meu pai tinha um relacionamento extraconjugal, uma companheira muito jovem e dois filhos, dois meninos. Mais brigas, violência e tristezas. Ninguém se separava, chegando ao ponto da companheira ir morar em nossa casa com os meninos e grávida do quarto filho.

Meu pai nesse período tinha se perdido na criminalidade e estava preso. Foram dias e noites de completo caos na família. Por fim, minha mãe tomou a decisão de se separar por não conseguir acompanhar a vida que meu pai tomara. Meu pai partiu com a segunda família e com eles viveu até o fim da vida, sem nunca se separar legalmente da minha mãe.

Nesse relacionamento tiveram 7 filhos, criaram 6. Apesar das brigas , vi meu pai várias vezes lamentar a saudade que sentia da minha mãe. Minha mãe mergulhou em dor, mágoas ,raiva e muito trabalho. Teve outros relacionamentos que também não deram certo.

MEUS PAIS, INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA

Pai, segundo filho do casamento dos meus avós paternos, ficou órfão de mãe aos dois anos de vida. O vô ainda jovem, não conseguiu lidar com a perda da esposa e nem conseguiu cuidar dos filhos, deu a filha para uma tia criar e meu pai foi entregue ao padrinho.

Meu pai era uma criança tímida e muito “arteira". O vô nunca mais visitou meu pai na casa do padrinho. Esse padrinho nunca casou, meu pai foi colocado para trabalhar ainda criança e era constantemente agredido fisicamente. Com 8 anos de idade meu pai pegou a arma que o padrinho tinha em casa e saiu para a rua a brincar com outros meninos. Por esse motivo meu pai foi severamente castigado pelo padrinho e pelo vô. Decidiu-se então colocar meu pai num colégio interno , de padres, sofreu abusos de diversas formas. Nunca mais recebeu visita de familiares, permanecendo no colégio até a idade de se alistar nas forças armadas. Serviu no exército e foi encaminhado para um quartel no interior, onde residiu nos alojamentos até dar baixa. Quando saiu já era noivo e casou com minha mãe. Dos parentes paternos não sei quase nada, não os conheci. Meu pai até o fim da vida guardou uma grande mágoa de todos.

Minha mãe, filha mais velha do casamento dos meus avós maternos.

Minha vó gerou 15 filhos, destes apenas 4 conseguiu criar. Dos mortos, minha mãe ajudou a cuidar do funeral da maioria, apesar da pouca idade. Minha mãe nasceu em uma família onde o pai era extremamente violento com os filhos. Meu avô era filho de índia, ficou órfão aos 2 anos de idade, sendo criado por um tio materno.

Minha bisa foi uma índia pega a laço e morreu de tristeza, depressão, após o “marido" ficar com os dois primeiros filhos e mandá-la embora com meu vô recém nascido, pois ,  os dois primeiros meninos nasceram com os traços fisionômicos do pai, português,  e meu avô puxou pelos traços  físicos dos ancestrais maternos.

Meu vô tornou-se alcoólatra. Minha mãe era frequentemente espancada pelo meu avô, chegando a ter ferimentos e pancadas que causavam perda de consciência. A última vez que ela apanhou já estava noiva do meu pai. Minha mãe, assim como meus tios mais velhos começaram a trabalhar ainda na infância, para ajudar no sustento da família. Minha mãe e meu pai se conheceram porque o irmão mais velho dela servia no mesmo quartel onde meu pai estava, e minha mãe trabalhava lavando roupa para os oficiais.

HOJE EU PERCEBO QUE...

Todos tiveram uma infância de muita escassez de mantimentos, mas principalmente escassez de amor. Percebo também que meus pais fizeram o melhor que puderam por mim e meus irmãos dentro das próprias limitações e dores que sofreram. Do pouco que receberam, muito nos deram.

Hoje, através do olhar sistêmico, percebo o quanto exigi e julguei meus pais. Quanto tempo sofri sem saber o por quê. Eu não sabia, hoje eu sei, eles me deram muito mais do que receberam. Foram fortes o suficiente para me dar a vida. Sou muito grata!

Hoje meu pai já faleceu e minha mãe está com 80 anos. Certo dia perguntei se ela ainda guardava alguma mágoa do meu pai. A resposta: “Mágoa não sei, mas um pouco de tristeza por não termos cumprido nossos sonhos de criar vocês juntos, ver nossos netos e envelhecermos juntos. Oro por ele sempre, já não sinto raiva. Hoje, percebo que sempre foi amor, adoeceu, mas continua sendo amor.

Choro emocionada enquanto relato isso. Eu te amo pai! Eu te amo mãe! Vocês são os certos para mim. Gratidão à  todos os meus ancestrais por toda a coragem e força que tiveram em sustentar a vida até  chegar aqui!

Gratidão!

Ana Lúcia Silva Rodrigues Turma 2.

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