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RELAÇÕES CONJUGAIS E RELACIONAMENTOS PAIS E FILHOS

RELAÇÕES CONJUGAIS E RELACIONAMENTOS PAIS E FILHOS
Ana Carolina Eleutério
mai. 7 - 8 min de leitura
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Nossa, Nossa! Que módulo profundo e importante, talvez o mais importante para a nossa vida. Este módulo me fez entender algumas coisas, alguns comportamentos da minha família e também deu tilti na cabeça, do tipo "ué"!?

Vou começar falando dos meus avós paternos. Tive pouco contato com eles porque moravam muito longe de São Paulo (onde nasci e moro). Amo meus avós, via neles um casal de avós felizes. Na minha inocência de criança eles eram.

Até que um dia, já quando eu era adolescente, minha avó falou para mim, olhando nos meus olhos, que meu avô não era quem eu pensava ser e que ele tinha uma amante. Não sei dizer o que senti na hora, vi a dor dela, mas continuei amando. 

Isso era um problemão na vida deles, já que ele tinha uma vida dupla por mais de 40 anos e minha avó, apesar de doer muito, continuou casada com ele. Sei que devido essa traição, as brigas eram constantes, e muitas vezes envolviam minhas tias e primas. Foi uma dor para muitos. 

Quando eu já era adulta, casada e com filhos, fui visitar meu avô um dia, e ele já era viúvo e morava com a amante, foi uma visita bem difícil para mim, estar ali na casa da outra, da mulher que traiu e fez mal para minha avó, mas fui porque o objetivo era visitar ele e levar minha filha para ele ver, porém, não pude deixar de sentir que estava traindo a minha avó por estar ali na casa da amante dele.

Nessa visita eu fiquei muito mexida, mesmo assim perguntei para ele o por que ele manteve um relacionamento assim, por que traiu e manteve a traição por mais de 40 anos. E ele respondeu que não teve coragem de separar e não o fez mesmo, apesar disso criou os nove filhos que teve com a minha avó e 1 filha que teve com a senhora Elita.

O meu avô não se separou dos filhos e isso tem seu valor, claro que tem. Entretanto, olhando hoje com olhos terapêuticos, também teve suas consequências nos relacionamentos de todos os filhos e, quem sabe, de nós netos.

Já meus avós maternos, não os conheci. Só sei que minha avó era a segunda esposa do meu avô e que ela se casou um pouco velha para aquela época. Minha mãe conta que ele era carinho, ao menos como pai, não sei como marido. Sei que era presente, sempre cuidando da família. Minha avó ficou viúva cedo (minha mãe tinha 10 anos) e não se casou de novo.

Pensando sobre a história dos meus avós, vejo pontos importantes a serem refletidos sobre relacionamento conjugal e com os filhos, todos, sem exceção repetiram alguns padrões como: agressividade, grosseria, traições. 

Agora pensando nos meus pais e em suas vidas, vejo que cada um deles passaram por dores distintas: meu pai com traição dos pais e minha mãe com a orfandade.

Meu pai, segundo filho de nove, ajudava sua irmã mais velha a cuidar dos outros, sempre obediente, porque também se não fosse apanhava, fazia suas artes como criança normal. Na adolescência queria ser padre, entrou para o seminário, onde ficou 1 ano e foi dispensado por problemas de visão, tinha estrabismo (acho que isso esta fazendo sentido também, meu pai negava a traição de meu avô). Acho que tenho que agradecer pelo estrabismo dele ter impedido ele de ser padre, porque se não eu não estaria aqui, não teria nascido desse relacionamento dos meus pais. 

Soube que meu pai decidiu vir pra São Paulo de um dia para o outro, comunicou seus pais que no dia seguinte viajaria para cá e aqui trabalhou, conheceu minha mãe, construiu a sua vida, fez nossa família, com bastante trabalho, honestidade, compromisso, sempre presente e sempre trabalhando, minha tia diz que, desde criança, ele era trabalhador. Muita gratidão por tudo o que ele nos proporcionou.

Só que olhando para as suas dores, vejo que meu querido pai expressou isso com agressividade, grosseria e bebida. E assim mesmo o amo, tenho gratidão pela vida que me deu. 

Acho que ainda não contei aqui, mas 40 dias depois de eu ter comprado esse curso, meu pai retornou para a eternidade.

Minha mãe ficou sem chão, 52 anos de casada, 52 anos vivendo com meu pai, todo santo dia fazendo tudo junto, inclusive trabalhando juntos.

Minha mãe nasceu na cidade de Cunha, viveu até 10 anos no sítio, brincava entre as plantações, ela conta dessa parte da vida dela, com muita alegria, os olhos dela chegam a brilhar por isso, mas quando meu avô faleceu sua vida mudou bastante, muitas dificuldades vieram.

Ela veio pra São Paulo logo após minha avó morrer e, com ela trouxe um irmão adotivo de 3 aninhos de idade, minha tia trouxe eles para cá. Um pouco depois, meus pais se conheceram e não demorou muito para se casarem.

O relacionamento conjugal com meu pai, não foi um conto de fadas, ele era agressivo, brigavam muito, meu pai não era um marido carinhoso, nesse ponto acho que ele repetiu o que meu avô fez, cumpriu com a obrigação de sustentar a família e com a minha mãe trabalhou muito, os dois viviam para trabalhar no restaurante (minha mãe trabalha lá ainda com os seus 75 anos).

E então, hoje, dou conta de que sou abençoada por tê-los na minha vida porque mesmo com esses desafios, tenho tudo do bom e melhor, a começar pela vida boa de estudo, de boa alimentação, de ter um lar.

Também pela vida religiosa kardecista, nasci na família espírita (a partir da minha mãe, porque meus avós eram católicos) e que a partir disso, meus pais não só tiveram filhos, mas uma missão em comum, hoje eu herdo uma creche que cuida de 100 famílias, a melhor herança que há, não é?

Quando conheci meu marido, esse projeto da creche já existia, então ele me conheceu sabendo que isso faria parte de nossa vida e faz, juntos olhamos para o Recanto da Prece e vemos nele não só o nosso ontem, o nosso hoje, mas também o nosso futuro, para quando os nossos filhos, temos um casal e eu uma enteada (filha do primeiro casamento dele), seguirem com a suas vidas, nós teremos as crianças da creche para cuidar.  

Nosso relacionamento já é um pouco diferente do que foi o dos meus pais e meus avós. Nós conseguimos, de certa forma, talvez não com perfeição, cumprir com os 3 princípios do relacionamento. Com o amor do coração nos cuidamos e respeitamos, nos namoramos; tem generosidade, tem dar e receber, um olha para o outro.

Também tem sexualidade, intimidade, carinho, respeito, cumplicidade em tudo. Amo estar com ele e amo a mulher e mãe que me tornei ao seu lado. São 20 anos juntos, quantos mais teremos? Deus é quem sabe.

Gratidão! Esse módulo me libertou de muita coisinha que me prendia de ir mais além. Agora eu posso.

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