O embarque se deu há quase um ano atrás.
Abençoada pela minha mãe que me presenteou com o curso, segui viagem. Claro que com o coração a mil, sentei na primeira cadeira de frente a nossa guia. Mas também preferi ficar próxima da janela para ver tudo que se passava... Aqui dentro e lá fora.
Alguns quilômetros depois, percebi que a roupa que eu usava já não era a mesma, e o cheiro do ar tinha um frescor desconhecido, e delicioso. Parecia que a alma começava a se acostumar com aquele balanço de ninar. Eu reencontrei o colo de minha mãe. Chorei de alegria, revisitei minha infância e descobri que foi tudo muito bom.
Noutra estação que paramos, notei uma postura ereta em meu corpo. Minhas mãos estavam tão bonitas. E eu tinha a sensação de que poderia qualquer coisa. Minha mente funcionava a todo vapor e eu senti o cheiro daquele pós-barba. Eu reencontrei meu pai. Sorri de orgulho, revisitei minha adolescência e descobri que tudo foi muito bom.
Algum tempo depois, o meu caminhar já era firme, e uma certeza sobre minhas escolhas começava a me mostrar o quão bom era o conhecimento. O autoconhecimento fazia minhas decisões serem pautadas em uma serenidade. Eu reencontrei meu propósito e fiz as pazes com o dinheiro. Minha profissão recebeu um novo tom, uma nova forma de existir. Descobri que tudo isso era muito bom.
E então, outras passagens, aprendizagens, paisagens... Olhando pela janela, tudo mudou. Será?
Conheci as sombras e fiz delas combustível, conheci as noites escuras e identifiquei muitas experiências doloridas que deixaram marcas. Identifiquei sintomas, cuidei de traumas, ressignifiquei sofrimentos.
No último trecho dessa viagem, comecei a ver a prática da vida sistêmica, e percebi que eu não tinha mais o corpo, o cabelo, o rosto e principalmente a mesma alma – percebi que troquei de peles, de percepções, de conotações. Foram superações!
Avistei a última estação com muita saudade de todo o começo e com muita vontade de fazer outras e todas as viagens que se apresentarem para visitar e revisitar todos os lugares.
Senti vontade de partilhar tudo com todos. Estar à disposição não é um movimento simples, mas é ESSENCIAL.
Agora, neste momento de desembarcar, penso o quando vivi em um ano, e o quanto foi transformador.
Olho nos olhos da minha Mestra, sinto os meus marejarem... Sinto que eu saio daqui, mas aqui nunca sairá de mim. As mãos dela cheiram rosas, pois foi isso que recebi. O sorriso e a piscadinha linda se emolduram em minhas lembranças que agora são FLORIDAS.
Gratidão, a todos que vieram antes, a todos que ainda virão! Gratidão à condução dessa viagem Mestra Amada e a todos que dividiram essa embarcação comigo.
Hoje sou diferente, mas por tentar ser igual. Hoje sou simplesmente REAL.
#RCCFR