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INSIGHTS - COMPREENSÕES

INSIGHTS - COMPREENSÕES
JOANA APARECIDA ORTIZ BATISTA
jun. 16 - 7 min de leitura
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Estou refazendo, reestudando cada módulo do curso , tendo em conta se avizinhar meu período de conclusão com entrega do trabalho final e, ao me deparar, com esta aula, percebi o quanto internalizei de conhecimentos e aprendizados ao longo dessa jornada e o quanto os conhecimentos têm me levado à posturas, atitudes e compreensões novas em relação à minha história e a de todo meu entorno.

Assim estou me atrevendo a escrever sobre os questionamentos que foram levantados nesta aula e que no início do curso não me chamaram muito à atenção.

Os princípios Sistêmicos em minha vida, exclusões e excluídos, dores e sofrimentos, dinheiro e afeto em minha família.

Ao longo dos últimos meses tenho buscado mais informações sobre meus antepassados em especial os paternos, pois suas histórias pareciam meio secretas em meu convívio. Muitas desavenças entre as tias irmãs de meu pai. Entre elas e meu pai, único filho homem da família.

Me pareceu que sempre se atinham muito ao Ter e ao querer Ter mais, em relação uns e os outros; a afetividade aos meus olhos sempre foi pouco demonstrada entre eles, como se estivesse relegada ao um plano menos importante que as posses.

Ao procurar conhecer melhor a história da família tomei conhecimento de várias histórias de orfandade. Meu avô órfão de pai e de mãe ainda menino creio que com uns 11 anos. Minha avó materna órfã de pai com 3 anos. Esses bisavós, todos estrangeiros, migraram da Espanha para o Brasil, carregavam consigo certamente as dores do abandono da Pátria Mãe, sendo que na travessia alguns morreram no navio e os corpos atirados ao mar.

Quanta dor, quanto sofrimento!

Muitas vidas geradas e não nascidas, isso se percebe pela distância de datas de nascimento, entre os filhos sobreviventes e registrados, às vezes menos de 2 anos, às vezes 5 anos ou mais. Vidas que nunca foram incluídas ou sequer mencionadas nas histórias familiares.

Quanto aos que sobreviveram, meus avós órfãos ainda crianças, dependendo da caridade de outros parentes para sua criação, levando-se em conta certamente a pobreza vigente em todo sistema, quanto não tiveram que lutar pela sua sobrevivência, e a quantas privações não foram submetidos! Agora Eu Sei! 

Eu posso entender sua rigidez, sua falta de demonstração de carinho, de afeto e suas ânsias por prosperar, por ter e manter o que se tinha com muita garra e até com certa avareza. 

O conhecimento dessas histórias tem me levado a uma maior compreensão de muitas doenças e sintomas que tivemos e temos em nosso Sistema, em especial problemas de ordem neurológica: Alzheimer, bipolaridade, depressão, ansiedade, etc.

Vejo que a orfandade vivida pelos meus avós os levaram a agir, por necessidade de sobrevivência, a assumirem papéis e funções em desacordo com o princípio da Ordem, e isso se refletiu na educação de meu pai que, muito jovem, também se viu na função de coordenar as questões do trabalho na lavoura, colheitas e outros da família, seguindo com lealdade aos padrões do sistema.

A autoridade era muito impositiva e não baseada em uma liderança a serviço, padrão que ele carregou ao longo da vida quando constitui sua família juntamente com minha mãe. 

Homem de muito trabalho e honestidade, mas muito rígido. Nos momentos em que abandonava um pouco esse padrão, percebia-se uma insegurança, um receio da perda do comando, da autoridade familiar. Porém, em meio a nossa pobreza e escassez, demonstrava por vezes, muita generosidade em servir os que o procuravam em especial outros familiares (cunhados, sobrinhos, vizinhos), com ajuda diante de uma doença ou prestando serviços não remunerados em seus finais de semana.

Essa postura rígida demais em nosso lar, gerava muitas dores e sofrimento em nós, principalmente, durante a nossa adolescência, atingindo talvez mais o desenvolvimento e amadurecimento de meus dois irmãos meninos, e que por vezes foram agredidos e, em resposta, apresentavam quadros de baixo desempenho escolar ou mau comportamento, enfim, era um ciclo, uma resposta ao que não estava de acordo.

Minha mãe por vezes tentava ser a mediadora, outras vezes submissa e, diante de determinadas situações, também se apresentava um pouco disfuncional. Mamãe certamente carregava consigo também, muitas dores, muitas perdas, muitas carências.

Seus avós migraram da Itália para o Brasil, para trabalhar nas fazendas de café no interior de São Paulo, seus pais aqui nasceram, foram criados em situação de muito trabalho e escassez. Porém, eu percebia que do lado materno, com todas as dificuldades, ainda existia um pouco mais de afetividade, de aconchego, tanto que ao longo de nossa infância nos relacionávamos mais com os tios e primos maternos, e os encontros quando ocorriam, geralmente ao redor de uma mesa, eram momentos de alegria e de confraternização.

Pelo que tenho aprendido com as constelações sistêmicas, e muito tem me ajudado a entender minha história, em muitos momentos vivi em um lar disfuncional, onde o equilíbrio entre o dar e receber, por vezes foi prejudicado e com o passar do tempo já em minha juventude, por ser a filha mais velha, comecei a assumir o papel de pai/mãe de meus pais, numa violação ao princípio da Ordem, me sentindo inclusive responsável pelos meus irmãos e me colocando a serviço, desrespeitando a hierarquia natural.

Esse excesso de lealdade me sufocava, me fazia sentir culpada quando realizava projetos e buscava minha felicidade como se antes eles estivessem que estar bem e não eu, me trazendo dores e sofrimentos. Como era difícil ser desleal e sem culpas.

Agora eu sei, tanto meu pai como minha mãe, viveram emaranhados com as dores que seus Sistemas carregavam, e eu sinto muito por eles. Reconheço que tiveram uma jornada de muitas batalhas em suas vidas para nos oferecer o que de melhor podiam e possuíam.

Hoje os percebo um pouco desleais ao que carregavam, pois ao contrário da maior parte da família, sempre priorizaram e não mediram esforços pela condução da educação de seus filhos, eles semialfabetizados e os três filhos, como muito se orgulhavam em dizer, formados com curso superior.

Agradeço todos os dias, cada vez mais, pela graça de pertencer a esse Sistema, por todos aqueles que vieram antes de mim e que me trouxeram à vida , em especial a meus pais, que em cada novo despertar mais os compreendo, aceito, me desculpo por,  em alguns momentos, não tê-los entendido e julgado. 

Sou grata principalmente a Deus pelas oportunidades de conhecimento, de renovação, de escolhas que são colocadas todos os dias no meu caminho.

Gratidão!

#mod01#aula5

 

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