Hoje saí para comprar água mineral e até aí tudo bem. Mas no caminho comecei a pensar, melhor dizendo, relacionar os pés, pernas, braços e mãos com as constelações sistêmicas.
Minha mente foi inundada de observações e funções destes membros.
No primeiro momento percebi que meus pés são os elos mais sagrados com a mãe terra. É por meio deles que me sinto enraizada com tudo, com o universo, com os quatro elementos. Através deles e junto ao sensorial, vou percebendo e sentindo o mundo, e vou tendo inúmeras sensações.
Com os pés tenho o equilíbrio e alinhamento da coluna e de todo o corpo. São eles que me sustentam.
Através dos pés, em contato direto com a terra, faço os desterramentos necessários, levando para as profundezas as energias negativas e possibilitando que uma nova energia restaurada inunde meu corpo.
São meus pés que me dão o equilíbrio necessário para os próximos movimentos.
E isso é lindo! É segurança!
Com meus pés posso desbravar caminhos desafiadores e outras vezes caminhos mais planos, limpos. Há a possibilidade de ir além, mas também de retroceder quando se fizer necessário. Às vezes a travessia tem espinhos...
Sou lembrada pelos pés que estes pertencem a um corpo, que pertence a uma pessoa, que pertence a um sistema familiar, que pertence à mãe terra.
Observo a Lei de Pertencimento de Bert Hellinger, primeiro princípio sistêmico, quando este nominou as leis do amor, conforme cita Olinda Guedes no livro “Além do Aparente”: Somos seres pertencentes a vários sistemas e cada sistema nos leva à completude e à cura.
Voltando aos nossos pés, é por meio deles que deixamos nossas pegadas... E Jesus deixou na areia suas pegadas.
“Uma noite eu tive um sonho... Sonhei que estava andando na praia com o Senhor e, através do céu, passavam cenas da minha vida. Para cada cena que passava, eu percebia que eram deixados dois pares de pegadas na areia: um era meu e o outro era do Senhor (...). E quando havia só uma pegada era o Senhor me carregando no colo.”
Esta oração do livro “Pegadas na areia” de Margareth Fishback, é uma dose dupla de fortalecimento, e de presença.
Cada pegada é única, tem sua própria identidade, assim como nós somos únicos.
As pernas vão completando o nosso sistema motor. Os joelhos, esses têm uma ligação única com o sagrado.
Nosso ato de ajoelhar é a manifestação de nossa humildade perante Deus.
Os joelhos mostram que estamos preparados para a oração, para nutrir o espiritual, para conectar com o sagrado.
Quão desafiador e enriquecedor é pensar em todas essas ferramentas que temos à disposição e às vezes são tão pouco usadas.
O livro de Bert Hellinger, A cura, fala da meta de tornar-se saudável e permanecer saudável. Por meio de meditações e exercícios, ele nos leva sempre a um movimento de cura pessoal.
Quando Hellinger se refere ao toque ele diz: "Não podemos sobreviver sem o toque e, às vezes, sem o toque violento. Muitas vezes, quando nenhuma palavra pode mais ser dita, como no caso de um moribundo ou alguém em coma, resta a possibilidade do toque suave. Ele nos une profundamente, de forma curativa e não vinculativa".
Inúmeras curas são feitas pelos pés. A reflexologia compreende a estimulação de determinados pontos situados nos pés, que se relacionam às regiões específicas do corpo humano, conhecidas como áreas reflexas.
Além disso, a massagem nos pés pode auxiliar tratamentos de doenças físicas e psicológicas. Isso é mágico! Lembro-me do escalda-pés, ferramenta muito usada pelos nossos antepassados na busca de cura.
Muito encantador!
Quando a criança nasce no hospital se faz um carimbo dos pezinhos. Aqueles pezinhos pertencem a um bebê, que pertence a uma mãe, que pertence a uma família, que pertence a um sistema familiar. Lei do Pertencimento. Pé é mãe.
O conjunto braços e mãos nos possibilita executar tarefas diárias, que não são poucas.
Ao levantar os braços procuro o Pai, Aquele que sempre está de braços abertos me esperando, independente da hora e do lugar. É através do Pai que Eu Sou!
Após chegarmos a Ele, tornamo-nos novamente um com Ele, e olhamos nos olhos e dizemos, lentamente, com longas pausas, uma oração matinal, a oração matinal de nossas vidas.
Emocionante o despertar da vida!
A mãe leva a quem? A mãe leva ao Pai, e pelos braços da mãe vamos para os braços do Pai.
Quanta beleza e profundidade esta reflexão.
Mãos postas em oração são movimentos curativos, de fé e esperança de ida ao Pai.
Mãos são expressões de generosidade, de dar e receber. Flui pelas mãos postas toda a generosidade e gratidão do meu ser.
O afago... a energia que sai de nossas mãos é curativa. Através de nossas mãos traduzimos o que vai em nosso coração.
Quanta perfeição Deus colocou nos seus filhos. O mágico abençoar com as mãos, energia de cura e restauração.
No livro “Além do aparente”, de Olinda Guedes, nos deliciamos com os ensinamentos do caminho da cura. Ela mostra o quanto estamos desconectados com o nosso corpo. É preciso se reconectar, meditar, cuidar, abençoar esta máquina maravilhosa que é o nosso corpo.
“Corpo são, mente sã.”
Importante pensar nos braços, mãos compondo e ordenando nosso corpo, é preciso pensar um pouco neles, em suas funções, em seus movimentos. E então surge a pergunta que não quer calar: como estou lidando com meu corpo?
E assim vamos caminhando para o conhecimento.
Percebo também que é através das mãos que faço minhas orações, desfilando o rosário. É a conexão corpo e alma, eu e Deus.
E a vida vai continuando, e nossas buscas e desejos vão também evoluindo. Ainda há muito o que observar, aprender, praticar...
O tempo, o conhecimento, nos fazem evoluir e banir de dentro do peito o que nos adoece a alma.