Por muitas vezes ouvia minha mãe falando de como era sua infância e de seus irmãos. Na aula 2 do modulo 3 nossa mestra Olinda pede para escrevermos algo sobre as semelhanças e diferenças de nossos pais e as crianças e adultos de hoje e nossos filhos.
Minha mãe contava que no seu tempo não podiam elas, as mulheres, escolherem seus maridos, primeiro o pai tinha que aprovar e ver se não era "raça" de povos diferentes, alemães tinham que casar com alemães, italiano com italianos, não podia ser de origem brasileira.
Se o escolhido pela mulher era da mesma origem tudo bem, podiam ficar juntos, o pai aprovava, mas, do contrario, se fosse de outra origem, não podiam ficar juntos, mesmo que as mulheres não gostassem dos escolhidos pelo pai tudo certo, se casavam pensando que depois o Amor viria, e nada; nunca vinha esse tal amor, em outros casos até dava certo; o tal Amor vinha, mas, com muita tristeza junto, porque os dias lindos que eram tão esperados se tornaram em tristeza e muito trabalho.
Minha mãe conta que ela tinha um grande amor, porém, seus pais não deixaram eles ficarem juntos; ele era "de outra origem". Mamãe também conta que teve que trabalhar muito com seu pais para poderem estudar, porque mulher naquela época não estudavam, os pais não deixavam, "lugar de mulher é em casa", diziam, então, ela fala muito pouco da infância que era só trabalho e trabalho.
Meu pai por sua vez nunca foi de falar nada da sua infância porque ele não conheceu o seu pai. Com dois anos ele ficou órfão de pai, então, começou trabalhar cedo para ajudar sua mãe, porque os irmãos mais velhos eram casados.
Com dezenove anos meu pai e minha mãe se casaram e logo eu nasci, e ai tudo ficou mais difícil; mamãe conta que me levava junto na lavoura, nas plantações de mandioca, onde ela fazia um buraco e me colocava ali, deitada e eles iam capinar a mandioca.
Logo vieram mais um irmão e depois os gemeos, sendo que um passou para o outro plano logo que nasceu, então, eram três filhos para sustentar; sairão da casa onde moravam com minha avó materna e foram para a casa deles, sempre com muitas dificuldades. Lembro que aos domingos tinha que ir a igreja não podia deixar nada para depois, tudo na sua hora.
Não consigo lembrar da minha infância, pouca coisa; com sete anos fui morar com minha avó materna; meus irmãos ficaram com meus pais; eles sempre falaram que era para o meu bem, sem julgamentos, mas sei era difícil para eles três filhos e talvez não esperados.
Hoje, depois de muitos anos, não lembro se recebi colo de meus pais , mas lembro que dei muito colo para os meus filhos; na primeira gestação eu trabalhava, depois do nascimento por mais um ano trabalhei, e então fiquei em casa para cuidar dos dois filhos; já não era preciso trabalhar tanto quanto os meu pais, podia ficar com eles e dar o colo que eu não tive, acompanhar a infância deles a adolescência deles, e vejo como fez a diferença sempre estamos juntos.
Nos dias atuais já vejo outra diferença deixam os filhos no celular, televisão, computador, para não estarem em volta dos pais e me pergunto: porque terem filhos se não os querem ao lado?
O maior presente que os pais podem dar aos seus filhos é uma infância feliz.
Hoje digo para todos: vamos brincar, porque infância só se tem uma vez na vida. Brincar com crianças me torna mais feliz.
Lorelei Koch Borges
Esposa, mãe, do lar, costureira, avó, F2, Formação real, Massagem reparentalizadora
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