De fato, todos temos sintomas familiares.
Aquela amiga que todas as mulheres da família tiveram câncer. Ou aquele colega de trabalho obeso, que vem de uma família inteira de gordinhos. E por aí vai...
De pronto, ao fazer essa atividade, pensei que não tinha isso na minha família. Mas, refletindo um pouco, percebi o quanto a gente não se analisa. Sim, temos sintomas familiares.
Minha mãe teve um AVC em 2019, aos 74 anos. A irmã mais velha dela também teve, com essa mesma idade, justamente a irmã de quem ela mais gostava na infância. E o meu avô, pai delas, morreu de um derrame fulminante, mais jovem, aos 62 anos. Detalhe: minha mãe tinha muito mais afinidade com o pai do que com a mãe.
Minha mãe é diabética, minha irmã também.
E eu tenho pedras nos rins, herança essa da família do meu pai, onde uma boa parte sofre desse mesmo problema.
Por conta dessas pedras, quase morri de infecção generalizada no final de 2013, depois de um ano muito difícil, em que estive extremamente sobrecarregada e contrariada com tudo que estava acontecendo.
Depois disso, trabalhei em mim uma mudança. Passei a me priorizar mais, a não assumir a responsabilidade por tudo. Embora ainda sinta que carrego uma boa parte das coisas nas costas, hoje estou mais leve e consigo delegar com mais facilidade.
Não consigo fazer uma relação direta desses sintomas com as histórias da família, mas, de uma maneira geral, acredito que eles nos pedem mais doçura, mais carinho, mais tempo e atenção uns com os outros.
Pedem para que cada um de nós não se sinta sozinho, porque temos uma força imensa dentro de nós, que vem de tudo o que nossos antepassados viveram para que chegássemos até aqui. Pedem para que agradeçamos por tanta dureza, tanta superação e por não terem desistido da vida.
Pedem para que aceitemos os fatos, como são. Sem culpar, sem julgar e sem deixar que as mágoas e ressentimentos cristalizem dentro de nós, virando pedras, trombos...
Pedem para tenhamos a coragem de perdoar, não para libertar os outros, mas para libertar a nós mesmos de toda essa carga.
Por isso hoje, eu olho para trás e agradeço.
Meus pais, avós, bisavós, por tudo que passaram eu os agradeço! Por terem aberto mão de uma parte da vida, para criarem filhos e passarem esse amor adiante, me dando a oportunidade, hoje, de fazer o mesmo: Gratidão!
Fico com toda a força de vocês, com a coragem, a ousadia, a resiliência e deixo para trás o que viveram de ruim, entendendo que tudo nos compõem, mas que não preciso mais carregar o peso da escassez, do medo, das guerras, das perdas.
E sigo adiante, para deixar o meu melhor para todos que vierem depois de mim.
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