Os sintomas mais presentes na minha família são relacionados as doenças mentais.
Existem outros sintomas relacionados a alergias respiratórias ou alimentares, como também casos de câncer, contudo, os sintomas que preponderam são de cunho psicológicos, isso no sistema materno; e no sistema paterno existem casos de esquizofrenia, transtorno bipolar e depressão.
Dois irmãos da minha mãe, são acometidos por esquizofrenia e infelizmente não foram tratados corretamente o que agravou ao ponto de torná-los totalmente incapazes.
A tristeza e depressão também se faz presente em muitos familiares, assim como quadros de euforia e tristeza, ou seja, uma ambivalência de sentimentos.
Lembro da história de um tio, irmão do meu avô paterno que aos 60 anos foi acometido por uma grande tristeza, mesmo sendo pessoa bem-sucedida e respeitada, tirou sua própria vida deixando todos os familiares perplexos. Lembro que eu nutria um bom sentimento por esse tio, mesmo ele havendo desencarnado bem antes de eu nascer, gostava tanto que sempre que visitava o cemitério da cidade, chamava meus pais para ir até o túmulo para acender velas.
Por algumas vezes na infância, lembro de ter presenciado minha tia em surto esquizofrênico; uma vez ela inclusive quase me raptou, pois há um sentimento de ódio, inveja e vingança no sistema familiar materno.
Outro dia, soube que um tio, irmão do meu pai, estava tendo surtos psicóticos, sintomas parecidos com os da esquizofrenia.
Mas os sintomas mais presentes no meu sistema familiar são os relacionados ao transtorno bipolar, ou seja, euforia e depressão, muita tristeza e também uma certa reatividade.
Pelas histórias que tenho conhecimento dos antepassados, de muitas brigas e desajustes, percebo que esses sintomas vêm desde as gerações dos meus bisavôs, quem sabe mais para trás também.
Meus antepassados paternos estavam ligados a fugas e perseguições como ao desbravamento de terras e/ou exílio. Em um apanhado histórico da família materna do meu pai, que é muito antiga, a sua matriz é de antepassados judeus fugitivos da escravidão que se instalaram inicialmente na Espanha e depois em fuga, devido a origem judaica, migraram para Portugal, que por sua vez fugiram para o Brasil.
Hoje vejo o quanto esses ancestrais lutaram pela vida, por muitas gerações a verdadeira identidade tinha de ser oculta, tiveram de desbravar territórios, cumprir exílios, consequentemente com conflitos, perseguições e medo de emboscadas.
Certamente os sintomas presentes no sistema estão relacionados com as situações de exploração e exílio, pois ora estavam desbravando, ora perdiam o que tinham e/ou tinham de cumprir exílio.
Para se ter uma ideia do que esses antepassados viveram, conta a história que a tradução do nosso sobrenome era “Deus nos Salve”.
Hoje eu vejo que essa oscilação de humor presente no nosso sistema, muito tem haver com o esforço dos ancestrais para manterem-se vivos, com patrimônio e segurança, pois sempre havia o medo e a possibilidade real de perda, estando inseridos em um pêndulo constante com altos e baixos.
Assim, através desse texto constelatório, vejo o esforço de todos vocês e digo, já passou, pois “Deus nos Salvou”.