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SUCESSO DE VERDADE É PODER SERVIR

SUCESSO DE VERDADE É PODER SERVIR
Paula Azevedo
mai. 11 - 7 min de leitura
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“A percepção limitada e as consequências que limitam nosso sucesso estão relacionadas a um movimento da consciência que nos impulsiona numa direção ao menos, ao invés de uma direção ao mais: mais sucesso e mais felicidade. Isso significa ao mesmo tempo que secretamente temos uma boa consciência com menos sucesso e secretamente uma má consciência com mais sucesso”. Bert Hellinger - Êxito na vida, êxito na profissão página 33

Ter sucesso consiste em suportar a má consciência.

Admiramos pessoas bem-sucedidas, mas não queremos pagar o mesmo preço que elas.

Pessoas bem-sucedidas seguem adiante abandonando seus emaranhamentos, suportando sua má consciência.

Ontem soube de uma promoção de uma colega de trabalho. Foi merecida, ela lutou muito por isso.

Soube também de uma outra colega que reconhecida por seu belíssimo trabalho, foi convidada para brilhar em outro lugar, uma porta se abriu por um milagre, pois no lugar onde estava se sentia oprimida e mal valorizada.

Fiquei pensando nos motivos que nos levam a permanecer trabalhando em lugares ou ocupando funções que nos levam para o menos e não para o mais.

Hoje quando eu olho para a minha trajetória acadêmica desde seu início na educação infantil até hoje, eu vejo que tudo deu certo, reconheço o quanto meus pais acertaram. Porém, nunca me sentia confortável para assumir os lugares que minha educação tinha me proporcionado.

Sou a primeira filha dos meus pais, a primeira irmã, então, desde o lar, a vida tem me dado condições para liderar, mas eu me esquivava disso. Desde pequena sempre fui vista na igreja e treinada para assumir papéis e funções de liderança, foi este potencial que levou a minha igreja a patrocinar meus estudos aos 20 anos de idade.

No entanto, eu me sentia uma fraude, me sentia esvaziada, pequena, inútil. Vivi o conflito de me ver como uma pessoa menor, infantil, irresponsável e ser vista como outra maior, adulta e responsável. Não conseguia agir, viver e servir de forma coerente com tudo o que eu acumulava academicamente. Fazer aniversários não me gerava experiências, eu estava paralisada na infância.

Eu me sentia confortável assumindo lugares, funções e papéis que eram menores do que eu, assim, eu não precisaria assumir riscos e nem decepcionaria ninguém. Deste modo, eu não precisaria ser grande, nem assumir a grandeza dos meus pais.

Também é verdade que eu tinha, ainda tenho um crítico enorme dentro de mim, que me tolhia, que me castrava e me enfraquecia, a quem eu me submetia como uma escrava.

Eu adiava minha responsabilidade e felicidade para o amanhã, e vivia o hoje com medo, me escondendo, mantendo toda a minha força nas sombras. Era tanta energia retida que até adoeci.

Eu fui aquela pessoa que mesmo com muitos cursos, não se sentia preparada, segura, pronta, a pessoa certa.

Permanecia como criança, como uma pedinte, me mantive numa postura de carência para provar para os meus pais o quanto eles estavam errados em me dar a vida e me educar.  

Hoje dou meus pequenos passos diários em direção à liberdade e à prosperidade, pois reconheço todos os dias que já possuo o suficiente, que nada me falta, hoje sigo em um movimento de reconciliação com meus pais, de ir em direção ao amor onde ele ficou interrompido e tal postura tem produzido efeitos fantásticos em minha vida.

Posso dizer estou pronta para servir.

Jesus disse: “(...) quem quiser ser importante, que sirva os outros, e quem quiser ser o primeiro, que seja o servo”.

Em nossos trabalhos, em nossas empresas, em nossas escolas vivenciamos muitas disputas pelo poder. Como personagens em um palco, percebo os egos frágeis e inflados, aqueles que desejam ser importantes e muitos outros querendo a todo custo serem notados. Na verdade, não passam de um bando de crianças esperando pelo amor, aprovação e reconhecimento de seus pais, assim como eu esperava.

Poucos estão prontos para servir e servem à vida e às pessoas de fato.

Segundo o pequeno dicionário de língua portuguesa:

SERVIR: trabalhar em favor, a serviço de alguém, instituição, causa; prestar favor, serviço ou ajuda; apresentar algo a alguém, pondo à disposição.

SERVIÇO: ação de dar de si algo em forma de trabalho.

Estas são as definições da nossa língua mãe para servir e serviço, porém confundimos servir com servidão, pensamento relacionado com a escravidão, privação de liberdade, trabalhos forçados, sentimentos e posturas muito presentes na memória do povo brasileiro.

Hellinger afirma que em muitas disputas trabalhistas, em conflitos laborais atua o arquétipo de senhores e escravos, sinto que sua afirmação se aplica ao contexto brasileiro, pois vejo isso em todos os lugares:  no serviço público, nas empresas, no próprio ramo de serviços, no comércio.

As pessoas que se sentem diminuídas socialmente, independente da ocupação quando estão na posição de servir, trabalhar e ajudar o outro, se negam a fazê-lo para terem o prazer de oprimir aqueles que vão em busca de seus serviços, para mostrar que naquela hora, são eles quem tem o poder.  Além disso tem  a procrastinação com as tarefas do trabalho, fazer corpo mole para atender o colega que precisa de ajuda para concluir sua tarefa, executar tarefas pela metade, não ter iniciativa, não se atualizar na profissão.

Paulo Freire, notável educador brasileiro afirma que quando a educação não liberta, o sonho do oprimido é se tornar opressor. O triste é constatar a existência de muitos opressores principalmente no campo da educação.

Termino minha reflexão com uma oração:

Senhor, eu quero servir a vida e as pessoas com os talentos e dons que recebi por herança dos meus ancestrais, não quero oprimir ninguém, embora reconheça que há uma opressora dentro de mim.

Ela caminha e atua silenciosamente nas sombras, como uma cobra sorrateira que só aparece quando não posso mais me defender do bote.

Dá-me sabedoria e capacidade de permanecer em um estado de presença para reconhecer e enfraquecer esta opressora que mora em meu ser.

Reconheço também que é igualmente maléfico vibrar na energia do oprimido, da vítima, do desvalido, que eu saiba me livrar deste espírito também.

Que eu ande pelo caminho do meio, que é a humildade, sabendo e sentindo exatamente o meu lugar em cada situação nem mais, nem menos, isto é: ser filha diante dos meus pais, irmã mais velha diante dos meus irmãos, apenas a esposa diante do meu esposo, a mãe diante dos meus filhos, apenas a coordenadora diante dos meus professores, pais, e colegas gestores.

E assim é.

Paula

 

 

 

 

 

 

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