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RELATO DA MINHA EXPERIÊNCIA DE SONHOS, MEMÓRIAS E PESADELOS A PARTIR DA LEITURA DE LIVROS DE JUNG

RELATO DA MINHA EXPERIÊNCIA DE SONHOS, MEMÓRIAS E PESADELOS A PARTIR DA LEITURA DE LIVROS DE JUNG
Eloni Gomes
ago. 8 - 7 min de leitura
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Jung entende a alma como algo vivo, algo complexo, resgatando sobre o inconsciente como algo vivo que produz, cria símbolos e imagens. Os símbolos são, para a psicologia Junguiana, a linguagem na qual nos expressamos nos sonhos. Uma linguagem que nem sempre se mostra simples de colocar em palavras.

Os sonhos recorrentes costumam estar associados a experiência negativa que interiorizamos em forma de trauma emocional.

Realmente tenho pesadelos repetitivos, que estou caindo de um local muito alto, mas desperto antes de chegar ao chão. Interpreto isso como um aviso de que é preciso prestar atenção, pois sempre que me encontro em momentos de muita angústia, talvez para sanar algum aspecto que foi reprimido sem cura.

A partir das leituras conseguimos identificar algumas questões do dia a dia relacionada aos sonhos que ficam fáceis de identificar. Interpretar os sonhos e trabalhar com eles é o que Jung chama de “imaginação ativa”, nela até mesmo os pesadelos mais desesperadores podem ser uma mensagem do inconsciente para alcançar a cura interior.

Fontes somáticas, percepções corporais, estados patológicos ou indisposições físicas. Na antiguidade os sonhos eram considerados como fonte de diagnósticos e indicavam o tratamento para problemas somáticos. Assim, não podemos perder de vista que não há separação entre corpo e a psique, esses sonhos são especialmente importantes quando trabalhamos com uma perspectiva psicossomática.

Temos também os eventos físicos, os quais não ocorrem no próprio corpo, e sim, no meio ambiente, podendo influenciar o sonho através de estímulos luminosos, frio, calor e ruídos.

Passei por uma experiência recente que ajuda a pensar nessa afirmação de Jung:  Há alguns dias tive um sonho com meu esposo, o qual ele havia levado tiros de arma de fogo e, em meio a este sonho, acordo desesperada e aos prantos.

No entanto, quando me desperto, ouço novamente os tiros vindos da mata, próxima a minha casa.

O que Jung quer dizer é que não necessariamente os sonhos são condicionados pelos eventos físicos, mas, que determinados sonhos podem ser influenciados pelos estímulos externos, justamente porque o inconsciente não dorme. Assim, esses estímulos podem se associar aos conteúdos inconscientes produzindo um sonho.

Sobre os acontecimentos psíquicos externos ao paciente Jung já discutia desde 1909, quando apresentou uma preleção na Universidade Clark, nos EUA, depois publicada sob o titulo de “Constelação Familiar” (OC II). Neste falava sobre a capacidade do inconsciente entrar em sintonia com o inconsciente de outra pessoa, apresentado o resultado de um estudo com teste de associação de palavras com famílias, onde foram observados em alguns casos as associações de membros da família, apresentavam um índice elevado de similaridade, que indicavam uma identidade psíquica.

Para dar um exemplo, que ocorre muito hoje na minha profissão, quando muitas vezes em atendimento psicológico, pacientes nos procuram com alguns sintomas de depressão, contudo, a rotina e as atividades e sua disposição para enfrentar e realizar tais mudanças não condiz com a depressão. 

Na busca por investigar melhor o sistêmica familiar da paciente, em sessão com o outro membro da família a qual vive aos cuidados da paciente conseguimos identificar a depressão severa e crônica a qual a mãe possuía por anos. A paciente era filha única, responsável pela mãe, assim, inconscientemente ela era “contaminada” pela mãe, mas quem veio a procura de terapia foi a filha.

Sendo assim, a faculdade do inconsciente “absorve” a realidade circundante nos coloca diante da relação do indivíduo frente ao meio externo. Assim, segundo Jung o sonho ofereceria chaves de compreensão da realidade atual, objetiva e externa a esfera psíquica do sonhador.

“Deste modo, alguns sonhos permitem ao sonhador ver o contexto psíquico no qual ele se encontra inconscientemente imerso”.

Os acontecimentos passados não significam apenas personagens históricos, e nem sempre estar claramente relacionados com o nosso cotidiano, mas, verificamos e associamos de acordo com a necessidade para compreender a mensagem do sonho.

Esses arquétipos constituem padrões basais de comportamento que podem se representar através de imagens universais. Muitas vezes ao sonhar com pessoas ou acontecimentos do passado, me fizeram reviver o momento e também consegui dar novo sentido para o fato.

Também por vezes mesmo sendo curiosa a situação, e na busca de entender, também não os compreendo. Deste modo a única certeza que tenho, que mesmo sem um final satisfatório, a assimilação  e a função compensatória do sonho faz-se necessário para compreender a atitude da consciência e qual aspecto pode estar sendo compensado.

Tal compensação transparece através da minha evolução através do ser/estar aqui nessa dimensão.  

Jung fala também sobre as Causas futuras, os sonhos que antecipam conteúdos psíquicos futuros da personalidade que não são reconhecidos tais no momento presente. Trata-se desse modo de acontecimentos futuros que ainda não passíveis de serem reconhecidos no momento presente.

Eu mesma tenho muita dificuldade em encontrar pessoas para me ajudar nos afazeres da casa pelo fato de morar em um local da área rural, em uma chácara retirada da cidade.

E em meio a toda uma busca para encontrar essa pessoa, tive um sonho com essa mulher, a qual eu conhecia apenas de passagem, e no sonho ela sorria para mim e me parecia alguém intima do meu ciclo social. No outro dia recebi a noticia que ela procurava um emprego/trabalho, e eu procurava alguém para me auxiliar.

E em conversa com a mesma hoje tenho essa mesma pessoa em minha casa me auxiliando.

Esses sonhos indicam possibilidades futuras, na qual acredito que se faz muito presente em minha vida. Algo que falo, comento ou até mesmo almejo muitas vezes me traz as respostas das quais preciso, com intuições acerca do futuro. Comprovando que o inconsciente, até onde podemos compreender, não é condicionado pelo tempo.

Os sonhos, seja ele cada um de sua maneira, provocam mudanças, justamente por nos colocar diante de nossa verdade mais profunda. Com isso, podemos solucionar problemas, melhorar as características, aumentar a criatividade e o autoconhecimento.

Além disso, é possível saber quais são os desejos e realizações mais profundos de nosso verdadeiro eu. Assim, os sonhos nos oferecem uma possibilidade de olharmos para nossa vida por outra perspectiva, sem as limitações da consciência.

 

JUNG, C. G., Memórias Sonhos e Reflexões, Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1975

JUNG, C.G., Natureza da Psique, Petrópolis:Vozes, 2000.

#tarefalivre02 #mod06

 

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