Todos nós um dia fomos crianças e cada um a seu modo e em seu tempo viveu a arte de assim ser.
Com certeza na infância meus pais viveram o que era próprio de seu tempo.
Papai gostava de empinar pipas, andar a cavalo, caçar com bodoque, jogar bolinha de gude, etc. Não tinha muito o que estudar naquele tempo. Aprendia a ler e escrever apenas o básico.
Mamãe gostava de pegar borboletas, brincar com bonecas de milho verde, pular corda, cantigas de rodas, etc.
Estudo também não teve muito. Fez até a quarta série. Com 14 anos fez curso de corte e costura pelo Instituto Universal Brasileiro e costurou até mais de oitenta anos.
Meus pais se conheceram em uma festa de igreja.
Amor a primeira vista. Agora sei que este amor não é amor e sim paixão pelo campo de dor.
Minha mãe era noiva e desfez o noivado para casar com meu pai. Quanta tristeza para o noivo. Quanta dor.
Meus pais se casaram, tiveram muitas desavenças e grandes dificuldades. O amor de minha mãe foi maior e enfrentou tudo com coragem. Até doença venérea meu pai passou a ela, o que quase a levou a morte. Deixaria nove filhos pequenos. Mas Deus não permitiu e tudo seguiu.
Certa vez ela tomou vários comprimidos de Valium para morrer quando descobriu mais uma traição dele. O médico tirou tudo, útero e ovários e conseguiu salvá-la.
Agora é a minha vez. Meu casamento que nem deveria ter existido, pois nunca senti atração por meu esposo e sim um respeito como a um pai. Infelizmente da parte dele não. Me admira e me ama loucamente.
Nosso relacionamento nunca foi uma maravilha. Não gostamos das mesmas coisas. Cada um está conectado com o seu gosto.
Tivemos 5 filhos e 1 filha que está no céu.
Hoje com 42 anos de casada, fazendo o curso da Formação Real, descobri muito sobre relacionamento. E aprendi que o que faz o amor dar certo é recuperar o vínculo do amor interrompido.
Tanto eu como esposo não tivemos as necessidades básicas supridas na infância. Isso torna difícil a vida adulta. Mas, o conhecimento liberta. E aos poucos vou conseguindo me ajudar e a ajudá-lo a compreender que a vida foi como foi, que só recebemos aquilo que nossos pais podiam dar e isso já é o suficiente.
Devemos ser gratos a vida que nos passaram!
Ela nos faz seguir adiante! Gratidão!