Meu conto de fadas favorito e sua dinâmica sistêmica
Sempre tive grande fascínio pela história “A bela adormecida”. Na história, a princesa permanece bela e intacta aguardando um corajoso príncipe a resgatá-la de um sono profundo e em seguida acordá-la com um romântico beijo.
Hoje percebo que na vida adulta, a história infantil revela um roteiro da “mulher abandonada”, explicado através das constelações.
Na visão sistêmica, a fada que não é convidada à festa de casamento do Rei representa uma exclusão. Mais tarde, a filha do Soberano ao chegar na puberdade – idade das iniciações nos relacionamentos amorosos - é “abatida” por um sono eterno.
A fada excluída representa vários parceiros da mãe ou do pai, que sofreram muito com a separação e não foram reconhecidos e honrados, fazendo com que tivesse perdido sua vida já que não tem valor, como a bela adormecida. Mais tarde, alguém do sistema do pai ou da mãe que abandonou ou foi abandonada por este parceiro pode reviver este mesmo destino e ser largada sucessivamente, sem perspectivas de refazer a sua vida amorosa.
O que podemos interpretar sobre os personagens é que pode existir relação com uma situação da vida e história familiar dos seus pais, irmãos dos pais, avós ou bisavós maternos e paternos. Este processo revela para quem olhamos, com quem estamos identificados, com qual destino estamos entrelaçados sem saber, nos dando opção de reformulá-lo olhando com carinho para o enredo e incluindo a todos.
Para cada caso existe uma saída que não pode ser padronizada, mas entre elas sempre tem o olhar para quem foi excluído, com quem se cria a identificação, reconhecê-lo e aceitá-lo, pode ser a mudança no final da história. Deixar com ele o seu destino, com amor, humildade e gratidão.
Olhar para frente e deixar o passado fazer o seu milagre, porque “liberados somos concluídos”. (Bert Hellinger)
"Somente quando a fruta madura cai à terra se desprende aquilo que serve ao futuro". (Bert Hellinger)