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A VIDA DO MEU PAI, DA MINHA MÃE E A MINHA

A VIDA DO MEU PAI, DA MINHA MÃE E A MINHA
Angelica Santos Pessoa Rocha
out. 24 - 5 min de leitura
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Neste texto quero compartilhar o resultado de uma pesquisa interior que eu realizei comigo mesma e com algumas informações que eu busquei com os meus pais. Quero começar contando um pouco da vida deles.

Meu amado pai Valmir, a quem eu sou grato e honro, ficou órfão de pai ainda  pequeno, uma criança de apenas sete anos de idade. Minha avó, agora viúva jovem e com oito filhos para criar, morando na zona rural de uma pequena cidade no sudoeste da Bahia. Meu avô faleceu de infarto. O filho mais velho, acredito que na época tinha por volta de dezenove anos, assumiu a responsabilidade de cuidar e manter a casa.

Pelas minhas pesquisas, minha avó não era muito amorosa com  seus filhos. Ela também perdeu um filho que era deficiente ainda pequeno. Hoje ela mora com meus pais e ainda continua a não ser carinhosa.

Quando ela morava em sua casa, nenhum dos netos iam na casa dela, eu mesma era raro ir lá. Não tínhamos um vínculo de amor com ela, era muito brava e fechada, e parece até hoje não gostar muito de criança.

Minha mãe é a filha mais velha e desde muito cedo passou a tomar conta da casa e de seus irmãos para os meus avós trabalharem na roça. Ela relata ter sido uma vida muito difícil e sofrida. Na verdade ela conta que no início ela também tinha que ir para a roça, mas ela deu um problema de saúde, na qual ela passou a desmaiar.

Foi ao médico e até hoje não se sabe o que realmente aconteceu, o médico achou que ela iria ter epilepsia. Por esse motivo não frequentou mais a roça e passou a ficar na casa cuidando dos irmãos, e dos afazeres domésticos, isso ela tinha por volta de doze anos de idade.

Ela relata que minha avó e meu avô eram muito bravos e rígidos com ela. Minha mãe gostava muito de estudar e tinha um grande sonho de ir para a cidade continuar seus estudos, mas meus avós não deixaram. Então ela conta que ficou repetindo a 4ª série várias vezes, por gostar tanto de estudar.

Meus pais sempre moraram na mesma comunidade rural. Aos 20 anos de idade eles se casaram. Como aqui não tinha fonte de renda meu pai viajava para São Paulo grande parte do tempo. 

Com um ano de casado ela ficou grávida de mim. Quando descobriu a gravidez meu pai estava em São Paulo e meus avós maternos haviam se mudado da região também em busca de melhores condições de vida.

Minha avó também estava grávida na época. Dessa forma quando eu nasci, minha mãe estava sem o meu pai e sem a minha avó por perto. Imagino ter sido difícil para ela, pois moramos distante da cidade e ela estava só, pode-se dizer. Minha avó estava perto de ganhar seu último filho, não pode acompanhar minha mãe e morava distante também.

Só agora que juntei tudo isso eu entendi o porquê sempre me senti abandonada. Nunca tinha entendido, mas me senti assim, sozinha, às vezes me batia uma tristeza, uma solidão, e quando criança sentia também que ninguém me amava e parece que ninguém se importava comigo. Era como se eu não fizesse falta. Não tenho lembranças da minha infância até os sete anos. Sinto como se ninguém me amava.  

E só agora me toquei, que quando eu ganhei a minha filha, foi bem na época que meu pai tinha ficado endividado e viajou para São Paulo novamente, e assim minha mãe e meu irmão se mudaram para a cidade também para trabalhar e eu fiquei só, pelo menos era assim que eu me sentia. Meu marido estava aqui, mas parecia que não estava.

Sempre quis entender o porquê dele não ter ido me buscar no hospital quando nossa filha nasceu. Ele levou e voltou, e no dia disse que estava ocupado no trabalho e mandou meu tio  me buscar. Foi dolorido e triste. Lembro que quando saí do hospital e não o vi, eu senti uma tristeza tão grande e uma solidão imensa.

Agora eu vejo, a história se repetiu. E de agora em diante eu escolho olhar para tudo entendendo que todos nós fizemos o melhor que podíamos, com o conhecimento que tínhamos.

Eu perdoo a todos, e deixo o amor fluir em minha vida. Agora eu me abro para receber o amor de meus pais, que mesmo à distância, e apesar de  tudo o que passaram, eu sei que eles me amam. Recebo também o amor e os cuidados do meu marido.  

E de agora em diante eu decido me amar, me sentir amada, e espalhar o amor  para todos. Na minha próxima gestação eu escolho viver cada momento vibrando no amor,  permitindo  a participação e acompanhamento do meu marido, e permitindo que o amor e a presença dele chegue até o nosso bebê.

Eu hoje também permito e abro caminho para ele amar e transmitir o seu amor para nossa linda filha. 

Com carinho! 

Angélica Pessoa.

#mod03

 

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