As constelações épicas tratam de temas desafiadores, de traumas gerados por conta da exclusão, da vida interrompida, da verdade escondida, onde essa negação vai crescendo e se estendendo ao longo de gerações, trazendo sintomas intensos.
Falta de sentido, vazio, como se algo sempre faltasse. Um pedido de socorro que ecoa na alma. Um sentimento grande de desamparo.
O suicídio, a automutilação, as doenças autoimunes...se olharmos todos os sintomas que trazem essa informação de interromper a vida, percebemos que inconscientemente mostram o desejo de retornar ao útero, retornar a mãe, de ter o acolhimento, se sentir pertencente, seguro, retornar a fonte. O desejo de nascer!
Pode parecer contraditório se tentamos interpretar com um pensamento mecanicista, mas quando captamos a essência dessas dinâmicas, é muito claro que só podemos nos sentir vivos, se somos vistos, acolhidos, e nos sentimos pertencentes e seguros.
No feminino que nos recebe, na manada que pertencemos, bem como a mãe Terra e o pai Céu. E se não nos sentimos assim, se há em nossos sistema essa informação de exclusão, esta vai pedir para nascer, para pertencer, e vai buscar conseguir isso inconscientemente, mesmo que seja por caminhos tortuosos.
E como diz Olinda: "Os filhos revelam o que os pais escondem no coração."
As crianças trazem informações do que precisa nascer! Do que precisamos incluir e curar em nós.
E eu digo que não somente literalmente as crianças, mas também as crianças que vivem em cada adulto que ainda carrega em si esses sintomas para serem vistos.
E esse processo é uma jornada. Imagine quantas questões existem para serem resolvidas. Devemos sair da "cultura miojo", de que tudo se resolve rapidamente. A cura acontece a partir de uma transformação verdadeira em nosso íntimo, e isso se constrói. Requer acompanhamento, atitudes e conscientização real.
Mas, será que pode acontecer rapidamente quando, ao termos um insight, aquilo nos completa de maneira tão intensa que a partir de então nossa vida começa a mudar? Pode!
Porém, acredito que esse grande insight já era uma sementinha dentro de nós que já vinha sendo regada há algum tempo, só que de maneira inconsciente, e aí então vem uma informação que a faz chegar ao consciente, vir a superfície e florescer.
Sinto que as constelações épicas são assim. O cultivo de uma semente que não nasceu e que tem muita vida contida nela pedindo desesperadamente para chegar aqui. E então, a plantamos. Vamos cuidando com muita amorosidade, paciência, respeitando seu próprio tempo, e ela vai crescendo aos poucos, se nutrindo e alcançando a superfície, se revelando e mostrando que tipo de flor ela é.
Vivenciei isso em minha história quando ainda nem tinha conhecimento das constelações, quando sentimentos de angústia, pânico, depressão, distúrbios do sono, entre outros em nossa família começaram a melhorar, simplesmente pelo fato de minha mãe começar a conversar comigo sobre duas dessas sementinhas: minha irmã não nascida Tamires e também, minha tia não nascida (irmã dela), Mafalda.
Através das histórias que minha mãe contava, elas foram sendo incluídas em nosso sistema com muito amor e de maneira natural, virando lindas flores, com minha mãe relembrando e se referindo a elas como "minha filha", "minha irmã", com carinho e não mais como um segredo.
Depois quando conheci as constelações vi como esse movimento sistêmico aconteceu de maneira intuitiva em nossa família e isso me tocou. Foi mais um fato que demonstrou o quanto as constelações acontecem de maneira orgânica e a todo instante em nossas vidas, basta termos olhos para ver, coração para sentir e se permitir liberar e completar o que o campo nos conta e nossa alma nos pede.
Continuo nesse processo, a cada dia me sentindo imensamente grata por tudo o que já se completou em nós e aberta para o que ainda continua sendo trabalhado e curado. O amor de fato, sempre traz de volta.
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