Desde que iniciei os estudos sobre as Constelações Sistêmicas, comecei a ter um novo olhar para as doenças.
Aliás, por esse ponto de vista, elas são presentes da vida, para que algo que não seja visto a olho nu, possa ser reconhecido e ressignificado.
Desta maneira, vejo a necessidade de ficarmos atentos aos sintomas.
Notamos a doença, sofremos com ela, mas na maioria das vezes, ignoramos os sintomas, e eles vêm sempre com grandes informações sistêmicas, sejam elas nossas ou do nosso campo. O fato é que com eles, podemos observar diagnosticar e trazer a cura caso seja permitido.
Notoriamente, na maioria das vezes, os próprios sintomas mostram a cura, pois são sinais que o nosso corpo emite para ficarmos atentos ao modo de vida que estamos adotando.
Sendo assim, se a maneira em que agimos está em desarmonia com o nosso propósito ou objetivo de vida, e até mesmo quando os nossos relacionamentos não estão nos proporcionando paz e tranquilidade, eles servem de alerta para que possamos olhar e ressignificar.
Vale destacar também, que muitas vezes uma doença, bem como comportamentos, vem mostrar alguma informação esquecida ou imaculada no sistema, sendo assim a oportunidade de ser vista.
No meu sistema, noto doenças como fibromialgia por gerações consecutivas, e embora os diagnósticos sejam sempre os mesmos, notamos similaridade nos comportamentos, e fidelidade aos mesmos e também a diversas crenças.
Essas memórias transgeracionais, ficam armazenadas no nosso corpo, bem como as nossas características físicas, que por vezes, servem de gatilhos, e que podemos chamar de emaranhamentos sistêmicos.
Por consequência, ressalto a importância de buscarmos entender o que o corpo está querendo falar com estes sinais, buscando entender se o sintoma está ligado a um tipo de insatisfação momentânea ou se é o nosso sistema buscando organizar alguma desordem de gerações anteriores.
Como bem exemplificou Olinda Guedes, quanto mais intenso, maior é a exigência para se restabelecer, menos intenso, mais fácil de curar.
Do lado do constelador, vale destacar a importância de estimular essa sensibilidade a observação, em que toda informação para um constelador é preciosa. Portanto, sendo necessário verificar além do aparente.
Mas é importante entendermos esse olhar como bem classifica Bert Hellinger, no livro
A fonte não precisa perguntar pelo caminho, o qual defende a verdade fenomenológica, que é uma verdade que emerge, brevemente, como um relâmpago, algo que vem a luz e podemos ver o brilho, mas se quisermos alcançá-lo, como por exemplo, estudá-lo, decifrá-lo, e então ele logo se desaparecerá, desperdiçando assim, uma informação, talvez a única com grande potencial de cura para a questão.
Completa ainda dizendo da necessidade de estarmos vazios para essas percepções, sendo necessário esvaziarmos de todas as teorias para que possamos estar atentos ao que é mostrado neste relâmpago.
Contudo, voltamos a postura do constelador, para que possamos treinar essa percepção de estarmos atentos ao que emerge, é necessário esvaziarmos de todos conceitos sistêmicos que a doença possa ter, porque cada caso é diferente, respeitando assim a memória daquele sistema, o esvaziar-se mencionado brilhantemente por Bert, é um convite ao constelador; em treinar este campo da sensibilidade ao respeito a informação que emerge, e automaticamente o distanciamento ao campo dos julgamentos, deduções, porque isso sim enfraquece o que emerge, e ressalta o que está imerso sem necessidade de ser visto.
Dessa forma, é de suma responsabilidade que nós, futuros consteladores fiquemos atentos a essas percepções.