Bem, cheguei! Cheguei até aqui com muito orgulho. Orgulho por estar descobrindo quem sou, o que vim fazer, o que já fiz… Orgulho por saber que faço parte de uma grande família, na qual agora, nesse momento, eu sou o ápice da vida.
Amada nona Albina… você deve estar muito feliz pela minha vida. Você, que gostava tanto de estudar, que foi professora numa época tão difícil, uma época de guerra. Descendente de imigrantes, que sofreu tanto preconceito, tanto medo, tanta tristeza. Pena que tivemos pouco tempo de convivência! Mas acredito que os ensinamentos foram profundos.
Ao ver a sua vida retratada pelo livro da sua irmã, querida tia Iracema (a qual você deve ter recebido aí, nesses dias, em festa), entendi seu câncer… entendi sua dor e entendi muito a sua vida. Quanto amor você nos deu! Gratidão por ter me dado tanto exemplo de amor e amabilidade! Espero que você esteja feliz, com o Olysses e o Galileu, e tantos outros, como o Itamar, tio Lívio, tio Elói, e todas as suas irmãs e irmãos.
Entendi tanto da minha espiritualidade ao ler sobre meu bisavô, seu pai! A cada vez que faço um bolo, uso o pão-duro que você me deixou de herança e encho meu coração de gratidão por tudo que você me ensinou em tão pouco tempo. Cada vez que sinto sua falta, olho os pés do Rodrigo– eles são iguaizinhos ao seus!
Querido Nono Clemente, que pena por termos compartilhado tão pouco! Mas carrego seu sobrenome, muito da sua garra e força de vontade. Que compreensão tive da sua vida dolorida, incompreendida e sofrida! Muitas revelações e insights têm aparecido tão “sutilmente”, principalmente quando comecei a entender o princípio da compensação... EU VEJO VOCÊ, nono, e percebo quanta coisa ainda tenho por revelar com o que foi a sua vida, pois o amor traz de volta!
Vó Erondina… ai ai. Que difícil falar com você. Você ficou comigo durante quase 42 anos. Quanta coisa recebi de você. Recebi, pois você recebeu de todos da sua linhagem – minha bisa Tereza, meu bisa João… pessoas com as quais tive a felicidade de conviver. Meu tataravô e minha tataravó, que criaram você, vó Ronda… Quantas perdas, quantos sofrimentos vocês tiveram. Mas também quanto amor eu sinto de vocês, no meu sangue, na minha alma.
Lembra, vó, da alegria quando percebemos, esses dias atrás, que meus pés são idênticos aos seus?? Saiba, vó, que eu continuo firme no seu tercinho, todo remendado de tanto que foi usado. Continuo firme no amor na nossa família, como você me ensinou.
Continuo com o mesmo amor e cuidado com os outros, como você sempre fez. Modelo de servir, serva de Nossa Senhora.
Entendo muito agora sobre sua vida, sob a luz do princípio da ordem - quanta coisa se revelou com essa compreensão. Quero que saiba e conte a todos aí, que me precederam, que estou firme na minha jornada de autoconhecimento e que acredito que estou no caminho que o Pai quer de mim. Sempre.
Continuo aqui vivendo o agora, com a gratidão que vocês me ensinaram, apesar de ver tanta dor no passado. Eu pertenço a esse núcleo. Consigo sentir isso. Estou no caminho da aceitação e da compreensão. Vejo vocês como uma base tão infinitamente forte, atrás de mim, culminando em todas as coisas que acontecem comigo, com o propósito de estar aqui e, nesse momento, poder escrever essa declaração de amor.
Amo todos vocês, do fundo da minha alma. Que essa história de amor cada vez mais se fortaleça em mim e na minha filha tão maravilhosa! E que floresça em lindas flores perfumadas com cheiro de gratidão e paz.
#mod01 #cartaaosantepassados