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UMA PROFISSÃO TECIDA COM A ALMA DA INFÂNCIA

UMA PROFISSÃO TECIDA COM A ALMA DA INFÂNCIA
Maria Mariete Aragão Melo Pereira
mar. 29 - 8 min de leitura
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-Uau! Que delícia este módulo! Diz a mestra Olinda Guedes.

Que delícia mesmo! Quanto aprendizado e também quanto resgate, quanta ressignificação em todas as aulas. Uma viagem magnifica no tempo, um resgate oportuno e necessário da minha vida profissional.

Quando criança tive duas atividades bem marcantes: estudar e brincar. Às vezes eu estudava brincando, outra vezes, brincava estudando. Uma brincadeira em especial tornou-se uma realidade em minha vida. Colocava todas as minhas bonecas no sofá e me arrumava: de salto, de óculos e com um livro nas mãos, dava aulas para elas.

Penso que replicava o que eu aprendia na escola.

Hoje vejo como se fosse um storyboard, um roteiro. Por isso penso ser esta minha primeira profissão.

Trago para o papel um breve relato de meu curriculum

Eu devia ter 8 anos e ajudava a madrinha em seu trabalho aos domingos de manhã, (fazia minha tarefa em menos de 1 hora e recebia meu pagamento. Com este dinheiro eu comprava uns brinquedos (artefatos de cozinha) de barro que eram vendidos na feira ou guardava para o sorvete da semana.

Talvez entre 10-13 anos, em minhas férias escolares eu ia para o sertão (fazenda) e além de tomar meus banhos de rio, subir nas oiticicas, brincar de casinha debaixo das árvores e catar maracujá do mato, eu fazia chapéu de palha.

No final de semana eu juntava minha produção e realizava a venda.

Nesta época não entendia de custo de oportunidade, de ponto de equilíbrio, de margem de contribuição, na verdade só conhecia meu lucro líquido por que recebia o dinheiro da venda – uma vez que os custos da palha e a mão de obra da pessoa que riscava a palha, eram recursos da fazenda. Mas eu sempre tive uma meta de quantos chapéus eu deveria produzir por semana e aqui eu aprendia sobre planejamento.

Quando eu voltava para a cidade tinha dinheiro para meus doces, sorvetes e gibis garantidos por um bom tempo.

Também participei de um projeto de alfabetização de adultos (não lembro quantos anos eu tinha). Fiquei responsável por alfabetizar em uma família: a mãe e duas filhas. Eu ia até a casa delas. Lembro-me da alegria da mãe quando aprendeu escrever seu nome. Foi um projeto lindo, gratificante. Aprendi muito com esta família e ainda fui remunerada.

Depois de participar do projeto de alfabetização de adultos, tomei tanto gosto por ensinar que fui estimulada pela madrinha para dar aula de reforço escolar em minha casa.

Esta atividade perdurou por um tempo considerável até eu começar a trabalhar com vínculo empregatício.

Já no início da faculdade eu queria ter um emprego, então fui ao Colégio onde cursei o primário (1ª a 4ª) e o ginásio (5ª a 8ª), e eles estavam implantando um curso de 2º grau. Cheguei na hora certa, contudo, as disciplinas já haviam sido distribuídas para os professores veteranos, a maioria, meus ex-professores e para mim veio o que sobrou – um desafio, mas dei conta.

Estudava diuturnamente.

Entretanto, como minha faculdade não era na área de educação, não via sentido permanecer atuando em instituição de ensino. Dessa forma arranjei um trabalho em um escritório de um professor meu e deixei a sala de aula. Foi mais desafiador que as disciplinas do 2º grau. Nesta época as empresas estavam informatizando seus processos e eu agi proativamente.

O trabalho no escritório me deu régua e compasso – vi e vivi todas as rotinas- mas também foi muito desgastante. O ambiente era de muita competição e houve até sonegação de informação necessária para realização de minhas tarefas, mas eu resisti – naquele momento era resistir ou desistir. Terminada a faculdade fui indicada por este meu professor/patrão para um grupo empresarial que ele assessorava – aqui o desafio além de profissional era emocional – morar em um lugar onde eu não conhecia ninguém.

Casei e no sexto ano de casada mudamos para outro estado onde moro atualmente (quase 30 anos). Cinco meses depois da mudança, fiquei viúva e o contexto econômico nacional e pessoal era muito difícil. Fiquei na lona, tive que recomeçar emocional, financeira e profissionalmente. Continuei trabalhando na área de minha formação e por isso resolvi fazer uma pós-graduação onde conheci pessoas que atuavam tanto no mercado quanto na academia.

Certo dia um colega da pós que era professor em uma instituição de ensino superior (IES) disse-me que havia passado em um concurso público e não seria possível conciliar as duas atividades e que pensou em me indicar para substituí-lo – para mim foi o descortinar de um admirável mundo novo.

E era assim, apesar das distâncias serem curtas, eu vivia entre três municípios, visto que eu morava em um município, trabalhava 8 horas por dia de segunda a sexta em outro município e lecionava duas vezes por semana à noite em outro município. Muito trabalho, mas tudo muito gratificante e internamente apaziguada por que sabia que era necessário trilhar este caminho.

Gostei tanto da sala de aula que resolvi fazer um mestrado na área de minha formação. Com o trabalho de escritório e a carga horária de docência aumentada, vi logo no início do mestrado que eu teria que fazer uma escolha. Para mim, não seria possível conciliar as três atividades, optei em ficar com o mestrado e a docência. Então já eram 5 dias fechados de sala de aula e mais 1 sábado para orientações de Trabalho de Conclusão de Curso.

Eu a cada dia eu mais fascinada e encantada com a docência – agradecia a Deus pela orientação na escolha.

Os dias eram assim: enquanto eu aprendia eu ensinava, e enquanto eu ensinava eu aprendia. Atualmente sou dedicação exclusiva em uma IES.

Falo com propriedade tudo que ensino porque minha profissão de formação me ensinou a fazer. Por isso sou grata à minha profissão de formação que me trouxe até minha profissão de vocação.

A vida sempre nos convoca para novos desafios e a demanda de agora é participar deste processo de mudança de formato de ensino 100% presencial para atividades remotas temporárias e também EAD (ensino à distância), mas principalmente do emprego de novas metodologias de ensino.

Para um futuro bem próximo um formato híbrido de ensino (presencial e EAD) com a utilização de novas metodologias. Mais um desafio.

Como Fátima, a fiandeira, seguirei fiando, tecendo, construindo e confeccionando os mastros de minha tenda profissional, mas ao contrário do conto de Fátima, por aqui o arauto ainda não tocou sua trombeta. E quando o ciclo de passagem pela  IES atual findar, o que é um processo natural, lançarei mão de todas as habilidades e competências desenvolvidas ao longo de meio século e singrarei pelos mares de outros saberes.

Quero continuar contribuindo para a formação de outras pessoas e de um mundo melhor. Quando eu estiver pronta o arauto virá, e quando ele tocar, quero junto com a trombeta cantar de forma leve e suave.

       [...]

Fala o fole da sanfona, fala a flauta pequenina

Que o melhor vai vir agora que desponta a bailarina

Que seu corpo é de senhora, que seu rosto é de menina

Quem chorava já não chora, quem cantava desafina

Porque a dança só termina quando a noite for embora

[...]

                                             (O Circo – Nara Leão)

 

 Vai, vai, vai começar .... e eis que a noite não é chegada .... ainda é dia.

Gratidão infinita a todo o masculino e o feminino do meu sistema, me abençoem!

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