Noites escuras da alma; o conteúdo desse módulo me deixou alerta para a maneira como valorizamos o senhorial e um sentimento de tamanha tristeza invadiu meu coração, comecei a mexer a sopa e uma palavra pulou na minha mente como se quisesse fazer parte da panela de sopa.
Então dei vazão a palavra inicial e como não conhecia o significado fui buscar no google e digitei “alvidar” e imediatamente apareceu a palavra escrita de maneira correta “olvidar” verbo transitivo direto e pronominal perder a memória de; não vir (algo) à lembrança de alguém ou de si mesmo; esquecer (-se). “o. o passado”.
Ao entender o significado da palavra me reportei a uma imagem de um grande navio atracado ao porto brasileiro, visualizei muitos homens em filas como se fossem formigas carregadeiras, esvaziando os porões do navio trazendo para a superfície malas, móveis, caixas e tudo mais que lhe fora concedido trazer para a nova morada.
E ao aproximar um pouco mais, vi mulheres vestidas como homens cabelos curtos roupas largas, tentando ganhar uns trocados para matar a fome de seus rebentos.
E aquele sentimento de tristeza se transformou em dor, todo tipo de dor que um ser humano submete outro usando de violência física, a violação do corpo físico, a dor de trazer outro ser humano a vida, a dor moral de ser tachada de “mulher da vida”.
E diante de tanta dor, a cada passo aquelas mulheres foram se deixando pelo caminho, mães irmãs e filhas foram esquecendo suas identidades, seus desejos, seus sonhos e agora, além de excluídas, foram também olvidadas.
E hoje, com o conhecimento sistêmico, podemos dizer em uma só voz: nós vemos todas vocês e lhes concedemos um justo lugar na História da humanidade.
A todas as mulheres que aos poucos foram se deixando pelo caminho num estado de submissão em satisfazer os desejos mais infâmes dos seus perpetradores. Em uma só voz nos lhes dizemos: gratidão.
Ao contrário da música do Chico Buarque intitulada “Geni”, nos te reverenciamos num gesto grandioso, ao permitirem o livramento de muitas outras mulheres e porque não dizer do universo feminino de terem seus corpos e almas dilaceradas.
Verdadeiras fortalezas ao carregarem as dores da humanidade e a todas as mulheres que ainda hoje carregam em suas almas grandes caixotes contendo desejos e sonhos alheios o nosso sinto muito.