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VIDAS QUE SE ENCONTRAM - MÓDULO III

VIDAS QUE SE ENCONTRAM - MÓDULO III
Ana Lucia Gonçalves Capellari
mar. 19 - 6 min de leitura
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Meus pais se conheceram através da dificuldade financeira do meu avô materno, ele (talvez descendente de italiano, pois tinha os olhos azuis “feito uma conta”), com poucas posses formou família muito cedo,  minha avó (desconheço as origens)  ao dar a luz o sexto filho deles descobriu um câncer silencioso que resolveu gritar na amamentação, um tumor se rompeu e minha avó não podia amamentar, a criança enfraqueceu por não se adaptar com outro leite e faleceu alguns dias depois.

Meu avô acompanhava minha avó ao  médico que ficava em outra cidade, mas logo a doença progrediu e minha avó faleceu.

Meu avô ficou viúvo com 5 filhas para acabar de criar, a mais velha com 15 anos (logo se casou), minha mãe tinha 13 anos e ajudou o meu avô a criar as irmãs mais novas, uma delas com apenas 3 anos. Infância e adolescência suprimidas pela responsabilidade de se tornar mãe, ela sofreu muito, pois tinha que suprir as irmãs daquilo que não recebeu. Meu avô não se casou novamente, temia que judiassem das filhas, porém se alcoolizava diariamente e com isso as dificuldades cresciam.

Porém recebeu uma proposta para trabalhar em um sítio, de uma família muito boa, o casal sendo ele português e ela mineira , batizaram a filha mais nova e essa madrinha ajudava orientando as meninas.

 Esse casal (meus avós paternos) tinha 4 filhos, nunca soubemos da existência de algum aborto, meu pai era o mais velho. Lembro bem que a minha avó sempre dizia que meu pai foi a “primeira dor dela”, se referindo ao parto, ela dizia isso com orgulho e não escondia de ninguém a preferência por esse filho. Hoje fico imaginando o quão pesado pode ter sido para o meu pai essa fala da minha avó. Não sei nada da infância do meu pai a não ser que ele gostava de pescar, mas imagino que meu pai era bem próximo do meu avô, pois ele sempre acompanhou  o filho, para onde meu pai resolvia se mudar, meu avô se mudava também.

Meu pai era inteligente, cursou até o quarto ano primário e era muito bom para os negócios, ele tinha iniciativa e era muito trabalhador, ninguém plantava e colhia mais que ele, sua agilidade era superior a dos irmãos. Por ser assim, meu pai alavancou a vida financeira do meu avô abrindo um comercio de secos e molhados, próximo ao sítio deles, deu o nome de “Vista Alegre”  e negociava a safra dos seus  irmãos e também dos agricultores da vizinhança.

Meu pai era um homem namorador, “bonito que só vendo” dizia a minha avó. As mulheres o rodeavam e ele que também era “pé de valsa” podia escolher a mulher que quisesse, não perdia um baile.

Com a ida do meu avô materno com as filhas para morar e trabalhar no sítio, meus pais se conheceram, minha mãe além de cuidar das irmãs, ainda ajudava meu avô na roça e lá acabava encontrando meu pai, mas nem pensava em namorar o filho do dono do sítio. Porém em um desses encontros na roça, meu pai “sem querer” passou a mão no seio da minha mãe e ela ficou muito ofendida e disse que não era porque não tinha a presença da mãe que era uma mulher qualquer.

Meu pai diante do que tinha feito, antes que o problema crescesse pediu a mão da minha mãe em casamento ao meu avô, dizendo  que havia caído de encantos por ela. Minha mãe não teve outro namorado na vida, mas meu pai deixou muitas mulheres morrendo de amores e inconformadas porque ele havia se casado.

Minha mãe nos contou que uma delas chegou a dizer que esperaria ela morrer para poder se casar com ele, mas foi a mulher que morreu poucos anos depois.

O início do casamento dos meus pais foi muito bom, trabalhavam muito na roça e adquiriram posses, tiveram 11 filhos, entretanto meu pai não deixou de ser namorador e com o tempo passou a ter vícios de jogo e bebida, perdeu tudo o que conquistaram e minha mãe viveu uma vida de sofrimento e dependência por 30 anos, até que se separaram.

Então olhando para essa história me dou conta de duas coisas, primeiro nunca tinha parado pra pensar que não sei sobre a infância dos meus pais, isso me leva a pensar que eu não lembro muitas coisas da minha infância, o que lembro não sei se realmente são lembranças minhas ou relato dos meus irmãos.

 Também que defini a minha vida conjugal baseada no relacionamento dos meus pais, foi forte ter visto o sofrimento da minha mãe com as traições do meu pai, hora se ele sempre estava em busca de mulheres mais novas eu me casaria com um homem mais velho e não passaria pelas mesmas coisas que a minha mãe passou.

E foi isso que aconteceu, também conheci meu marido quando mudamos de endereço, minha nova casa era em frente a casa dele , foi meu  primeiro namorado, 16 anos mais velho que eu. Nossas vidas se encontraram, nos casamos faz  26 anos e formamos uma família com dois filhos lindos.

 

 

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