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VÍNCULO DE AMOR INTERROMPIDO

VÍNCULO DE AMOR INTERROMPIDO
Ana Paula Guimarães Corrêa Luquette
mai. 18 - 3 min de leitura
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Confesso que esse tema me tocou profundamente, demorei alguns dias para começar a escrever, pois mexeu muito comigo sabê-lo. Nunca pensei que essa situação e esse tal sentimento reverberasse tanto ao longo de minha vida, afinal não conhecia as Constelações Familiares e tão pouco Bert Hellinger.

Minha mãe faleceu na flor da idade, aos 24 anos, se foi muito rapidamente, em uma semana o sintoma e na outra a sua partida abrupta . Fiquei sem ela aos 11 meses, partiu 18 dias antes do meu primeiro aniversário .

É muito difícil passar uma vida inteira sem recordações, histórias pra contar, sem saudade para sentir, pois não houveram momentos compartilhados que eu possa lembrar, o que ficou foi uma falta tamanha, um vácuo. 

Meu álbum de retratos e recordações que tem uma capa linda, é vazio, em branco.

Hoje lendo, estudando, aprendendo e adquirindo novos conhecimentos, percebo todos, ou parte de todos os movimentos que essa interrupção causou, não só a mim mas aos meus filhos também.

Sempre soube que mamei quando bebê, minhas avós nunca relataram dificuldade na minha ingestão de leite, mas com o passar do tempo, na infância mesmo comecei a desenvolver rejeição a lactose, até hoje não consigo ingerir leite e nenhum de seus derivados, passo muito mal.

Me tornei mãe de dois lindos filhos, minha filha que nasceu primeiro, começou a falar muito cedo, aos 11 meses, então com dois anos e meio já falava muito bem, com fluência, e por várias vezes acordava durante a noite, nervosa, relatando sonhos, nos quais corria atrás de mim, sem poder me alcançar, me chamava e eu não ouvia.

Quando eu a abraçava para acalmar, me apertava e chorava, e hoje eu sei que era o medo de ficar sem a mamãe, assim como eu fiquei. Não faz muito tempo ela sonhou novamente, agora é menos frequente, minha menina está com 14 anos.

Com meu segundo filho foi mais intenso, já com alguns meses não podia me perder de vista, chorava e gritava muito, não queria nem saber do pai, do colo de absolutamente ninguém, era difícil de sair de casa, ir passear na casa de outras pessoas até mesmo dos avós paternos era desgastante, pois não queria ninguém, só eu, a mamãe.

Eu era a extensão dele, o ar que ele respirava, não podia me perder de vista. 

Falou muito rápido também mas demorou para sentar, engatinhar e andar, precisou de ajuda fisioterápica. A sensação que tenho hoje é que se ele se desenvolvesse “naturalmente”, logo, ele ficaria mais longe de mim, ou ainda, me perderia de vista, ele sabia que o tempo todo eu estaria ali o segurando, o carregando, o protegendo. 

Hoje ele está com 12 anos, essa fase passou, é independente, inteligente e bem maduro para sua idade. Meus filhos são meu maior tesouro! Me tornei uma boa mãe, amo ser mãe, abri mão da minha carreira, dentro do Direito, para me dedicar integralmente a eles.

Agora sei que isso também faz parte do meu processo do “vínculo de amor interrompido” com minha mãe, pois também não quero deixar meus filhos assim como minha mãezinha me deixou.

Mod02

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