Meu pai e minha mãe se conheceram na cidade de Garça/SP, ainda na infância. São de famílias muito distintas, porém muito parecidas em suas criações e atitudes, tiveram educação diferentes um do outro.
De um lado o meu pai, filho de borracheiro, sendo o quinto filho de oito irmãos, que foram criados com muitas regras e repreensões, meu pai sempre foi muito mimado pela minha avó Bela, fazia muita arte e meu avô Bullio muito bravo e exigia sempre um respeito que transpassava ao medo, punia-o muito, não só a ele como os irmãos também.
Meu avô Bullio exigia que minha avó sempre o tratasse como uma autoridade em casa, e minha avó Bela como uma mulher sábia e submissa ao esposo acatava tudo com muito respeito.
Do outro lado a minha mãe, filha de um fazendeiro que tinha dinheiro e posses, era a primogênita de seis irmãos, sendo que quatro filhos eram do primeiro casamento e dois eram do segundo casamento do meu avô Eloi.
Minha mãe tinha 12 anos quando minha avó Amália faleceu, após esse fato viveu com os tios em São Paulo, e depois retornou para viver com o seu pai. Meu avô casou novamente com a Sra. Cleuza, cujo eu sinto um amor enorme e a sinto como minha avó, que teve dois filhos nesse casamento.
Quando estavam mais velhos e na faculdade eles se encontraram na cidade de Garça e começaram a namorar, minha mãe fazia historia e meu pai engenharia, quando menos esperaram engravidaram do meu irmão Luiz Serafim, e assim começaram as confusões familiares.
Após dois anos eles engravidaram da minha Irma Amália, e um ano depois nasce o meu irmão Negão. Meu pai fez uma vasectomia e crentes de que não teriam mais filhos, eu vim ao mundo após um ano e meio.
Nossa infância foi repleta de amor e atenção dos meus pais, sempre fizeram tudo por nos quatro, porém as brigas entre eles nunca acabaram. Fui crescendo, amadurecendo e compreendi que muitas questões que eles vivenciavam não precisariam ter colocado nós quatro no meio.
Como por exemplo, quando eles brigavam e decidiam se separar faziam reunião para falarem à decisão que tomaram e finalizavam que teríamos que decidir com quem iríamos viver. Mas quatro crianças/adolescentes decidirem com qual dos pais viverem, ficar longe de qual irmão, como seria a vida se houvesse a separação de fato, e vivíamos nessa indecisão e insegurança.
Porém, mesmo nessa turbulência e confusão que vivíamos havia um amor que envolvia nossas vidas, que não conseguiamos explicar e compreender.
Eu via os meus pais dançando e era nessa hora que eu desejava um amor parecido para mim, nessa dança com ritmo e embalo que embalam todos a sua volta.
Ainda vivemos na confusão e turbulência, não houve de fato a separação, ainda estão decidindo o que acham que é melhor para eles. E nós filhos estamos no meio do furacão e tentando sair de uma forma que não soframos mais com toda a situação.
Eles são adultos e sabem o que é o melhor para eles, torcemos que eles resolvam a situação, que eles vivenciem de uma forma madura e adulta, que não se deixem ser conduzidos pelas crianças que habitam neles.
Estou tentando repetir para mim a frase, “eu deixo vocês com o que é de vocês e sigo a minha vida a partir de hoje apenas com o que é meu”, mas é muito difícil vivenciar.
Gratidão pela minha vida pai e mãe.
Atenciosamente,
Talissa Sestito Bullio
#ATIVIDADE 3º MÓDULO