...Canções do Minho / Que me fazem sonhar / Com o momento de voltar ao lar (Trecho da canção portuguesa Verde Vinho, por Paulo Alexandre)
Era o dia de assistir a gravação da aula de atendimento on-line (Plataforma Saber Sistêmico, Aula Bônus de 12/8/2020) e não havia nada em mim que denunciasse o que viria a ocorrer.
Sem qualquer outra intenção além de aprender, iniciei o estudo.
Jamais poderia imaginar que a alma da minha família me reservara uma boa surpresa, enquanto estivesse assistindo a essa gravação.
Realmente, o amor não se cansa, dissera várias vezes a professora, mas não imaginei que o amor me socorreria de forma tão avançada, através da tecnologia!
Nunca pensei que pudesse ‘constelar’ enquanto assistia a uma gravação de constelação havida com outra pessoa!
Para o campo não existe passado, é sempre presente. Agora entendo o significado dessa afirmação.
Enquanto assistia, ia percebendo a semelhança no roteiro da pessoa constelada que, percebi, me é análogo em vários sentidos. Tal semelhança de roteiros foi provocando em mim similares emoções àquelas da protagonista original da gravação.
Para a alma não existe passado, é sempre presente. Agora eu sei!
Finalmente compreendo a razão da injustificável sensação que me acompanhou a vida toda, que me fazia sentir-me em risco de perder-me (extraviar-me, ausentar-me a contragosto) e o porquê viajar sempre tem um gosto dissimulado de ‘não poder voltar’!
Constelar é trazer à luz, disse Olinda.
Graças à aula gravada, à generosidade da pessoa que não temeu expor a sua situação e à intuição da professora que escolheu a música Verde Vinho, a luz se fez radiante para mim também, iluminando a sombra que era desconhecida pelo meu eu, a qual, contudo, ainda é portadora de força atuante.
Diz a canção:
(...)
Estando tão longe da minha terra
Tive a sensação
De ter entrado numa taberna
De Braga ou Monção
Um homem velho se acercou
E assim falou
(...)
Vamos brindar com vinho verde
P’ra que possa cantar, canções do Minho
Que me fazem sonhar
Com o momento de voltar ao lar
Falou-me então daquele dia triste
O velho Luís
Em que deixara tudo quanto existe
Pra ser feliz
A noiva, a mãe, a casa, o pai
E o cão também
(...)
Ah... que saudades de Portugal, a querida Pátria-Mãe! Que dor em minh’alma por nunca retornar. Que vontade de voltar ao lar!
Eureka! A desagradável sensação de sentir-me sob o risco de não poder voltar de uma viagem, o receio de 'extraviar-me' tem explicação! Não é mera fantasia.
É memória transgeracional, reverberando em meu psiquismo o sofrimento dos meus queridos antepassados, a eterna saudade do lar amado e distante; é o receio cultivado por anos seguidos de nunca poderem voltar; é o sentir que estavam 'extraviados'.
Chorei então com eles, dando vazão às lágrimas por tanto tempo reprimidas. Isso me fez bem e, sei, lhes fez bem também.
Em honra a esses ancestrais portugueses, dei a Portugal um bom lugar no meu coração. Vou comprar uma bandeira desta nação, como foi sugerido por Olinda Guedes na constelação original, e dar um bom lugar para ela em meu lar, como um dia ela foi o bom lugar deles, a sua pátria-mãe, o seu próprio lar.
A jornada de cura apenas se iniciou, porém ver o quê a luz mostrou é valioso demais e devo dar preito de gratidão por isso.
Gratidão queridos antepassados portugueses. Gratidão querido Portugal!