Queridos antepassados,
Assim como vocês um dia deixaram a sua terra Natal, também eu, muito cedo, deixei o Brasil para morar no interior do Paraguai. Consigo imaginar um pouco do sofrimento de vocês quando chegaram ao Brasil e encontraram só floresta, sem recursos, sem alimentos, água, lugar para dormir. Além do sofrimento da viagem de navio, houve também vontade de voltar e não poder.
Minha experiência foi parecida pois aqui também não tinha luz elétrica, água encanada. Morávamos longe da cidade e as estradas eram precárias. Sentíamos saudades de quem ficou.
Queridos vovô Pedro e vovó Catarina, obrigada por tudo, porque se não fosse a coragem de vocês hoje eu não estaria aqui. Apesar de conviver muito pouco com vocês, sempre lembro de vê-los sentados em frente da casa observando o movimento da rua. Também me lembro do dia que quebrei o braço e o senhor me acudiu e me deu uma maçã como recompensa por não chorar.
O vovô era uma pessoa muito enérgica, já a vovó era muito acolhedora, muito submissa ao marido.
O vovô Aluísio eu não cheguei a conhecer. A mamãe falava que era uma pessoa muito boa, sempre disposto a ajudar os outros. A vovó Otília eu só vi algumas vezes quando vinha nos visitar. Ela morava no Rio Grande do Sul e nos no Paraná. Como nossa família era muito grande, só o pai e a mãe que iam visitar.
Na vida sinto uma falta como se precisasse fazer algo, mas não sei o que é, não consigo ficar parada.
Parece que sempre tenho que estar fazendo alguma coisa.
Sinto que sou abençoada e agradeço aos meus pais por me darem a vida e além dela um pedaço de terra para plantar e progredir. Me sinto feliz aqui, gosto de plantar flores, mexer na horta e sempre que tenho, compartilho os frutos com meus vizinhos.
Acredito que também assim faziam os meus antepassados.