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"A VIDA NÃO É FÁCIL PARA NINGUÉM” (OLINDA GUEDES)

"A VIDA NÃO É FÁCIL PARA NINGUÉM” (OLINDA GUEDES)
JAMILE SOUZA VILLA-FLOR
set. 12 - 5 min de leitura
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No primeiro módulo do curso de Pedagogia Sistêmica, descobri que tenho uma característica bem marcante para o tipo de aprendizado sinestésico. Faço parte dos 10% da população que têm este traço de aprendizagem. Sempre me esforcei para aprender, mas me sentia devagar, desatenta, sensação de cansaço para me dedicar aos estudos.

Nos primeiros anos de ensino, do infantil ao fundamental, eu tive um bom desempenho. Mesmo com dificuldades para aprender, alcançava boas notas, mas nunca cheguei a ser a CDF ("nerd") da sala como alguns dos meus colegas. Eu era uma aluna mediana. No ensino médio, tive muita dificuldade, principalmente nas disciplinas que envolviam raciocínio lógico. Com muito esforço, conclui o ensino médio. Logo entrei na faculdade, me formei, mas sempre enfrentando obstáculos que dificultavam o meu desenvolver. Enquanto alguns colegas aprendiam apenas assistindo aulas, eu tinha que me virar nos trinta em casa para dar conta.

Eu aprendo, mas tenho que me esforçar muito. Tenho muita dificuldade em manter a minha atenção voltada ao que estou fazendo. Tudo me distrai e isso demanda tempo. Já cheguei a me desanimar algumas vezes, mas nunca desisti.

Com todas as dificuldades, já consegui ter muitos êxitos, como passar em concursos públicos por exemplo, já fui funcionária pública em duas prefeituras e, hoje, sou funcionária da rede estadual de ensino da Bahia.

Sempre me senti a responsável por ser assim, achava que o problema estava em mim, que deveria me dedicar e me interessar mais pelo que fazia.

Mas, depois que comecei o curso na Formação Real, esse conceito que eu tinha sobre mim mesma foi se dissolvendo.

Eu já ouvi a mestra Olinda falando sobre as crianças com dislexia, em relação ao quanto que elas trabalham para o sistema, de maneira que a mente fica tão dividida que não podem se conectar de forma plena com o presente. Acredito que eu tenha um pouco de dislexia.

Tudo para mim é mais trabalhoso, eu faço muito esforço para conquistar o que eu quero, para aprender.

Até consigo, mas demanda muito tempo e trabalho. Geralmente, cumpro as minhas metas, mas demoro, tenho um ritmo lento. Já tive momentos de entrar num ciclo de procrastinação por me sentir desmotivada, cansada de tanto esforço para conseguir algo. Isso aumenta quando vejo meus colegas a todo vapor, evoluindo, e eu, bem devagar.

Mas muitas coisas têm mudado, estou procurando me tranquilizar a respeito disso, me cobrar menos. Eu posso até chegar depois, mas eu vou chegar. Isso é o que importa. Estou aprendendo a me comparar menos com os outros, respeitar mais os meus limites, entendendo que cada um tem o seu tempo, o seu ritmo, e o que importa é chegar.

Não me deixo mais envolver tanto pelas pressões e cobranças dos outros. Eu sou adulta e sei o que quero da minha vida. Sei quais metas quero alcançar. Eu aceito os incentivos, as motivações que vêm dos outros, mas faço tudo segundo as minhas possibilidades. 

O meu objetivo é seguir em frente.

Tudo isso que eu passei e o conhecimento que tenho adquirido com os cursos que estou fazendo me levaram a refletir sobre os meus alunos (eu sou professora da rede púbica de ensino), e a perceber o quanto estão carentes de serem vistos.

Alunos que vão para a escola muitas vezes em jejum porque não têm nada em casa para se alimentar. É na escola que vão fazer a sua primeira refeição no momento do lanche. Então, me pergunto como estes alunos poderão estar atentos às aulas e terem um bom desempenho se eles estão a esperar pelo primeiro alimento do dia, e quem sabe se não será o único alimento.

Há alunos que vivem em extrema pobreza. Como reivindicar que esses alunos fiquem CDF em português e matemática? Alunos que foram abandonados pela mãe e pelo pai (genitores)... que os tiveram na adolescência e não os assumiram. Essas crianças, então, tiveram que ser criadas pelos avós, tios, que, muitas vezes, também são disfuncionais.

São alunos que viveram em lares sem o mínimo de estrutura, totalmente desequilibrados.

E chegam numa escola pública, que, também é, na maioria das vezes, precária, com profissionais disfuncionais que os fazem reviver os mesmos traumas do passado.

Eu sempre enxerguei tudo isso, mas nunca soube o que fazer para ajudar esses adolescentes. Esse é o motivo pelo qual estou fazendo este curso, porque quero, de agora em diante, agir diferente. Quero poder, de alguma maneira, contribuir para o desenvolvimento destes meninos e meninas, mesmo já sendo numa fase avançada (ensino médio). O ideal seria que eles tivessem um bom acompanhamento desde as séries iniciais, mas, antes tarde do que nunca. O meu olhar muda a cada dia em relação ao meu próximo. 

Estou mais compreensiva com as pessoas porque a vida não é fácil para ninguém.

Obs.: ultimamente, estou a todo vapor, me sinto mais motivada e com energia para realizar as minhas atividades diárias. A Mestra Olinda me passou um floral, e os efeitos estão sendo maravilhosos. Um empurrãozinho nunca é demais.

Gratidão Mestra Olinda Guedes!

 

 

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