Na minha geração os filhos estavam na escola por que os pais diziam que precisavam estudar. Se formar e trabalhar para ter uma vida financeira estável, pagar contas, viajar e até mesmo para sustentar uma família. E o que isso tinha a ver comigo? Foi o que sempre me questionei, talvez também seja um questionamento seu.
Lembro da minha aptidão com a escrita, leitura e com a dança, como também da minha inaptidão com aquelas fórmulas matemáticas, tabuada decorada e aquele bando de exercício exaustivo de física.
Definitivamente eu não tinha nascido para aquilo.
Eu amava ler poesias. A minha alma é sensível e romântica e como uma boa sagitariana que aspira liberdade, logo encontrei uma saída: trocava os exercícios de exatas com meu primo e fazia toda a produção textual dele. Para mim aquilo era muito prazeroso.
Perdia a noção do tempo e do espaço dentro do tablado de ginástica rítmica, entrelaçava-me com as fitas e com as roupas de apresentação mas ninguém me ensinou que aqueles eram meus talentos. Apenas disseram que eu precisava dedicar mais tempo nas matérias de exatas, justo elas que não nutriam minha alma.
Nunca fui a aluna medalha de ouro, mas também não tirava notas ruins.
Minha mãe me ensinou muito sobre disciplina e eu sempre estudei conforme o sistema escolar exigia.
Na época do ensino médio exigiam que os adolescentes escolhessem uma profissão, uma missão, talvez um propósito. Ouvi muito essa palavra, mas sempre me questionei sobre qual o propósito de ter que encontrar um propósito?
Formei em direito. Tornei-me advogada. Existia um chamado do meu sistema familiar para isso, mas na época escolhi pela minha afinidade com a leitura e com a escrita.
Depois de alguns anos de formada voltei a dançar e uni o conhecimento sistêmico com o direito de família. A formalidade exata das leis me levava a um campo que eu não tinha afinidade.
Para tratar com pessoas e famílias em conflito, eu precisava de afetividade e não de matemática.
Com o tempo aprendi a identificar todos os meus talentos e percebi que não precisamos escolher um único deles para desempenhar missões ou propósitos, já que estamos a serviço da consciência divina que pisa na Terra todos os dias através do nosso coração ao realizarmos cada um dos nossos brilhantes talentos.
Eu tenho o meu, você tem o seu e juntos podemos levar soluções criativas para toda humanidade.