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Na verdade o seu dedo não é podre, você pode ter um tema para constelar

Na verdade o seu dedo não é podre, você pode ter um tema para constelar
Débora Carvalho
abr. 15 - 7 min de leitura
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A cada dia que passa tenho plena convicção de que a maior liberdade só pode chegar, por meio do conhecimento. Quando passamos a ter acesso ao campo do conhecimento, vivenciamos uma transformação, não podemos contar com os mesmos dados emaranhados de antes, vamos adquirindo recursos, criamos estratégias, traçamos novos mapas mentais, instrumentalizamos novas ideias, construímos novas crenças.

Faça a experiência, é surpreendente. Tire dez minutos de silêncio, para ouvir sua mente e descubra a artilharia que ela guarda contra você, se dentro de você tem uma conversa interna, dizendo eu não sou bom o bastante, não tenho sucesso nos meus relacionamentos, eu fiz de tudo neste relacionamento e fulano foi embora, é hora de trabalharmos nossas culpas a nível sistêmico, você pode estar sendo leal a alguém.

Sempre me vi com muita sede em compreender as dinâmicas que atuam nos relacionamentos de casais e de modo geral, porque desde muito pequena percebia o arquétipo espiritual nas pessoas, inclusive em minha família. Então eu fui acordada pela consciência maior da família, pois alguém precisava realizar esse trabalho, arar essa terra e no meu processo de cura, eu fui pesquisar na minha família, na tentativa de compreender de onde vinha tantos emaranhamentos. Foi então que tive a oportunidade de escutar várias histórias a respeito de mulheres que viveram as mesmas situações que eu, ou melhor, eu estava repetindo os mesmos padrões que elas, pois elas vieram primeiro, na ordem sistêmica, ou seja, passaram por momentos tão insuportáveis de rejeição, de abandono, de frieza emocional, traições, desordens tão profundas que muitas delas não puderam exercer a maternagem, em suas feridas expostas, abriram mão de seus próprios filhos.

Mulheres com altos níveis de cargas emocionais, que se tornavam indisponíveis para os relacionamentos e que faziam de tudo para sentir o pertencimento dentro de uma relação conjugal, não importava o preço, quando estamos vivendo em um ponto cego da inocência, quando a nossa criança tem fome de amor, quando sentimos o vazio do masculino, nossas relações afetivas correm perigo. Aqui entram as dinâmicas de vítimas e perpetradores, principalmente no contexto geral de misturas de classes, sejam elas raciais, ou sociais, quando o grupo familiar de olhos azuis rejeita a melanina na pele de outro grupo, ou de repente uma pessoa é mais abastada que a outra e por ai vai, ou disputam o poder, de uma forma cega e paradoxal, já que o casamento foi realizado dentro da igreja, ganham como se fosse uma permissão. Eu entendo essa liberação de projeções de imagens de sofrimento, depois do enlace matrimonial, como sendo o aguçar  do corpo de dor que Eckart Tolle menciona no capitulo 05 do livro "Despertar de uma nova Consciência".

Com todo respeito, convertendo o amor como se fosse uma moeda de troca, em um território atemporal, ou seja, não reconhecemos os  perigos que envolve o universo adulto e os níveis de consciência no enredo grupal, dentro de uma perspectiva sistêmica, trazemos todas as exclusões, a condição da energia das dinâmicas que atuam a nível biológico e celular através das nossas memórias transgeracionais, está no nosso corpo. Foi então que a entendi que o amor não resolve tudo, que para o amor dar certo primeiro deve existir a ordem. Inclusive teve casos de mulheres que sustentavam seus homens não só financeiramente, mas o queriam nutrir e salvar a vida do homem que sentia-se ferido em sua dignidade, respondia o amor através de agressões físicas e torturas psicológicas, porque o homem estava em desordem com sua família de origem e principalmente com suas próprias questões com a mãe, expostas. Essa é a ordem da energia masculina, trás a semente da vida, ele é o guardão da semente da vida. Ele representa a segurança. Enfim, são minhas observações no contexto de relacionamentos, quando trazem esses comportamentos desafiadores no que diz respeito as heranças emocionais, que formam verdadeiras cicatrizes de guerra, no quesito relacionamento afetivo, em alguns momentos de minha juventude, me pareceu impossível estabelecer um vínculo de confiança com os homens. Tudo que vinha deles machucava, até tomar o amor era dolorido, não conseguia ver o carinho e atenção, o afeto deles como algo normal e espontâneo, estava sempre com o pé atrás.

Hoje depois de constelar os meus relacionamentos com a Mestre Olinda Guedes (https://sabersistemico.com.br/@olindaguedes), que vem como uma velha sábia, nos ensinar a encontrar o fio da meada em nossas vidas. 

Pude compreender que do mesmo modo que as mulheres são feridas os homens também são, no entanto, os homens sofrem por um tempo mais longo. Até buscar ajuda e desemaranhar sua trama emocional, os homens demoram pra pedir ajuda, no entanto por detrás de cada piada esconde a vontade de ser visto e aceito no grupo social. São diferentes de nós mulheres, do contexto psicológico. Eles desenvolvem outras rotas de fuga como, vícios, álcool, sexo, drogas e velocidade.

Eu fui então desenvolvendo uma grande compaixão pelos homens a o olhar para a história dos meus pais, fui percebendo que eles foram pegos de surpresa também, lidando com tantas compensações e neste aspecto foi acontecendo a minha cura, através do conhecimento fui vendo que cada um se doa a medida que pode. Ter encontrado homens feridos na minha jornada evolutiva ajudou-me a olhar para mim, a curar minha autoestima.

Na real, faz pouco tempo que eu sei que eu sou mulher, porque tempinhos antes das constelações era uma criança que implorava pelo colo do Pai...  não que eu deseje para todas as mulheres, porque cada um tem o seu destino, mas só nos desenvolvemos com o outro, os relacionamentos são a nossa grande chance de aprender a amar o próximo, pois no fundo estamos amando a nós mesmos, É a academia espiritual, se envolver é para os fortes, por isso que eu digo, se você que está lendo este meu relato e se identificou de alguma forma, olhe para suas questões familiares, você pode estar dentro de um ponto cego atraindo o padrão do barba azul, para sua vida, não existe dedo podre, existe temas existenciais, aguardando para serem dissolvidos dentro de você. No inicio tudo é lindo e maravilhoso, e na medida em que você entra emaranhado neste padrão, você vai compreendendo o real significado da expressão Cinquenta Tons Mais Escuros.

Entenda porque as mulheres sofrem violência domestica. Seus pais lhe deram a vida, para ser amada e não violada. Agora me lembrei de uma frase que um dia escutei de uma linda cigana, que quando dançava  ensinava e realiza suas curas:

-A fila anda, mas a catraca é seletiva.

Débora Pereira de Carvalho


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