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A maldição e a benção do Coronavírus

A maldição e a benção do Coronavírus
Simone Belkis
mar. 31 - 5 min de leitura
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Como sempre, estou aqui fazendo minhas reflexões a respeito de tudo. Confesso que, às vezes, nem eu me aguento. Mas, é que nessa vida me tocou aprender assim, internamente.

Por isso, e por algumas outras razões, isolar-me até que não foi difícil. Sempre fui muito de ficar na minha mesmo. Embora o fato de simplesmente não poder sair, já faz a gente rebelde querer dar só uma passeadinha. Não fui, estou na #fiqueemcasa, mesmo!!!!!

Mas, tenho observado, nas redes sociais, o quanto dá para perceber os comportamentos vários. Tem de tudo. Pessoas com medo real, com medos imaginários, revoltadas, assustadas, conformadas, indignadas e pelos mais variados motivos, não é só por causa do vírus, mas principalmente, pelas consequências que ele vem trazendo para a vida de cada um, isso mesmo, é importante frisar, para a vida de cada um.

Tudo bem que esse é o maior evento coletivo que já tive a oportunidade de viver (e bem que essa eu passaria sem dúvida). Acredito que não tenha havido um ser humano se quer, pelo menos dos que vivem em comunidades, que não tenha sido tocado (para não dizer logo atropelado) por esse mega evento. 

Mas, como está todo mundo falando das implicações externas de tudo isso, o meu pitaco vai se referir às questões internas. Vamos a elas, que esse papo "tá" ficando comprido.

Primeiro, isso está meio que parecendo as 5 fases do luto. Começou com a Negação, tipo: " - Isso não acontecerá comigo, eu não estou passando por isso, comigo não, violão". Essa fase foi externada na dificuldade de convencer o povo a ficar em casa.

Agora, creio eu, que boa parte está na fase da Raiva, buscando culpados, xingando a mãe, reclamando de tudo, pensando só nos seus próprios umbigos, fazendo piadas infelizes ou rosnando para todo mundo. Alguns já chegaram na fase da Barganha, pedido a Deus, fazendo promessa, corrente de oração (nada contra, só acho que a Lei da Atração vai trazer um pouco mais do mesmo, nos casos de desespero). Pelas postagens de algumas pessoas, já se chegou também um pouco na fase da Depressão, agravada pelo isolamento forçado. Obviamente, que ainda não chegamos na fase da Aceitação, pois que muita gente jamais irá  compreender o verdadeiro significado desse evento. 

A maldição do Coronavírus, e isso é meu ponto de vista, está em expor o despreparo que todos nós temos em enfrentar a vida real. Porque ser responsável por si mesmo é algo muito complexo, nem mesmo nossa cultura nos ensina a fazer isso, para entender basta olhar as novas gerações. E isso tem ajudado a levar muitas pessoas direto para a morte.

Outro ponto, é expor as falhas e conveniências da economia mundial, mostrando que dessa vez nem quem está por cima "da carne seca" escapa. Afinal, para que rios de dinheiro se não pode nem pôr o nariz para fora da porta? E claro, sem deixar de tocar no triste tema da quebra dos sistemas de saúde e de trabalho em muitos lugares.

Mas, na minha opinião, o ponto crucial é ver a falta de integração* entre as pessoas, já que não é mais uma questão de classes, grupos, etnias, é de indivíduo para indivíduo mesmo. Sempre foi muito difícil para o ser humano colocar-se no lugar do outro, até porque a gente só consegue entender aquilo que nos toca diretamente, e o triste é ver que ainda assim, as pessoas continuam (não todas, é claro) orbitando seus próprios Universos. Você poderá perguntar: "- Do que você está falando? As pessoas têm se ajudado um monte". E sim, é verdade. Mas, e os conflitos internos, as relações familiares, a solidão odiada a que o vírus nos está expondo? Afinal é muito difícil mesmo, olhar para os nossos, sendo obrigados a estar com eles, porque não tem outro jeito ou até para nós mesmos, que não suportamos nossa própria companhia.

Agora, a benção do Coronavírus está justamente em ter e aproveitar a oportunidade de rever tudo isso. Olhar para cada ser humano como algo único a ser admirado, respeitado. A rever a própria vida e fazer o tão necessário exame de consciência, de que a vida é curta e precisamos vencer nossos medos. Ter e aproveitar a oportunidade de participar mais da vida política, exigindo direitos e cumprindo deveres, aprender novas formas de ganhar a vida, acompanhar as tecnologias, e claro, dar a elas o devido lugar, de servir ao humano e não se servir dele. 

Eu acho que no final, como sempre, ficaremos bem. Mas, ainda melhor ficaremos se não jogarmos fora a chance que Deus (ou o nome que se queira usar) está nos dando de sermos mais humanos do que nunca fomos antes. Que a vida vença mais essa vez.

* Esse texto pode esclarecer melhor o que entendo por integração entre as pessoas: https://sabersistemico.com.br/blog/autoconhecimento-qual-o-caminho-lhe-leva-ate-la

 


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