Uma criança, ao nascer, não é uma tabula rasa: nasce com muita história, se insere no campo de vida de sua família e é capaz de perceber e sentir nele, sem nenhuma consciência disso, toda a rede de energias que está ao redor dessa atmosfera, nesse espaço que poderíamos chamar de "alma familiar", "mente sistêmica" ou "campo de ressonâncias afetivas".
E dessa alma, dessa rede, a criança recebe influências e vivências, tanto aspectos positivos que lhe dão força e a impulsionam a prosperar como aspectos negativos, vivências que não foram resolvidas na época certa e que a enfraquecem ou depreciam.
Por isso digo que, quando dois se unem, unem-se muitos outros juntos: todos os membros dos sistemas de ambos, como uma grande assembleia.
A conquista mais profunda se dá quando cada membro do casal consegue aceitar a si mesmo com toda a sua história e seu sistema de precedência, e também ao outro, com todo o seu sistema, assentindo ao todo de ambos com respeito.
E quando digo o todo, incluo o doloroso, o cruel, o ruim, o difícil, o miserável, o secreto, o desajustado, tudo aquilo que doeu ou que fez mal, porque tudo isso faz parte e é nutriente necessário para chegar onde estamos e para levar ao nosso lado nosso companheiro.
Muitas pessoas competem com o parceiro para demonstrar que sua família, ou sua história, foi pior ou melhor que a do outro, coisa que sem dúvida provoca conflitos, porque costuma acentuar a lealdade ao próprio sistema."
Joan Bacardi Garriga
Débora Carvalho