Amo rosas, mas não gosto delas fora do pé. Se estão avulsas o perfume que me inebriava, enjoa. Acho que descobri porque...
Eu tenho uma amiga que chamada Rosa. Hoje ela é uma estrelinha. Lembro tanto dela, da rua que eu acessava para ir à sua casa...
Acho que estudávamos juntas, não lembro bem, mas me recordo do semblante dela, da casa em que morava, do pai dela.
Ele, como o meu, bebia muito e ia dormir e, nos domingos à tarde. Quando a mamãe ia ao culto na igreja, eu corria para a casa da Rosa para papear, rir... até o pai dela acordar.
Aí eu saía voando para a minha casa.
Eles, como eu, moravam em uma casa de cômodo e cozinha, com um banheiro externo, mas tinham um fogão a lenha.
Ela parecia uma indiazinha de rosto singelo, pinta preta grande perto da boca, pele lisinha, linda. Um bocão de lábios rosados grossos e aqueles cabelos pretos, longos, lisos. Um sonho.
Bela menina Rosa! Não sei como a conheci, não lembro quando nós nos perdemos uma da outra e nem porque, mas nunca te esqueci.
Faltava a sua mãe, uma estrelinha... nós podíamos chorar juntas. Você não tinha a sua mãe e eu não tinha a minha (apesar dela estar viva).
Seu pai te chamava para dentro de casa, o meu nem percebia que eu tinha saído.
Quanto choramos e rimos juntas!
De onde você surgiu? Onde te conheci?
Você sempre esteve e estará em mim. Até te vejo agora...Linda!
Lembro também da primeira morte que eu vivi de perto, da vovó paterna Ana Rosa Jesuina. Minha índia bugre, meu doce!
No velório dela eu tive enjoos por causa do perfume das tantas lindas rosas vermelhas que haviam. Fiquei até agora sem me aproximar das rosas vermelhas que tenho no meu quintal.
Hoje vejo a senhora vovó! Hoje entendo!
Antes da vovó partir você me mostrou a amizade, amiga Rosa!
Entendi porque é difícil lembrar de você Rosa.
Gratidão!