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BELINHA E O PAPAI DO CÉU

BELINHA E O PAPAI DO CÉU
Isabel Felipe
jul. 9 - 8 min de leitura
010

 

Belinha era bem pequenininha... cheia das suas fantasias. E um dia ela andando pelo o jardim, fazendo as suas peraltices, viu dois novos coleguinhas da vizinhança passando em frente de sua casa: o Francisco e a Joana.

"- Oi!"

"- Oi... Onde vocês estão indo?"

"- Nós estamos indo para a escola... E você, Belinha?"

"- Ah... eu tô brincando aqui... Eu adoro pegar as borboletas com a mão e vê-las voarem assim..."

"- Você não tá machucando ela, Belinha?"

"- Não tô não..."

"- Ô, Joana... ô Francisco, porque vocês estão indo pra escola com essa bolsinha de arroz?"

"- Como assim bolsinha de arroz?"

"- É... Você está com seu livro, seu lápis, seu apontador... Ô Francisco e Joana, por que vocês tem assim só uma bolsinha?"

"- Ah... é porque meu pai não compra pra nós, Belinha."

"- Como assim?"

"- Ah, eu não sei... Quando a gente vai na escola, a gente vai assim ó: a gente leva no pacote de arroz um caderno pra cada um, um lápis pra cada um e uma borracha e um apontador pros dois."

"- Mas o pai de vocês não pode comprar, Francisco e Joana?"

"- Não! É que meu pai... Ele... É assim o jeito dele, fazer o que?"

"- Você fica triste João? Quis dizer, Joana?"

"- Ai, Belinha... você ia me chamar de João?"

"- Ah, desculpa... É que eu tô aqui pensando no Joãozinho... Falando nisso, olha lá o Joãozinho lá em cima... Olha lá! O Joãozinho e a Maria, eles têm bolsa."

"- É, Belinha... Mas eu e o Francisco, é assim, se nós quisermos estudar."

"- Eu também notei que está frio e vocês estão com shortinho curto, chinelinho de dedo, blusinha bem pequenininha, simplesinha assim... Só um casaquinho de flanela..."

"- Sabe, Belinha... Meu pai, ele é bonzinho... E a minha mãe também... Mas ele fala que tem que guardar dinheiro, que é porque a gente não sabe o que vai acontecer..."

"- Ai, credo! Meu pai não é assim não!"

"- É Belinha? O que é que teu pai é?"

"- Meu pai falou que quando eu for pra escola, ele vai comprar livros, cadernos... Tudo bonitinho... Mas eu tenho que ser bem boazinha... Mas eu não sei não, Francisco e Joana... É que eu faço tantas artes."

"- Ah, você faz, por que a gente é criança, né?"

"- Sim!"

Nisso, passa Joãozinho e Maria:

"- Oi!"

"- Oi!"

"- Oi, Joãozinho! Oi, Maria! Oi, Joana! Oi, Francisco!"

"- Mas por que você está falando assim, Belinha?"

"- Ai, é que de repente eu fiquei imaginando... Vem cá, vem cá! Sabe?! Guarde isso nas suas cabeças: um dia, quando eu crescer, eu vou ficar muito, muito, muito rica!"

"- É, Belinha?"

"- Por que você está falando isso?"

"- É porque eu fiquei olhando pra vocês sem bolsa, sem os caderninhos... e eu pensei assim, que eu vou crescer e vou ser muito rica... E aí eu vou lembrar de você, Joana... E vou lembrar de você, Francisco."

"- Mas por que está falando isso, Belinha?"

"- Porque eu vou ajudar as crianças... Sabe o que é que eu vou ter? Eu vou ter uma Instituição, onde eu vou poder levar todas as coisas que precisam, pra crianças não sofrerem assim... Ah! Mas vocês são felizes, né? E seus pais são tão bonzinhos, né?"

"- Ah! Eles são... Eles são! Eles não brigam com a gente..."

"- Ah, sabe, Belinha?! Você tem religião?"

"- Ah... não tenho! Religião o que é?"

"- É aquele lugar onde a gente vai e reza..."

"- Ah, sim, sim..."

"- Aí meu pai ensina a Bíblia, fala de Deus pra gente..."

"- É..?!"

"- E você, Belinha?"

"- Ah! Meu pai e minha mãe, toda noite coloca eu pra orar..."

"- Orar? Mas na sua religião não ora, Belinha."

"- Ah, mas isso não é assunto de criança, né?"

"- É..! Meu pai ensina a gente orar."

Aí o Joãozinho, a Maria, o Francisco e a Joana ensinaram Belinha a orar... Mas ela falou assim:

"- Ai que lindo! Mas o papai e a mamãe põe eu pra orar uma oração então: Santo Anjo do Senhor, meu zeloso guardador. Se a ti me confiou na piedade divina, sempre me rege, me guarde, me governe e me ilumine. Amém!"

"- Nooossa, Belinha... Que lindo, Belinha! Nooossa! E o que você pede na hora que vai dormir?"

"- Ah... eu peço sempre pra Deus, que quando eu ficar grande, me deixe com muito, muito, muito dinheiro..."

"- Mas muito dinheiro pra que Belinha?"

"- Porque eu quero ajudar as crianças, eu quero comprar roupas de frio, eu quero comprar alimentos..."

"- Nossa, Belinha... Você é tão novinha e pensa assim?"

"- É que sempre escuto o papai e a mamãe falando que quem ajuda os pobres, empresta à Deus e vai pro céu."

"- Nossa, Belinha... Mas hoje você tá muito adulta, Belinha! Você trocou todas as suas peraltices..."

"- É que veja só Joãozinho, Maria, Francisco e Joana: a gente também tem que parar pra pensar nas coisas sérias que os adultos falam. Eu faço peraltice, eu faço muita arte, mas eu, no meu coração..."

"- E com quem você fala? De onde você aprendeu tudo isso?"

"- Ahhh... O meu amor, né? Vocês sabem quem é o meu amor maior, né?"

"- Ahhh.. seu vovô!

"- Claro! O vovô José. E ele sempre fala que criança boazinha vai pro céu."

"- Vai pro céu como, Belinha?"

"- Ah... um dia a gente cresce e um dia a gente tem filhos, tem tudo... E um dia, do jeito que a gente nasce, também Deus vem pra buscar a gente pra vida eterna."

"- Nooossa, Belinha! Hoje você tá assim falando tanto de Deus..."

"- É que hoje, na nossa casa teve reflexão... Eu vi papai e mamãe falando que eles estavam refletindo sobre a vida... Falando das crianças que tem que ajudar... E meu papai falou que a coisa melhor do mundo, pra quando a gente... Na verdade a palavra é morrer... Quando a gente morrer, tudo o que a gente faz de bom aqui nessa vida, a gente vai pro céu junto com os anjinhos... Por isso que eu rezo toda noite o 'Santo Anjo'. E vocês?"

"- Ahhh... Lá em casa a gente reza o "Pai Nosso".

"- E vocês: João e Maria?"

"- A mesma coisa! E aos domingos, todos os domingos o papai leva nós pra Igreja."

"- Ah, meu pai também!"

"- É, Belinha?"

"- É... Ah, vocês já esqueceram? Então vamos fazer assim... Vamos combinar uma coisa agora: Agora já falamos da nossa vida de criança... Vamos dizer pra Deus que nós somos muitos felizes..."

Então, Belinha chama todos os seus amiguinhos para fazer uma oração e diz:

"- Vamos orar e vamos rezar, né?"

"- Então vamos!"

"- Papai do céu, protege o João e a Maria, que está indo pra escola... E protege a Joana e o Francisco. Não deixe nada de ruim acontecer. Ah, papai do céu... Que eles tirem também boas notas..."

"- Belinha, pensa que eu não sei? Eu ouvi sua mãe falando que você não estuda, que você é preguiçosa?"

"- Não pode não, João! Não pode não, Maria! Não pode não, Joana! Não pode não Francisco! Vocês têm de tirar boas notas... Valorizar o trabalho que o vosso pai têm, pra comprar os seus caderninhos..."

"- Ai pronto, Belinha! Lá vem você com a sua imaginação!"

"- Vamos embora, gente?"

"- Vamos!"

"- Vamos!"

"- Tchau, Belinha!"

"- Tchau, Joãozinho!"

O vovô de Belinha a chama:

"- Já vou, vovô! Tchau, meninos... Tchau... Boa escola!"


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